Topo

Casagrande

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Os exageros no calendário do futebol vão acabar com os jogadores

Presidente da Fifa, Gianni Infantino, aguarda início de cerimônia em Viena - LEONHARD FOEGER
Presidente da Fifa, Gianni Infantino, aguarda início de cerimônia em Viena Imagem: LEONHARD FOEGER

Colunista do UOL

21/02/2023 08h00Atualizada em 21/02/2023 08h13

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Estava lendo a coluna do jornalista Rodrigo Mattos, aqui do UOL, sobre o novo modelo do Mundial de Clubes, que será disputado entre junho e julho de 2025. Serão 32 clubes, divididos em 8 grupos com 4 equipes cada, formato idêntico ao da última Copa do Mundo, no Qatar.

Aí fui pensar em todos os torneios que já existem e tentei achar em qual momento do ano os jogadores irão ter férias, descansar, viajar com a família, enfim, viver um pouco.

Por que digo isso?

Neste ano, temos as finais da Nations League e os inícios das Eliminatórias para a próxima Eurocopa e para a Copa de 2026. Em 2024, acontecerão as finais da Euro. E, como já explicou o Rodrigo, em 2025 também vai ocorrer o Mundial de Clubes.

Todos os torneios serão jogados ente junho e julho de cada ano. Nos outros meses, os jogadores disputarão os campeonatos nacionais, competições europeias, as copas de cada país, ou seja, vão chegar na Copa completamente destruídos.

A vida de atleta de ponta desses jogadores irá diminuir muito e as competições, com o passar do tempo, terão uma qualidade menor.

Os caras treinam o ano todo, num ritmo forte para disputar torneios intensos, difíceis. Quando terminam a temporada estão mortos e precisam relaxar um pouco. Ficar com a família, curtir os filhos, se divertir um pouco, ou seja, fazer o que tem vontade.

Quem aguentará esse ritmo para enriquecer a Fifa?

Ninguém está preocupado com a saúde física e mental dos jogadores. Tratam os atletas como se fossem máquinas, mais especificamente, como caça-níqueis. Eles estão sendo usados há anos pelas federações e confederações para deixar os dirigentes milionários.

Todo trabalhador, e jogador de futebol é uma profissão, tem o direito de ter pelo menos um mês de férias. Nas últimas Copas vários grandes jogadores foram cortados ou chegaram machucados para o torneio. Só que quem faz o espetáculo são eles, os grandes jogadores!

Os dirigentes, como vimos bem lá no Qatar, ficam sentados ao lado dos representantes do país-sede — que nessa última Copa eram pessoas opressoras.

Não sei se para esse Mundial acontecer alguma dessas competições irá parar. Mas, por enquanto, tudo isso está no calendário — e estou falando dos jogadores que jogam na Europa.

Também não sei o que pensam os atletas sobre isso, talvez até achem que conseguem jogar anos sem descansar. Mas eu quis colocar a minha visão sobre esses exageros no calendário mundial do futebol.