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OPINIÃO

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Em 1975, fiz um gol para minha mãe e Mesquita deu uma vitória ao Remo

Mesquita, ex-atacante do Remo, é engenheiro agrônomo e responsável pelo gramado do Mangueirão - Agência Pará
Mesquita, ex-atacante do Remo, é engenheiro agrônomo e responsável pelo gramado do Mangueirão Imagem: Agência Pará

Colunista do UOL

12/04/2023 11h59

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Nesa quarta-feira (12) o Corinthians estreia na Copa do Brasil, em Belém do Pará, contra o Clube do Remo.

Não será um jogo fácil. Pela distância, pelo calor, mas principalmente pela euforia dos torcedores e dos jogadores do Remo em enfrentar o Corinthians, o que não acontece já faz um bom tempo.

Vou contar uma história de 1975, de quando eu jogava futebol de salão na categoria mirim do Clube Esportivo da Penha, e fomos jogar contra o Clube Atlético Ypiranga pelo Campeonato Paulista.

Foi em 2 de outubro de 1975, uma quinta-feira à noite. Como eram quatro categorias (pré-mirim, mirim, infantil e infanto-juvenil) e o jogo da minha categoria era o segundo, deu tempo de jogar e depois assistir pela TV da lanchonete ao jogo Remo x Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano.

O Corinthians estava todo reformulado depois da derrota por 1 a 0 para o Palmeiras na final do Campeonato Paulista de 1974.

Depois da derrota, o presidente da época, Vicente Matheus, decidiu mudar praticamente 90% do time, inclusive negociando o nosso grande ídolo Rivellino para o Fluminense.

Para se ter uma ideia: do time titular da final contra o Palmeiras, só três começaram o jogo contra o Remo (Zé Maria, Ademir Gonçalves - que faleceu há pouco tempo - e Wladimir). O Tião entrou durante a partida. Foi um ano difícil para o Corinthians, que foi 4º no Paulista, sem chance de título, e terminou o Brasileiro em 6º.

Nesse jogo específico, o Remo deu um sufoco enorme e venceu por 1 a 0 no Estádio Evandro de Almeida (Baenão), com um gol do ótimo atacante Mesquita. Mesquita, aliás, formou-se engenheiro agrônomo após deixar o futebol e é até hoje responsável pelo gramado do Mangueirão.

Eu me lembro muito bem daquele dia. Estava comendo um lanche com os outros jogadores, tínhamos 12 anos, e assistindo ao jogo. Não tenho como esquecer essas coisas, porque foi minha mãe que me levou para jogar: eu fiz um gol e corri para abraçá-la.

Naquela noite, o Corinthians jogou com Sérgio (que foi trocado pelo Mirandinha com o São Paulo); Zé Maria, Darcy (que veio da base), Ademir Gonçalves, Wladimir; Ruço e Basílio (que tinha chegado da Portuguesa), depois Tião; Vaguinho, Adilson, Geraldão e Piau (que também veio do São Paulo). O técnico era Milton Buzetto.

Para os mais jovens que podem estranhar a formação tática, explico que naquela época jogavam dois no meio e quatro atacantes. Por exemplo: Dudu e Ademir (Palmeiras), Tião e Rivellino (Corinthians), Badeco e Basílio (Portuguesa), Chicão e Pedro Rocha (São Paulo).

Já o treinador Paulo Amaral escalou o Remo dessa forma: Dico; Marinho (que depois viria para a Portuguesa), Dutra, Rui (Anderson) e Cuca; Elias e Nena; Zé Lima (Caíto), Mesquita, Alcindo (que também jogou na Portuguesa) e Amaral.

Nunca foi fácil enfrentar o Remo em Belém, e acho que dessa vez não será diferente. Ainda mais porque o Fernando Lázaro não terá o Renato Augusto por um bom tempo, e provavelmente sofrerá para ter criação das jogadas. E não estou falando dessa dificuldade só no jogo de hoje, mas também para o Campeonato Brasileiro que começa no final de semana.

Mas, de qualquer maneira, o Corinthians é muito superior ao Remo. Pode até ter problemas nesse primeiro jogo, mas acho improvável que não passe para a próxima fase. Afinal de contas, é uma equipe de Série A contra uma de Série C, e será vergonhoso caso seja eliminado.

A partir desse momento, começa uma maratona massacrante para os clubes que estão participando de três competições simultâneas.

O Corinthians, por exemplo, joga hoje contra o Remo em Belém. No domingo, enfrenta o Cruzeiro na Arena. Na quarta (19), joga pela Libertadores contra o Argentinos Juniors também em casa. E, na segunda rodada do Brasileiro, vai a Goiânia enfrentar o Goiás.

De agora em diante, quem for avançando nas competições terá esse aglomerado de viagens, que é o que mais pega para os jogadores.

O Corinthians chegou ontem (11), às 19h, na capital do Pará. São as estratégias de viagem. Eu teria levado o time na segunda à tarde para já acordar na terça em Belém e fazer um treininho no campo de jogo no período da tarde. Mas, como disse, são estratégias.