Tenho 60 anos de sonho e de sangue e de América do Sul

Eu fui um adolescente da década de 1970 ligado às raízes da cultura hippie.

Cresci ouvindo rock and roll, rock psicodélico e, claro, MPB, que formaram os meus valores, princípios e conceitos, filosofia de vida e ideologia política. Tenho dentro de mim um instinto de liberdade muito alto.

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A velhice era encarada como um problema, porque nós não queríamos perder a juventude dos pensamentos, das ideias e da alma. O problema era maior ainda porque a gente achava velho quem tinha só 30 anos, e não queríamos chegar aos 30. Então vivíamos intensamente tudo que a vida nos apresentava, o que era uma delícia.

Pela essência da minha personalidade, me entrego 100% em tudo que faço. Então, a minha vida sempre foi muito intensa. Joguei futebol, tive filhos, netos, virei comentarista, colunista, mas mesmo assim curti muito.

Como canta a Rita Lee: "Loucura pouca é bobagem". Esse é o meu lema para toda a vida.

Só que as loucuras da vida vão mudando com o passar do tempo.

Nunca soube lidar direito com a liberdade que tinha dentro de mim. O meu conceito de ser livre era equivocado.

Por anos, achei que para eu ser totalmente livre, poderia fazer tudo sem limites. E isso não é verdade. Para uma pessoa viver livremente, é ela que precisa se colocar limites, e não os outros.

Me afundei, me levantei e alcancei a maior loucura da minha vida, que é a minha sobriedade. Continuo intenso e livre, mais do que nunca, principalmente quando percebi que a juventude não é física, mas mental e espiritual.

Neste sábado, 15 de abril, estou fazendo 60 anos. E os meus pensamentos, minhas ideias, minha disposição, minha motivação e minha vontade de curtir a vida estão mais intensas do que antes, e isso significa ter a juventude intacta.

Quero agradecer a todas as pessoas que sempre me acompanharam, desde quando eu jogava, e as pessoas de hoje em dia, que acompanham os meus textos, concordando ou não, porque respeito a todos.

"Amanhã será um lindo dia
Da mais louca alegria
Que se possa imaginar"
(Guilherme Arantes)