Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Será que o remédio para o Flamengo é só mudar de técnico? Acho que não
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Quando se faz as coisas sem ética e sem respeito, não tem como dar certo.
O que a diretoria do Flamengo fez com o Dorival Jr, depois dele ter levado o time a dois títulos importantes como a Libertadores da América e a Copa do Brasil, foi de uma falta de coerência e de respeito sem tamanho.
A justificativa foi ainda pior, quando alegaram que o time tinha caído muito de produção na reta final do Brasileiro, insinuando que o Dorival não estava à altura do time para ser o treinador no Mundial e nos outros compromissos do começo do ano.
Pior ainda foram os jornalistas esportivos que embarcaram nessa onda.
O que o presidente Rodolfo Landim e o diretor Marcos Braz fizeram com o Dorival Jr foi uma enorme trairagem, uma apunhalada nas costas.
A soberba fez com que eles se achassem profundos conhecedores do futebol e fizeram essa análise absurda do treinador que havia acabado de ser campeão duas vezes.
E ainda foram buscar um treinador que, para sair de outro clube, se comportou como um mentiroso, usando a doença da sogra para mentir e enganar o Corinthians.
Foi a união de uma direção soberba, que agiu com falta de ética, com um treinador também soberbo, que não teve vergonha nenhuma de contar uma mentira que ficaria pública depois.
Pior ainda é a covardia. Toda vez que foi perguntado sobre o assunto, desviava a conversa com uma arrogância enorme.
Estava na cara que iria acontecer esse vexame, porque foi tudo feito de uma forma traiçoeira dos dois lados.
Acho que todos viram um vídeo do ex-lateral Cicinho que, no final de 2022, no programa do meu amigo Benjamin Back, disse que o Flamengo não ganharia nem o Carioca. Ele explicou que, quando tem trairagem no futebol, nada funciona. E é isso mesmo.
O Flamengo também foi traído pelo Jorge Jesus, porque renovou o contrato com ele em 2020 e, pouco tempo depois, ele recebeu a proposta do Benfica e deixou o Flamengo na mão.
Teve também um comportamento que, no mínimo, é de um caráter duvidoso, quando no ano passado veio para o Carnaval e fez uma campanha sórdida para derrubar o Paulo Souza e voltar ao time da Gávea, e só não conseguiu por causa da opinião pública
Logo que ficou pública toda essa sujeira, eu falei que os jogadores se conversam e que os corintianos já haviam falado para os flamenguistas que tipo de caráter tem o Vítor Pereira.
Se formos comparar o comportamento dos mesmos jogadores nas finais que disputaram sob o comando do Dorival e agora com o Vitor Pereira, tem um abismo de diferença. Não só técnica e de foco, mas principalmente na entrega.
O que vimos no Maracanã no último domingo, com o Fluminense amassando o rival, é inaceitável. O primeiro tempo já merecia ter terminado 4 a 0.
Claro que há o mérito do time do Fernando Diniz, que fez um trabalho de foco fantástico, imaginando que iria encontrar pela frente uma equipe igualmente ligada para vencer o campeonato.
Mas esse confronto não existiu, porque o Flamengo não jogou, não dividiu, não lutou, não fez nada. E isso numa final de campeonato em que tinha dois resultados favoráveis e ainda um terceiro que levaria para os pênaltis.
Não me venham falar que o ambiente era bom, porque fui jogador e sei muito bem que se tudo estivesse legal, seria quase impossível de acontecer o que aconteceu na final.
Mas foi tão desproporcional que a preparação do Diniz foi para enfrentar um time forte, focado e com uma grande vantagem, mas que na realidade encontrou um time se comportando como se estivesse jogando uma pelada num churrasco de sábado pela manhã.
Foi total o desinteresse pelo jogo, nem revolta teve pela goleada com o Maracanã, com a torcida gritando olé a cada passe do time tricolor, com os rubro-negros na roda sem indignação.
E não estou falando de violência, de dar porrada, voadora, arrumar uma briga, nada disso. Não vi indignação de nenhum jogador flamenguista com o baile que estavam levando. Revolta com eles mesmos, porque ninguém reclamou de ninguém. Foram tomando gols como se tudo fosse normal.
Será que o problema será resolvido só com a troca de treinador? Ou será que não está na hora de alguns jogadores que mandam até mais que o Marcos Braz também saírem?
Todo treinador que chega no Flamengo, mesmo sendo campeão, vira refém e, posteriormente, cai.
Na minha opinião, existe muito "não me toque" nesse grupo do Flamengo. A minha visão é de que, inicialmente, a empolgação vai melhorar, mas em pouco tempo o próximo treinador ficará preso na teia de aranha que existe dentro desse grupo e também não sobreviverá, mesmo sendo campeão. É isso que estou vendo acontecer desde 2020.
Não teve nenhum jogador que tivesse coragem de dar uma entrevista após jogo. Quando ganha, tem provocação, musiquinha, dancinhas. Mas quando perdem, ninguém abre a boca.
Assim é fácil viver, sem assumir derrotas e só aparecendo na boa. E esse não é um comportamento exclusivo do Flamengo. Na realidade, o futebol brasileiro atual está assim mesmo.
Agora é só esperar para ver qual será "a próxima vítima".
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