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OPINIÃO

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Brasileiros distantes, argentinos com o povo: diferenças de ídolos no Qatar

Os ex-jogadores Batistuta, Sorín, Cambiasso, Crespo e Zanetti na Copa do Qatar - Reprodução/Instagram
Os ex-jogadores Batistuta, Sorín, Cambiasso, Crespo e Zanetti na Copa do Qatar Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

04/12/2022 14h16

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A identificação com o seu torcedor, com a sua sociedade e com o seu povo depende muito da manutenção da sua raiz.

Estou falando dos ídolos do futebol mundial nos dias de hoje, principalmente aqueles que defendem suas seleções.

Não vou tentar comparar épocas ou ídolos de muitos países. Vou só pegar brasileiros e argentinos, de acordo com que estou vendo aqui no Qatar.

Primeiro, a seleção argentina é muito próxima e tem muita identificação com seus torcedores, tanto os que estão aqui dando um show quanto aqueles não vieram.

E isso não significa que estão livres de críticas e cobranças. Mas vejo a cada jogo, o tempo todo, uma torcida argentina participativa.

Vejo também ídolos argentinos junto com os torcedores nas cadeiras dos estádios, cantando e vibrando, porque são como eles. Juan Pablo Sorín, Hérnan Crespo, Gabriel Batistuta, Esteban Cambiasso e Javier Zanetti, todos com passagens por grandes times da Europa e que disputaram mais de uma Copa, estão junto da torcida, apoiando a seleção.

Enquanto isso, os nossos ex-jogadores estão sentados ao lado dos dirigentes da Fifa e de autoridades do Qatar, colocando-se como se sentem, ou seja, diferentes do povo e do torcedor brasileiro.

Os brasileiros não se misturam, enquanto os argentinos nunca deixaram de ser torcedores. Existem vídeos e imagens rodando a internet com ex-jogadores argentinos que são de emocionar. E também existem vídeos e imagens de ex-jogadores brasileiros que chocam pela arrogância e pela distância que se colocam do nosso povo.

Kaká, Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo assistem Brasil x Suíça na Copa do Qatar - Robbie Jay Barratt - AMA/Getty Images - Robbie Jay Barratt - AMA/Getty Images
Kaká, Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo assistem Brasil x Suíça na Copa do Qatar
Imagem: Robbie Jay Barratt - AMA/Getty Images

Os nossos ex-jogadores foram campeões do mundo em 2002; os deles, não ganharam nada com a seleção argentina. Os nossos se sentem superiores ao povo; os deles, se sentem parte.

Talvez tenhamos esse clássico sul-americano cheio de rivalidade na semifinal da Copa, caso as duas seleções passem por seus adversários.

Se chegarmos, chegaremos com a arrogância dos atuais e dos ex-jogadores brasileiros. Enquanto eles levarão a unidade dos atuais e dos ex-jogadores com o torcedor argentino.

Os jogadores brasileiros, a convite do Ronaldo Fenômeno, foram na folga comer churrasco banhado a ouro. Os argentinos, em períodos de descanso, focam na Copa.

Os jogadores brasileiros foram poupados contra Camarões, e perdemos por estarem no limite do desgaste físico (de acordo com o que disse o Tite na coletiva). Já os argentinos jogaram todas as partidas (só com alterações técnicas e táticas) e já estão nas quartas de final.

Só fiz uma comparação de comportamento de ídolos, mas isso não significa que uma seleção tem vantagem sobre a outra, ou uma será campeã e a outra não por causa disso.

Quero deixar claro que não estou cobrando um comportamento igual entre brasileiros e argentinos. Cada pessoa faz o que quer, mas quis mostrar a diferença entre os ídolos dois dois países.

O comportamento humano me interessa. E, de umas décadas para cá, a soberba do nosso futebol alcançou patamares doentios.

Só quis escrever sobre isso porque a imagem dos ex-jogadores argentinos com os ex-jogadores nossos, como Kaká, Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo são completamente conflitantes de verdade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL