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Messi x Modric é muito maior do que Argentina x Croácia

Messi e Modric na Copa de 2018: na fase de grupos, vitória para os croatas por 3 a 0 - Gabriel Rossi/Getty Images
Messi e Modric na Copa de 2018: na fase de grupos, vitória para os croatas por 3 a 0 Imagem: Gabriel Rossi/Getty Images

Colunista do UOL

13/12/2022 09h01

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Terça-feira, 13 de dezembro de 2022. Dia da primeira semifinal da Copa do Qatar, aqui em Doha: Argentina x Croácia.

Dois times completamente diferentes no modo de jogar, na dinâmica que preferem, na intensidade que gostam de colocar no jogo. Mas acho que a diferença maior está entre os dois craques camisas 10 de cada seleção.

Sou fã dos dois, mas vou começar falando do Modric. O croata é genial em controlar o jogo, com passes perfeitos. Normalmente consegue ditar a dinâmica e isso levou a sua seleção a ser vice-campeã em 2018 e estar agora na semifinal.

Já faz anos que ele é imprescindível não só para a Croácia, mas também para o clube mais vencedor da história do futebol mundial, o Real Madrid. Mesmo com as renovações do time espanhol, ele sempre fica.

Facilita para todos os seus companheiros, porque toca e aparece. Com o Modric em campo, nenhum jogador do time fica sem opção. Porque ele sempre está para receber a bola, em qualquer situação.

É um meio campo difícil de se achar hoje em dia, em qualquer lugar do mundo, porque pode desequilibrar uma partida em qualquer momento, fazendo um lançamento, uma enfiada de bola achando e deixando o seu atacante na cara do gol. É um jogador criativo e com uma inteligência futebolística muito acima da média.

Fora que demonstra a sua importância dentro da sociedade mundial. Demonstrou ter empatia e muito carinho quando foi até Rodrygo, depois da eliminação do Brasil, chamando-o de "meu filho" e dizendo para levantar a cabeça, porque no futebol isso acontece com todos os grandes jogadores.

Modric fez, aliás, a função que deveria ter sido do sr. Adenor (Tite), que abandonou o garoto e todos em crise de choro de campo.

Mas ele não se omite das suas responsabilidades de verdadeiro líder da seleção croata, como bater e fazer o seu pênalti contra o Brasil, sem ficar esperando ser o último para ser o herói.

Foi o melhor jogador da Copa da Rússia em 2018 e, caso a sua seleção chegue à final novamente, vira um forte candidato.

Messi veste uma camisa 10 histórica, principalmente em Copas, porque nos dois títulos da Argentina, os jogadores que vestiram essa camisa foram determinantes.

Mário Kempes foi o líder técnico e artilheiro no título em 1978. Já Diego Armando Maradona foi um dos maiores gênios que apareceram no futebol em todos os tempos. Está no andar da prateleira logo abaixo que do Rei Pelé. Ganhou a Copa de 1986 com a sua seleção de uma forma maravilhosa, com gols espetaculares, apesar daquele com a mão.

Messi está na sua quinta Copa, só chegando na final de 2014, no Brasil, quando foi o melhor da competição (mas foi uma escolha discutível).

Aqui no Qatar, está dando show. Honrando a camisa 10, partindo para cima, fazendo gols e dando passes geniais, como foi no gol do lateral Molina, o primeiro contra a Holanda nas oitavas.

É a sua última Copa, e está super focado em ganhar o título que lhe falta e ser, merecidamente, o grande jogador deste Mundial e da sua geração.

Acho que Messi deixou o Cristiano Ronaldo para trás nessa Copa. Infelizmente, para o português, sua seleção foi eliminada e ele não foi importante como poderia ter sido, por estar na pior fase da belíssima história no futebol.

O argentino veio com tudo, mesmo que a sua seleção não esteja nem perto das grandes seleções argentinas. Mas, com o passar do tempo, assumiu a liderança do time em todos os sentidos.

Já fez passes mágicos, mas também provocou adversários. Já fez gols importantes, assim como disse frases que ficarão para a história, mesmo tendo sido injusto com o jogador holandês que só queria a sua camisa por ser fã.

"Qué miras, bobo?" já está em camisetas, em canecas e até tatuagem virou.

Esse é o Messi argentino, e não espanhol. Um Messi verdadeiramente sul-americano, e não casualmente europeu.

Não preciso dizer nada sobre a sua genialidade, mas da sua nova identificação com a torcida e o povo argentino. Pode ser até que seja momentânea, caso a sua seleção seja eliminada. Mas também pode ser uma conquista histórica em todos os sentidos. Ganhar a Copa do Mundo e o povo argentino, na mesma competição.

Está exposto esse grande confronto: Messi x Modric é muito maior do que Argentina x Croácia.