Topo

Casagrande

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Giroud marca e Milan classifica. Rodrygo mostra quem é o favorito

Giroud, do Milan, e Rodrygo, do Real Madrid - Tullio Puglia - UEFA/UEFA via Getty Images e Nigel French/Sportsphoto/Allstar via Getty Images
Giroud, do Milan, e Rodrygo, do Real Madrid Imagem: Tullio Puglia - UEFA/UEFA via Getty Images e Nigel French/Sportsphoto/Allstar via Getty Images

Colunista do UOL

18/04/2023 18h27

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Que espetáculo estava o estádio Diego Armando Maradona, na cidade de Nápoles, para a decisão de uma vaga para a semifinal da Champions League, entre Napoli e Milan.

Joguei diversas vezes nesse estádio contra o Napoli, no auge dos meus amigos Alemão, Careca e Maradona.

A cidade ferve, a torcida é apaixonada pelo time. Só que tem uma relação difícil com as equipes do norte, como é o caso do Milan.

O sul da Itália sempre foi tratado com muito preconceito, como se não fossem italianos. Só para ilustrar o que estou falando: na semifinal da Copa de 1990, entre Itália e Argentina e vencida pelos hermanos nos pênaltis neste mesmo estádio lotado, os torcedores do sul torceram para a Argentina.

Semana passada, no San Siro, o time milanês venceu por 1 a 0 e perdeu a oportunidade de complicar mais esse jogo da volta.

O time napolitano é quase campeão italiano, coisa que não acontece desde a temporada 1990/91. Mas jogou mal na derrota em Milão e precisa fazer uma partida muito perto da perfeição para conseguir a classificação.

O Napoli começou numa intensidade incrível, marcando pressão e roubando a bola rápido para continuar agredindo. Tanto que nos primeiros 10 minutos o Milan não passou do meio-campo e foi goleado por escanteios. Porém, não criou nenhuma jogada real de perigo, embora estivesse ditando o ritmo e a dinâmica da partida.

Na primeira jogada que o Milan conseguiu clarear, o português Rafael Leão sofreu um pênalti marcado na hora, sem VAR. O francês Giroud bateu e fez o gol que deixou o Napoli numa situação delicada, e poderia até entrar em pânico, mas não foi isso que aconteceu.

Giroud bateu forte, mas o goleiro Meret fez uma incrível defesa, dando um alívio aos mais de 60 mil torcedores que estavam no estádio. Logo depois o camisa 9 milanês saiu na cara do gol, exigindo outra grande defesa. Isso tudo em 30 minutos.

O Napoli estava com mais posse de bola, com mais agressividade, goleando nos escanteios, mas não conseguia furar o forte bloqueio milanês. As duas jogadas de gol foram do Milan, com Giroud, que pararam nas defesas do Meret.

A proposta do treinador Stefano Pioli funcionou muito bem. A primeira tarefa era não deixar o Napoli criar jogadas claras de gol. A segunda era incomodar nos contra-ataques, como realmente fez. Só faltou a bola entrar para o plano ser perfeito, mas num contra-ataque com uma velocidade incrível, Rafael Leão deixou o francês Giroud sem chances de perder o gol, colocando o Milan com muita vantagem.

A marcação no atacante napolitano Kvaratskhelia também foi ótima, porque dobravam o tempo. E ele, por ser um jogador mais individualista, se complicava.

Faltava ao ataque do Napoli mais movimentação e troca de passes mais rápidos, para que a defesa milanesa abrisse algum espaço para uma infiltração, uma tabela ou chutes de fora da área com uma visão melhor do atacante.

A vitória parcial por 1 a 0 para o Milan foi super merecida, porque no futebol o que conta é a objetividade da estratégia e nisso o time do norte deu um show. Não cedeu ao Napoli nenhuma chance clara de gol e teve três para fazer um estrago no primeiro tempo. Até que saiu barato para o time do sul.

Rafael Leão, o lateral Calabria e o goleiro napolitano Meret foram os melhores em campo na primeira etapa.

No segundo tempo o campo ficou com mais espaço para quem gosta de jogar com dribles em velocidade, como o Kvaratskhelia e o Rafael Leão. E realmente foram os jogadores mais perigosos, porque conseguem clarear a jogada com facilidade não só para eles finalizarem, como também para algum companheiro.

A intensidade do jogo diminuiu, a dinâmica do Napoli foi menos agressiva e o ritmo ficou muito melhor para o Milan, porque estava com dois gols de vantagem e a sua marcação estava ótima desde o início do jogo.

Impressionante o sistema defensivo criado pelo treinador Stefano Pioli para este jogo. Marcação dobrada nas duas pontas, com um bloco forte fechando todos os espaços pelo meio. O Napoli não conseguiu ter nenhuma chance clara de gol como teve o Milan.

O time milanês teve mais posse de bola o jogo todo, sendo que o segundo tempo foi um massacre nesse item. Mais chutes a gol, e com o Milan acertando mais a direção.

Taticamente o Milan foi muito melhor. Para o Napoli, faltou personalidade, assim como uma liderança técnica e agressiva. O georgiano Kvaratskhelia é muito habilidoso, mas tenta o drible em todas as jogadas e fica muito previsível.

Aos 34 minutos de jogo saiu a única jogada pensada, no chão. Di Lorenzo cruzou, mas bateu no defensor e o árbitro marcou o pênalti.

Mas aí vai o georgiano bater claramente sem confiança, porque na verdade ele foi dominado nos dois jogos pela lateral milanês Calabria. E aconteceu o que estava na cara: bateu fraco. O grande goleiro Mike Maignan, da Guiana Francesa, esperou a batida e foi lá e pegou muito bem o pênalti.

Detalhe: no jogo teve dois pênaltis marcados pelo juiz e sem interferência do VAR. O árbitro não foi ao monitor nenhuma das duas vezes.

Daí em diante, o time de Luciano Spalletti se abateu totalmente, sem conseguir mais nada. Continuou com a bola, mas com menos convicção, confiança e abusando dos cruzamentos na área. Nos acréscimos e na milésima bola levantada na área, o sumido Osimhen fez de cabeça. Mas já era, o jogo terminou em seguida. Pesou a dedicação e o esquema tático que funcionou perfeitamente.

Amanhã, com um empate no Giuseppe Meazza, a Internazionale se classifica e teremos um grande dérbi milanês entre Milan x Inter — mas o Benfica não foi avisado desse plano.

Na outra partida, deu a lógica. O grande favorito e atual campeão foi ao Stamford Bridge e venceu novamente, com dois gols do ótimo brasileiro Rodrygo, que provavelmente será o novo camisa 10 da seleção brasileira.