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Jogadores do United ensinam brasileiros como se deve tratar caso de estupro

Jogadores do Manchester United se posicionaram contra a volta do Greenwood ao clube por ser acusado de violência sexual e estupro - Oli SCARFF / AFP
Jogadores do Manchester United se posicionaram contra a volta do Greenwood ao clube por ser acusado de violência sexual e estupro Imagem: Oli SCARFF / AFP

Colunista do UOL

05/02/2023 15h27

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Hoje tirei o dia para assistir a Premier League, mas o que eu quero destacar é uma situação que eu cobro há anos aqui no Brasil e muitos me criticam por isso.

Jogadores se unem contra mim sempre que toco nesse assunto.

Os jogadores brasileiros não se manifestam para nada nem mesmo quando o caso é de estupro.

Por que voltei nesse assunto? Simples: os jogadores do Manchester United se posicionaram contra a volta do Greenwood ao clube por ser acusado de violência sexual e estupro, conforme matéria do "The Sun".

Detalhe: a promotoria inglesa retirou as acusações na última semana, mas mesmo assim o clube ainda não definiu o que irá fazer com ele.

Ele foi preso em janeiro de 2022 e foi liberado depois dos depoimentos, mas em outubro foi detido novamente por ter se aproximado da vítima.

A Nike cancelou o contrato pessoal que tinha com ele e o FIFA 22 retirou a sua imagem do jogo.

Os jogadores alegaram que a sua presença pode fazer mal ao vestiário, mesmo com as acusações retiradas.

Não vou fazer o papel de juiz e julgar se estão certos ou errados devem ter os seus motivos além do vestiário para não quererem mais ele no grupo.

Por aqui, os jogadores estão calados até hoje sobre o caso Robinho, que é bem diferente e grave do que o do jogador inglês Greenwood.

O Robinho é condenado a 9 anos de prisão na Itália por estupro coletivo de vulnerável. Pior: tem jogadores que se encontram com ele, tiram foto sorrindo, se divertindo e ainda postam nas redes sociais.

O seu ex-empresario Wagner Ribeiro declarou na entrevista com meu amigo Benjamin Back que coloca as duas mãos no fogo por ele.

Não tenho nada contra o Wagner, sempre que estivemos no mesmo lugar me tratou com muito respeito, mas não pode dizer uma coisa dessas para um cara que já foi condenado.

Alguém pode dizer que coloca as mãos no fogo por alguém quando ainda está sendo investigado um suposto crime.

Porque, no caso do Robinho, o Wagner está desconfiando da definição da justiça italiana.

Dizem que tem uns clubes interessados nele. Sinceramente não acredito, porque será um desrespeito a todas as mulheres, principalmente às que sofreram algum tipo de violência sexual.

A presença do Robinho num clube não traria nada de bom, muito pelo contrário: entraria na mira de muitos críticos homens e mulheres. E eu me incluo nesse grupo que ficaria indignado.

Os jogadores brasileiros que jogam aqui e pelo mundo afora nunca se posicionaram — e nem sei se farão — nesses casos.

Todos calados em relação ao Robinho e também no caso Daniel Alves.

Lá na Espanha tem um movimento das pessoas de Barcelona na porta do presídio cobrando justiça e que o Daniel não seja solto até o julgamento.

Voltando à questão do posicionamento dos jogadores do Manchester United, acho que pensaram nas famílias, nas torcedoras e, claramente, neles mesmos, porque o ambiente ficaria contaminado mesmo.

Como tratar e conviver com alguém que foi preso por suposto estupro mesmo com a promotoria inglesa retirando as acusações?

Sinceramente não sei. É uma marca muito negativa na vida de alguém.

Aredito que a atitude dos jogadores está sendo mais para mostrar que o futebol não aceita jogadores que cometem crimes sexuais. Mas, por enquanto, essa postura do Manchester United é um caso isolado.