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OPINIÃO

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Apesar do empate, Marco Rose trabalhou melhor que Pep Guardiola

Gvardiol marca o gol de empate do Leipzig contra o Manchester City - Fantasista/Getty Images
Gvardiol marca o gol de empate do Leipzig contra o Manchester City Imagem: Fantasista/Getty Images

Colunista do UOL

22/02/2023 19h17

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Nesta quarta-feira (22), a Champions League continuou e encerrou os jogos de ida das oitavas de final, com RB Leipzig x Manchester City e Internazionale x Porto. Escolhi assistir o time do espanhol Pep Guardiola contra o time do alemão Marco Rose.

O primeiro tempo não foi tão intenso como Liverpool 2 x 5 Real Madrid, até porque o City prefere o estilo de posse de bola e atacar progressivamente, enquanto o Liepzig vai no estilo de uma marcação forte e de apostar mais na esticada e velocidade dos seu atacantes.

O City encontrou muita dificuldade para conseguir furar o forte bloqueio na frente da área que fez o time alemão. Mas, aos poucos, o time inglês foi marcando pressão, forçando o erro na saída de bola. E, quando o erro apareceu, o City foi rápido em definir a jogada com Mahrez, fazendo 1 x 0 merecidamente.

Na realidade, mesmo sem ter muitas chances claras de gol, o Manchester City controlou a partida sem correr nenhum risco. Por muito tempo a diferença da posse de bola foi abissal — City 75%, Leipzig 25% — e, nos chutes a gol, foi uma goleada de 7 x 0 para os ingleses.

Não costumo usar números para falar sobre uma partida de futebol, mas no primeiro tempo desse jogo a diferença foi tão gritante que realmente mostrou a realidade.

O ataque dos alemães foi completamente inexistente por falta de criatividade do seu meio-campo, mas também muito pela pressão que colocou o City. O Guardiola fez uma marcação forte em todos os setores, sem deixar espaço algum para o Leipzig pensar numa jogada de criação.

O único chute no gol do Ederson, que fez uma defesa fácil, foi nos acréscimos da primeira etapa. Faltou agressividade para o ataque do Leipzig.

Na volta do intervalo, o Leipzig voltou muito mais agressivo, não só na marcação, mas para atacar também. Ficou nítida a mudança de postura do primeiro para o segundo tempo. Começou a ficar mais com a bola, ditar a dinâmica da partida, acelerou o ritmo e colocou uma intensidade que deixou o City desconfortável.

Em pouco tempo conseguiu chegar com perigo e finalizar, coisa que só tinha conseguido nos acréscimos da primeira etapa. Melhorou também na roubada de bola e isso fez total diferença para quem precisava fazer gols num time talentoso como o inglês.

A equipe do Marco Rose ganhou força e empurrou a do Guardiola para trás, que sentiu o golpe. Dominou o jogo e foi criando chances, fazendo o goleiro Ederson trabalhar com dificuldade.

O jogo mudou completamente e ficou todo favorável ao Leipzig, que foi envolvendo o City com toques rápidos e muita movimentação — tudo o que faltou no primeiro tempo. E, com todo mérito pelo domínio, conseguiu o gol com o ótimo zagueiro croata Gvardial, de cabeça, e com uma falha na saída de bola do Ederson, que estava bem na partida: 1x1.

Aí a partida melhorou, porque forçou o City a entrar no jogo, já que estava correndo riscos de tomar mais gols.

O trabalho psicológico e de motivação feito no intervalo pelo Marco Rose foi ótimo, assim como as mudanças que fez. Voltou com um lateral, Henrichs, que é mais ofensivo e rápido pelo lado direito, criando uma pressão e forçando o Grealish a marcar, coisa que não é do seu perfil mas se saiu bem.

Ele fez outras alterações durante o segundo tempo, mas essa foi, na minha opinião, determinante para aumentar a agressividade.

Enquanto o Guardiola não mexia mesmo com a forte queda de rendimento e, claro, desgaste físico pela mudança de ritmo e intensidade.

Faltou Haaland em todo o jogo, um centroavante muito agressivo que praticamente não apareceu. Aliás, o seu rendimento caiu muito de uns tempos para cá. E, apesar de já ter feito muitos gols, a falta deles nesse momento está prejudicando o City. Sem o De Bruyne ele fica muito isolado, mas não está atravessando um momento técnico muito bom.

Foi um empate justo, porque o primeiro tempo foi dominado pelo City e o segundo pelo Leipzig, mas achei o time alemão muito mais agressivo na partida.

Marco Rose, nota 9; Pep Guardiola, nota 6.

E o meio de semana foi dominado pelo Real Madrid e, obviamente, por Vinícius Jr.