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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Minhas lembrancas dos clássicos de hoje do Paulistão

Casagrande comemora gol do São Paulo em capa da revista Placar - Arquivo pessoal
Casagrande comemora gol do São Paulo em capa da revista Placar Imagem: Arquivo pessoal

Colunista do UOL

12/02/2023 15h04

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Hoje (12) acontecem dois clássicos do futebol paulista que me trazem ótimas recordações, principalmente o que acontecerá no Morumbi, às 19h (de Brasília).

São Paulo x Santos

Em 1984, quando eu estava no Tricolor, fizemos uma partida espetacular contra o Peixe, que seria o campeão paulista daquele ano. Foi o melhor jogo do São Paulo naquele ano.

O campeonato de 1984 foi por pontos corridos, o Santos era o primeiro colocado e estava invicto ainda no torneio.

Era a 16ª rodada, e nós estávamos na cola deles na tabela.

O ótimo treinador Cilinho escalou a equipe da seguinte maneira:

1. Barbiroto
2. Fonseca
3. Oscar
4. Darío Pereira
6. Nelsinho
5. Zé Mario
8. Eu
10. Pita
7. Geraldo
9. Careca
11. Sidney

O Santos era treinado pelo também ótimo treinador e ex-goleiro Castilho, que esteve em quatro Copas do Mundo (1950/54/58/62), que escalou o seu time assim:

1. Rodolfo Rodrigues
4. Chiquinho
2. Márcio Rossini (depois Fernando e depois Toninho Oliveira)
6. Toninho Carlos
3. Gilberto
8. Paulo Izidoro
10. Humberto
5. Lino
7. Gersinho
9. Serginho
11. Zé Sérgio

O nosso primeiro tempo foi arrasador e fizemos 1 a 0 logo no início, com um chute da entrada da área do Pita. Logo depois, com uma jogadaça do ponta Sidney, fiz o 2 a 0.

Antes de tudo acontecer, o Nelsinho bateu uma falta na área que o Careca acertou uma bela cabeçada. Passou raspando no travessão.

Ainda deu uma briga feia entre o goleiro Rodolfo Rodrigues e o zagueiro Márcio. Eles trocaram empurrões e quase saiu agressão física, quando ainda estava 0 a 0. O Santos se desequilibrou emocionalmente.

Um pouco depois que fizemos o segundo gol, o time da Vila diminuiu com o Lino, mas o nosso time naquele domingo (2 de setembro de 1984) estava seguro, confiante e fazendo uma partida quase perfeita.

Nem nos abatemos com o gol santista e fomos para cima. Num lance em que o lateral Nelsinho jogou no bico na área e o Careca desviou de cabeça para a área, eu fiz o 3 a 1 também de cabeça.

Logo em seguida, a jogada se repetiu da mesma maneira e cabeceei de fora da área com a bola explodindo no travessão. Quase um golaço.

O time santista estava tão abalado que o intervalo de 15 minutos não foi o suficiente para o treinador Castilho acertar o lado emocional dos jogadores. Eles voltaram perdidos do mesmo jeito, mas o mérito era nosso.

Nesse jogo, fomos decididos para vencer a partida, quebrar a invencibilidade deles e encostar na liderança. O segundo tempo foi igual ao primeiro. Domínio total do nosso time, com o Careca fazendo o 4 a 1 e matando o jogo. O Santos escapou de uma goleada histórica, porque em nenhum momento fomos ameaçados na partida.

O Cilinho costumava no dia da reapresentação presentear com o livro aquele que foi o melhor em campo na avaliação da comissão técnica. Eu ganhei o prêmio nessa partida. Mas a realidade de hoje é completamente outra.

As equipes não jogam bem, estão sendo contestadas e criticadas pelas dificuldades que estão enfrentando. Como já escrevi algumas vezes, esse time tricolor é inferior tecnicamente ao ano passado.

Em relação ao Santos, as coisas ainda não mudaram muito dos anos anteriores. Precisará ficar atento no Campeonato Paulista, mas principalmente no Brasileiro.

Portuguesa x Corinthians

Já o clássico das 16h, em Brasília, entre Lusa e Timão, eu joguei diversas vezes e costumava fazer gols quase sempre.

Em 1983, vencemos no Canindé num jogo super tumultuado que só teve um tempo porque a torcida da Lusa se revoltou com um pênalti marcado no final do primeiro tempo e invadiu o gramado, ameaçando o árbitro, que e encerrou o jogo.

