Topo

Casagrande

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Alguns jogadores invadem o corpo do outro como se tudo fosse permitido

Colunista do UOL

20/01/2023 20h35

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Temos mais um jogador de seleção brasileira sendo acusado seriamente de crime sexual.

Daniel Alves é um cara arrogante, prepotente, e que vive numa soberba enorme.

Sempre se comportou com um ar de superioridade com os outros.

O assunto ainda está sob investigação e não nos permite tirar conclusões antes da Justiça, mas o fato é que quando uma pessoa se comporta dessa maneira, acha que pode tudo, por se enxergar como um ser humano mais importante que o outro.

Os casos de assédios começam dessa maneira, ou seja, com uma imposição masculina de poder sobre a mulher.

Pode ser o diretor da empresa ou de um filme, o produtor de cinema, uma figura famosa de qualquer área, ou um jogador de futebol.

Na minha percepção, essas últimas gerações têm o cacoete da carteirada, que é praticada com frases que mostram totalmente a arrogância dessa turma. São coisas como:

Quem é você para falar de mim?

Jogou onde?

Ganhou o quê?

Sabe quem eu sou?

Você sabe com quem está falando?

Esse é um repertório pronto para configurar qualquer tipo de assédio. Quem fala isso está tentando desclassificar a outra pessoa e impor uma superioridade que julga ter sobre o outro.

O Daniel está preso, sem direito a fiança.

Isso é grave, porque seria a princípio uma acusação. Então por que ser preso?

Quais informações a mais a Justiça catalã teria para tanto?

Sabemos que o Puma, time pelo qual jogava, no México, já rescindiu seu contrato.

Não estou julgando, porque seria leviano da minha parte, mas gostaria de destacar o tipo de personalidade que aparece em episódios como esse.

Vejamos o caso do estuprador Robinho.

A Justiça italiana tinha, aparentemente, muito mais provas contra ele do que a espanhola tem contra o Daniel. Tinha gravações, diálogos comprometedores e testemunhas. Mesmo assim, não pediu a prisão e o Robinho, como todo covarde, fugiu do país para transitar livremente por aqui.

Talvez a Justiça de Barcelona não queira cometer erro igual ao da italiana, mesmo que o caso do Daniel ainda esteja na etapa das investigações.

Os vídeos das câmeras da boate onde o Daniel estava com a garota mostram imagens estranhas, como ele entrando no banheiro logo atrás dela.

Depois de 15 minutos, segundo o jornal espanhol "El País", ele sai do banheiro e vai embora da casa noturna. Ela sai depois e vai ao encontro das amigas e aparece chorando.

Não há imagens de câmeras nos banheiros. Então, as análises são interpretativas, com base nas ações deles.

Ele negou qualquer violência desde quando o caso se tornou público. O próprio Daniel, certamente orientado por advogados, apresentou-se espontaneamente à Justiça para depor, e acabou algemado e preso.

Mas por que tantos jogadores de futebol aparecem envolvidos com casos de violência sexual nos últimos anos?

Será que os jogadores vão se unir para mostrar solidariedade ao "Dani"? Só quero ver quem será o primeiro a postar um apoio do tipo: "Tamo junto, moleque".

Vamos esperar as investigações avançarem, mas uma coisa é real: de uns tempos para cá, o comportamento de alguns jogadores brasileiros mostra distorção dos valores e princípios do ser humano.

Eles perderam a noção de espaço entre pessoas comuns e invadem o corpo do outro como se a eles tudo fosse permitido.

Afinal, você sabe com quem está falando?