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Ceará vence primeiro jogo da Copa do Nordeste, mas vacilo pode custar caro

Guilherme Castilho comemora seu gol - Lucas Emanuel/AGIF
Guilherme Castilho comemora seu gol Imagem: Lucas Emanuel/AGIF

Colunista do UOL

19/04/2023 23h50Atualizada em 20/04/2023 10h48

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Apesar de ter vários jogos da Libertadores da América nesta quarta-feira (19) à noite, escolhi assistir a primeira partida da final da Copa do Nordeste, entre Ceará e Sport, no Castelão, com um público enorme.

O Ceará Sporting Club já venceu duas vezes a Copa do Nordeste (2015 e 2020) enquanto o Sport Club do Recife já foi campeão três vezes (1994, 2000, 2014).

Silas e Guto Ferreira já foram campeões com o Ceará, e Givanildo de Oliveira, Celso Roth e Eduardo Baptista com o Sport. Nesta final temos o treinador paraguaio Gustavo Morínigo (Ceará) e Enderson Moreira (Sport) para entrarem nessa lista seleta de campeões por esses times.

A festa de abertura da final foi maravilhosa, com o estádio todo apagado e os torcedores com as luzes dos celulares acesas, deixando uma atmosfera incrível. A torcida do Ceará deu um show lindo com seu mosaico.

São clubes de massa e com uma grande história no futebol do Nordeste (nordestino) e brasileiro, com duas belas camisas, principalmente essa nova do clube cearense.

Também são dois times da Série B com muitas chances de voltarem para Série A. Portanto, acho que essas finais serão muito iguais.

Foi inacreditável o início de jogo, porque em 33 segundos, numa jogada do ex-corintiano Janderson, a bola sobrou para o ótimo jogador Guilherme Castilho. Ele deu uma pancada da entrada da área e a bola entrou na gaveta. Ceará 1 a 0.

A torcida cearense enlouqueceu, fazendo o lindo estádio Castelão tremer e ferver.

O Ceará não aproveitou o ímpeto do gol rápido para pressionar e empurrar o Sport para trás, deixando o time pernambucano se acertar em campo. O jogo ficou equilibrado, mas com o Sport sendo um pouco mais agressivo e ficando mais tempo com a bola, ainda que sem criar chances de gol.

O jogo ficou muito disputado, brigado, até certo ponto com chegadas de força excessiva, mas com pouca técnica.

Mas quando chegou os 40 minutos, o Ceará começou a pressionar, conseguindo clarear as jogadas, principalmente com o Janderson.

O futebol tem algumas frases, e tem uma que só é realidade às vezes: "Fez o gol na hora certa". Qualquer momento é o certo para se fazer gols. Mas, nesse jogo, o Ceará fez o seu primeiro aos 33 segundos de jogo e o segundo aos 46 minutos, com o centroavante Vítor Gabriel. Portanto, em dois momentos que abalam qualquer time, principalmente em uma final.

O jogo foi igual na maior parte do primeiro tempo, com as duas equipes sofrendo para criar e finalizar. Mas o time cearense começou arrasador e terminou da mesma maneira, conseguindo ir para o intervalo com uma ótima vantagem de 2 a 0.

Faltou para o Sport mais intensidade e agressividade ofensiva, porque não levou nenhum perigo sério para o goleiro cearense Richard.

O Ceará começou o segundo tempo com muita agressividade e decidido a fazer mais gols. Tanto que, em menos de 3 minutos, criou duas ótimas chances de gols. Foi até mais intenso do que quando fez o primeiro gol, logo no início da partida.

Olha, nesse momento, o jogo está aos 13 minutos do segundo tempo. Estou com a impressão de que se o Sport não entrar no jogo logo, poderá tomar mais gols e aí ficará difícil para a volta lá no Recife, na bela Ilha do Retiro (só para passar a minha sensação nesse momento).

O Ceará, time do Gustavo Morínigo, realmente voltou melhor e mais intenso, deixando o Enderson Moreira, do Sport, andando de um lado para o outro e não acreditando nos erros de passes do seu time.

Era inacreditável como o Ceará chegava na cara do gol a cada ataque e desperdiçava grandes chances de gol!

Chegando aos 22 minutos, o Sport não via a cor da bola, sendo engolido pelo Ceará, que ficou perdendo um gol atrás do outro.

Depois de todo esse ímpeto, achei que Ceará foi muito para trás e deu muito campo para o Sport jogar. O time do Recife começou a pegar confiança, a acertar passes e a rondar a área do time cearense.

Num chute de longa distância do lateral Ewerthon, com a bola quicando e batendo no peito do goleiro Richard, o Matheus Vargas chutou por cima e quase o Sport diminuiu o placar.

Os mais jovens talvez não saibam o que vou falar, porque hoje em dia a grande maioria dos gramados é bom, mas o do Castelão está péssimo. O Richard quase foi enganado pelo famoso "morrinho artilheiro", que nos anos 70 e 80 aparecia em todos os campos do país.

O Ceará fez uma ótima partida, principalmente no segundo tempo. Mas, apesar disso, deveria ter aproveitado melhor a péssima partida que fez o Sport, porque vacilou. No último minuto, o time pernambucano diminuiu para 2 a 1 e deixou a final aberta.

Caiu do céu o gol para o time do Enderson Moreira, que não se impôs em nenhum momento, aceitando a agressividade e a dinâmica do Ceará.

Eu gosto muito do meio-campo Guilherme Castilho, que fez o primeiro gol da partida e, para mim, foi o melhor jogador em campo.

A segunda partida será só no dia 3 de maio, na Ilha do Retiro. Com esse 2 a 1, acredito que o Ceará sai do jogo abalado psicologicamente pelas chances que criou e desperdiçou.