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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Que emoção ver Messi em dia de Maradona e o jogo exuberante da Argentina!

Colunista do UOL

13/12/2022 19h21

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Que privilégio estar no Lusail Stadium, aqui em Doha, para assistir a esse jogo entre Croácia x Argentina.

No primeiro tempo, a equipe liderada por Messi sofreu com o toque de bola croata, mas logo acelerou o jogo, colocou uma intensidade e uma dinâmica diferentes do que a Croácia está acostumada a jogar, e dominou a partida.

Esse garoto Julián Álvarez, o camisa 9 da Argentina, é um espetáculo, e talvez seja o melhor jovem dessa Copa, como foi o Mbappé em 2018. Se posicionou num espaço deixado pela ótima zaga croata e saiu na cara do gol: pênalti feito pelo grande goleiro croata, que o camisa 10 Messi marcou. Batendo sério, forte, alto, afinal de contas, estava diante do melhor goleiro da Copa até agora, principalmente nos pênaltis.

Minutos antes, o Messi havia feito uma jogada pela direita do ataque e colocou a mão no posterior da coxa. Fiquei observando. Ele parou de se movimentar um pouco. A dúvida era se tinha sido muscular ou uma pancada, mas de repente ele pegou na bola e já saiu em velocidade driblando. Aqui perto de mim todos fizemos "Ufa!".

Afinal de contas, ele está jogando muito, e sem ele o espetáculo que é o futebol de Copa do Mundo perderia muito.

Pouco tempo depois, o Messi caído deu o toque e o garoto Álvarez pega a bola no seu campo ainda e vai até a cara do Livanovic para marcar o segundo da Argentina. Golaço!

Os hermanos estão jogando muito e depois desse gol tomaram completamente conta da partida.

A Croácia estava para ser nocauteada quando tocou o "gongo" e o primeiro tempo acabou. Show de Messi e Álvarez!

Só para deixar claro que o trabalho do Scaloni no primeiro tempo foi ótimo, deixando o seu time com duas linhas de quatro quando defendia, e liberando Messi e Álvarez como os dois atacantes, sendo que o camisa 9 também voltou muitas vezes para combater.

Com pouco tempo na segunda etapa, uma frase foi repetida por muitos: "O Messi está jogando demais!".

Sabendo que seria a sua última Copa, veio como um verdadeiro argentino para o Qatar. Gênio da bola sempre foi, mas provocador é uma faceta argentina que não conhecíamos ainda, até porque isso sempre foi o maior problema da relação dele com o povo argentino.

A Argentina chegou ao seu terceiro gol com uma jogada do Messi para ficar para a história das Copas do Mundo, com o camisa 9 Álvarez fazendo o seu segundo na partida.

Messi está jogando como Maradona. Não tenho dúvida alguma que dom Diego, lá de cima de Monte Olimpo, morada de 12 deuses gregos e um Deus argentino, está aplaudindo e girando a camisa da sua amada seleção. Estamos conhecendo nessa Copa dom Lionel, também um Deus da bola, e não mais um gênio.

Presenciei uma partida exuberante da Argentina, fortalecida pela não menos exuberante torcida de fanáticos e apaixonados argentinos, que cantaram o jogo todo.

Um momento emocionante foi a substituição de Modric, um jogador formidável, um cara diferente dentro do futebol. Um cidadão do mundo, que demonstra ter empatia o tempo todo. Modric é muito respeitado por todos simplesmente porque respeita as pessoas.

Podemos dizer tranquilamente que essa semifinal foi decidida não só nos gols, mas na forma tática e na personalidade da seleção argentina.

Messi foi um monstro, mas todos os outros jogaram demais. E, talvez, tenha sido a melhor partida de uma seleção desde o começo da Copa, porque atropelou uma seleção croata difícil de ser derrotada e de tomar gols.

A Argentina chegou novamente a uma final de Copa do Mundo, depois de apenas oito anos, enquanto nós, brasileiros, estamos há 20 anos sem nem chegar perto disso.

Além disso, ganharam a Copa América no Brasil, em 2021, e poderão ser campeões mundiais em 2022.

Sinto muito dizer, mas estamos ficando cada vez mais distantes das grandes seleções mundiais. Os argentinos nos passaram em alta velocidade, e não tenho receio algum de dizer que a melhor seleção da América do Sul são eles, e não mais a gente.

Vamos ter que engolir isso, e se a CBF não fugir das escolhas influenciadas por antigos jogadores e treinadores, demoraremos uma eternidade para voltarmos a ser competitivos.

O futebol apresentado pela seleção do técnico Scaloni é infinitamente melhor do que tudo o que jogou a seleção do Tite. O treinador deles é argentino porque são ótimos nesse momento, e nós não temos nenhum perto do conhecimento deles.

Brasileiros e brasileiras, estamos no fundo do poço, futebolisticamente falando.

E torço para a Argentina ser campeã, sim!

Messi encontrou o futebol que fez Maradona ser amado pelo seu povo. São personalidades e pessoas com ideias diferentes, mas com a bola nos pés, estão no mesmo lugar alto da prateleira.