Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Luis Suárez é um atacante histórico, mas também um cidadão comum
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Por que alguns grandes jogadores brasileiros dessa última geração tiveram dificuldades de ter uma vida normal e se desvincular de uma imagem de celebridade? Vou explicar o motivo dessa pergunta.
Luis Suárez foi uma das contratações mais importantes das últimas décadas. Craque uruguaio, jogou quatro Copas do Mundo (2010/14/18/22) e venceu a Copa América de 2011, na Argentina.
Teve tanto destaque que entrou na Europa pela Holanda, para jogar no Ajax de Amsterdã, um dos clubes mais tradicionais e respeitados do continente. Ganhou dois títulos: Copa da Holanda (2009/10) e o Campeonato Holandês (2010/11).
Foi contratado pelo Liverpool, outro time de peso, e também mostrou um grande futebol — foi campeão da Copa da Liga Inglesa (2011/12).
Depois chamou a atenção do grande Barcelona. Na Catalunha, ganhou todos os títulos possíveis, fazendo um trio de ataque incrível com Messi e Neymar (dos bons tempos). Até que o clube resolveu começar uma reformulação e, por ser considerado veterano, concluíram que ela já tinha dado tudo o que podia.
Se enganaram feio, porque ele foi para um dos rivais da capital, para jogar no Atlético de Madri de Diego Simeone. E o que aconteceu? Ganhou o Campeonato Espanhol (2020/21) que, somado aos quatro que havia vencido com o Barcelona, resultou no feito invejável de ser campeão por cinco temporadas.
Aí decidiu voltar para o seu país e para o seu clube de coração, o Nacional de Montevidéu. E, apesar de não ter ido tão bem no campeonato, foi campeão uruguaio (2022) pela terceira vez com o mesmo time, porque já havia vencido em 2005 e 2006.
Nessa janela, o Grêmio de Renato Gaúcho entrou em contato com ele, e trouxeram Luisito Suárez para Porto Alegre.
Foi um grande impacto mundial, mas também uma grande dúvida. Porque mesmo sendo um dos grandes atacantes da história do futebol, está com 36 anos. Ele se adaptaria ao futebol brasileiro? Viria com vontade ou só para encerrar a carreira?
Bom, agora vou contar a história dele no Grêmio nesses dois primeiros meses de 2023.
Bastou desembarcar em Porto Alegre para o atacante conquistar a torcida do Grêmio. Aliás, até os torcedores do arquirrival Internacional esboçam uma simpatia disfarçada pelo gringo. Se vivêssemos em uma monarquia, a nobreza dos pampas o honraria, por decreto, com o título de príncipe do Guaíba. Que ninguém se surpreenda se ganhar uma estátua na Arena gremista.
Toda essa glória começa pelos gols. Em 8 jogos marcou 8 gols. Sim, aos 36 anos, o uruguaio de Salto, interior do Uruguai, sacode as multidões. Mas todo esse sucesso não vem apenas de suas jogadas. Luisito conquistou o pampa porque se porta como igual aos torcedores.
No dia seguinte à estreia, quando marcou três gols e se sagrou campeão da Recopa gaúcha, de bermuda e chinelo foi fazer compras no supermercado com os filhos. Entrou na fila do caixa, conversou e tirou selfies com os fãs. Vai à padaria sem disfarce e muito menos anda com guarda-costas. Não tem fotógrafo particular nem parças para assessorá-lo na escolha de roupas.
No Carnaval não desfilou na Sapucaí, tampouco frequentou camarotes vips em busca de holofotes. Foi conhecer a serra gaúcha com a mulher e os três filhos. Chegou ao hotel como um simples hóspede, a ponto de surpreender os trabalhadores.
O resultado disso tudo já apareceu. A camisa 9 do Grêmio vende mais que pãozinho francês no fim da tarde — que os gaúchos chamam de "cacetinho". O número de sócios gremista dispara.
É uma honra para o futebol brasileiro ter Luis Suárez jogando em nosso campeonato. É um jogador estrangeiro que veio para valorizar e enriquecer o Brasileirão.
Sem dúvida alguma irá motivar e ajudar os jovens centroavantes, não só do Grêmio, mas de todos os clubes, com sua categoria e experiência. Mas, principalmente, por sua humildade, mesmo sendo uma grande estrela mundial.
Suárez é um jogador cidadão, e não uma celebridade.
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