O pênalti existiu porque o lateral Odirlei, da Lusa, empurrou o Biro-Biro pelas costas quando o jogo estava empatando em 1 a 1, gols do Sócrates e do Mendonça. Eu bati o pênalti e vencemos a partida por 2 a 1.

O nosso treinador era o Jorge Vieira e escalou o Corinthians assim:

1. Leão
2. Alfinete
3. Mauro
6. Daniel Gonzáles
4. Wladimir
5. Paulinho
8. Sócrates
10. Biro-Biro
7. Jota Maria
9. Eu
11. Eduardo

O treinador da Portuguesa era o histórico Candinho, que comandou a Lusa diversas vezes em momentos diferentes. Ele colocou o seu time em campo dessa maneira:

1. Ewerton
2. Mauro
3. Timoura
6. Leís
4. Odirlei
5. Almir
8. Heriberto
10. Mendonça
7. Toquinho
9. Roberto César
11. Gérson André

Depois dessa noite de 13 de julho de 1983, só voltei a enfrentar a Portuguesa em 1985, porque no segundo turno estava com o joelho operado e, em 1984, estava no São Paulo.

No dia 24 de fevereiro de 1985, um domingo no Pacaembu, vencemos por 2 a 0, com um golaço de cabeça do Serginho e um meu, após bela tabela com o Biro-Biro desde o meio-campo.

Nesse ano, o Corinthians fez um timaço só com jogadores com passagem pela seleção brasileira, mas infelizmente não deu liga.

E, em 31 de março do mesmo ano, também vencemos por 2 a 0, mas desta fez foi um gol do ponta Paulo César e outro meu de cabeça.

Tivemos diversos treinadores naquele ano.

Começamos o ano com o ótimo Jair Picerni. Depois, foi maravilhoso. Veio o saudoso capitão do tri Carlos Alberto Torres, que eu idolatro como todos os tricampeões de 1970. Adorava conversar com ele e ficava de bobeira. Era muito especial estar perto dele. E no final voltou o Sr. Mário Travaglini, que foi o treinador campeão em 1982 pela Democracia Corinthiana.

O time que começou o ano era assim

1. Carlos
2. Édson
3. Juninho
6. Hugo de León
4. Wladimir
10. Dunga
8. Eu
5. Biro-Biro
7. Paulo César
9. Serginho
11. João Paulo

Durante o ano, a formação foi mudando muito, porque o nosso ambiente era péssimo.

O Zenon começou fora , mas logo voltou a jogar com a camisa 10. O Serginho se desanimou e comecei a jogar com a 9. Assim o time foi se descaracterizando, e o nosso ano foi péssimo.

Por último, quero contar a história de um jogo de 1986, logo depois da Copa. Também vencemos por 2 a 0, mas com um time completamente diferente do ano anterior, e conseguimos chegar à semifinal do Paulista, quando fomos eliminados pelo Palmeiras.

Nesse domingo, em 13 de julho de 1986, vencemos com um gol meu e outro do meu amigo Cristóvão. As duas jogadas foram nossas. No primeiro, fizemos uma tabela, e eu fiz o gol com assistência dele. No segundo, a assistência foi minha e gol do Cristóvão.

Naquele ano, o time era limitado, porque está em plena reformulação e pouco depois fui para Portugal jogar no Futebol Clube do Porto.

Rubens Minelli era o nosso treinador e um dos maiores da história do futebol brasileiro. Ele foi injustiçado, principalmente na Copa de 1978, quando deveria ter sido o treinador da seleção, já que era tricampeão brasileiro: bi com o Inter, em 1975 e 1976. e em 1977, dando o primeiro título brasileiro ao São Paulo.

A nossa equipe, completamente diferente dos anos anteriores, foi a campo assim:

1. Carlos
2. Edson
3. Paulo
6. Pinella
4. Jacenir
5. Wilson Mano
8. Eu
10. Cristovão
5. Biro-Biro
9. Ricardo (Lima)
11. João Paulo

Este jogo e São Paulo 4 x 1 Santos estão no meu Instagram para quem tiver curiosidade ou queira rever todos os gols. Os gols do São Paulo são narrados pelo Luís Noriega. O de 1985 com o José Silvério. E de 1986 com o Léo Baptista.

Contei aqui algumas histórias que participei nos clássicos que acontecerão hoje à tarde pelo Campeonato Paulista. Gosto de lembrar e contar histórias.