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OPINIÃO

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No Dérbi, Renato Augusto foi a magia da chuva e Rony, a velocidade do raio

Renato Augusto durante Corinthians x Palmeiras, jogo do Campeonato Paulista - RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Renato Augusto durante Corinthians x Palmeiras, jogo do Campeonato Paulista Imagem: RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

16/02/2023 23h43

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Que emoção assistir o Dérbi num ambiente como esse!

Estádio lotado, muita chuva e, num jogo assim, entra em campo muito mais a raça do que a técnica. Porque ela fica prejudicada pelo gramado liso, com a bola pegando mais velocidade e dificultando o domínio de bola.

Mas o clássico começou a mil por hora, com o Corinthians muito focado e dividindo todas como se fosse uma final de campeonato. Olha, na realidade, muitas vezes Corinthians x Palmeiras é mais importante que uma final.

Logo aos 9 minutos, num vacilo da defesa palmeirense por causa da chuva, a bola caiu nos pés do Renato Augusto. De primeira, ele deixou o Róger Guedes pronto para fazer a jogada que mais gosta, que é dominar, levar para o meio e bater, fazendo 1 x 0 para o Corinthians.

São os dois jogadores mais decisivos do time. O Renato Augusto pela técnica, criatividade, visão de jogo, e o Róger Guedes pela agressividade, raça e vontade de fazer gols, principalmente contra o Palmeiras.

Depois disso o campo ficou muito pesado e cheio de poças d'água, dificultando a bola rolar. Um campo assim fica muito traiçoeiro, principalmente para os defensores e para os goleiros.

Depois de uma intensidade louca, o jogo deu uma acalmada nas divididas. Mas, mesmo com uma imensa chuva, os times tentaram jogar com a bola no chão, no toque, como as duas equipes mais gostam.

O Palmeiras começou a ter mais volume, mas sem criar chances de fato. Mas o grande problema para o time do Abel é que o Renato fazia um primeiro tempo magistral. Comandou o jogo, foi um verdadeiro maestro do seu time no meio-campo, dominando a bola e diminuindo o ímpeto do Palmeiras.

Numa grande jogada ofensiva iniciada por ele mesmo, passando pelo Róger e com uma ajeitada do Adson para o próprio Renato chegar batendo, o ótimo Weverton foi forçado a fazer uma grande defesa.

O Corinthians dominou a parte final do jogo, sendo muito mais agressivo e intenso. E com mais um chute perigoso, obrigou o Weverton a fazer outra grande defesa.

Na sequência do jogo, o goleiro palmeirense salvou seu time novamente. Mas, dessa vez, de um gol contra. O Murilo atrasou a bola de cabeça com o Weverton fora de posição e, pelo campo estar molhado, a bola deslizou, e ele teve que se jogar no chão sem poder segurar porque iria escorregar para dentro do gol.

Mas não se pode bobear com esse time do Abel Ferreira.

No melhor momento do Corinthians no primeiro tempo, o time perdeu o foco por alguns instantes, o que foi suficiente para deixar o Raphael Veiga dominar, olhar e meter a bola entre os zagueiros Gil e Bruno Mendes, que vacilaram muito nessa jogada.

Não se pode perder um atacante como o Rony de vista dentro da área, e foi o que aconteceu: o camisa 10 palmeirense, no meio de uma forte chuva, entrou como um raio entre os dois e fez o gol do 1 a 1.

Rony comemora gol do Palmeiras sobre o Corinthians em jogo do Paulistão - Ettore Chiereguini/AGIF - Ettore Chiereguini/AGIF
Rony comemora gol do Palmeiras sobre o Corinthians em jogo do Paulistão
Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Terminou assim o primeiro tempo que foi espetacular, intenso, agressivo e, principalmente, aberto e vivo até o último minuto.

O segundo tempo começou com o Palmeiras mais agressivo, indo para cima, e logo no início conseguiu virar o jogo.

Segundo gol do Palmeiras. Sabe de quemmmm? Pois é, Rony novamente!

Num escanteio batido pelo Veiga, ele subiu sozinho na primeira trave e cabeceou forte, com a bola caindo na frente do Cássio, passando por baixo e entrando no gol.

A força, a disposição e a vontade que tem o Rony é contagiante. Ele é um jogador que se entrega 100% e, mesmo quando não está tão bem, continua sendo muito importante para o Abel.

O jogo continuou aberto, com os times buscando o gol em todo momento. Claro que o Corinthians corria atrás pelo menos do empate, e o Palmeiras querendo matar o jogo.

O campo ficou com mais espaço para todos e o jogo, muito mais franco.

Se o Rony continuou infernizando a defesa do Corinthians, o Renato Augusto continuou desnorteando o meio-campo do Palmeiras. Tanto que o Abel substituiu rapidamente o Gabriel Menino, que estava com um cartão amarelo por ter puxado o Renato pela camisa numa arrancada, e colocou o Jailson, que é mais marcador.

É impressionante como pega o goleiro Weverton! Ele fez defesas super difíceis em chutes do Renato Augusto e do Róger Guedes. Mas quem conseguiu furar esse paredão foi o zagueiro Gil, que junto com o Bruno Mendes, havia vacilado nos dois gols palmeirenses.

Mas, num rebote, ele bateu de chapa rápido, pegando o Weverton desprevenido. E fez o 2 a 2.

Daí em diante o Corinthians cresceu muito e começou a empurrar o Palmeiras para trás, forçando o erro na saída de bola. O Corinthians conseguia roubar a bola rápido e continuar atacando, mas com mínimo espaço o Palmeiras contra-atacava.

Achei que nesse jogo o Abel Ferreira errou em duas alterações. O Endrick estava fazendo a sua melhor partida nesse ano. E errou com a saída do Raphael Veiga, que é o jogador mais perigoso, mais criativo e talentoso do meio-campo. Sem o Veiga, o Palmeiras começou a perder o meio. Achei também que ele deveria ter colocado o Giovani mais cedo no jogo.

Do lado do Fernando Lázaro, achei que o Adson estava bem no jogo e não deveria ter saído no intervalo, a não ser que tenha sentido alguma contusão, porque ele ajuda o Renato na criação e está em ótima fase, não só meio-campo, mas também na chegada na área.

Nos últimos minutos, o jogo ficou muito mais lá e cá, porque os espaços aumentaram pelo grande desgaste de todos os jogadores, que se entregaram completamente num campo pesadíssimo.

Apesar de ter acontecido algumas entradas mais fortes, não vi nada de grave. E, o mais importante, sem ter rodinhas de discussão, sem pressão contra o árbitro Raphael Claus. Esse comportamento dos jogadores ajuda muito para se ter uma grande partida.

Terminou 2 a 2, um resultado justo. Foi um ótimo Dérbi, com uma apresentação espetacular do Renato Augusto, que foi escolhido o melhor em campo com muito merecimento.