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Vitória de virada do Palmeiras tem as mãos do técnico Abel Ferreira

Rafael Navarro comemora com Endrick após marcar na vitória do Palmeiras sobre o Cerro Porteño, pela Libertadores - Ettore Chiereguini/AGIF
Rafael Navarro comemora com Endrick após marcar na vitória do Palmeiras sobre o Cerro Porteño, pela Libertadores Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Colunista do UOL

20/04/2023 23h17

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Noite de Libertadores como nos velhos tempos, ou seja, Palmeiras x Cerro Porteño no Morumbi. Antes de cada time ter a sua própria casa, os grandes jogos eram feitos no estádio Cícero Pompeu de Toledo, do São Paulo Futebol Clube.

Jogo importantíssimo para o Verdão, porque perdeu a primeira para o Bolívar em La Paz e precisa se recuperar contra um concorrente para a classificação.

Mas tudo começou muito mal para o time do Abel, com a equipe cometendo erros que não costuma cometer.

A falta de foco está começando a acontecer com frequência, e com jogadores mais confiáveis, como o Zé Rafael. Ele demorou muito com a bola nos pés no meio-campo.

Depois falhou novamente pela lentidão na volta e mau posicionamento, deixando o meio aberto. Com o rebote do Weverton, Bobadilla, de cabeça, fez o gol do Cerro logo aos 7 minutos.

O Cerro foi se aproveitando muito dos espaços que o Palmeiras estava deixando, e quase fez o seu segundo gol

O Rony faz uma falta tremenda nesse time, porque se entrega 100% em todos os jogos, luta por todas as jogadas e nenhuma defesa fica tranquila com ele em campo.

O Palmeiras tentava ser mais agressivo, colocando uma forte dinâmica na partida. Mas o Cerro estava bem organizado e posicionado em campo, com a armadilha pronta para ser colocada em prática, como fez no seu gol.

O time do Parque Antártica começou a dominar depois dos 20 minutos de jogo, mas com dificuldade para clarear a jogada e criar chances reais de gol.

O time paraguaio se mostrou muito perigoso porque marca bem e tentou, a seu modo, agredir o time palmeirense, trocando a bola com precisão.

As três melhores chances do primeiro tempo, fora o gol, foram do Cerro Porteño. Achei que o Palmeiras, percebendo a dificuldade de entrar tocando a bola ou com velocidade pelos lados, começou a cruzar na área. Era o que o time paraguaio queria, porque com os zagueiros altos, ganhava todas e ainda armava o contra-ataque com o rebote.

A maior virtude do Cerro foi a estratégia de marcação, que era de congestionar o meio-campo, diminuir o espaço e dobrar a marcação dos dois lados, evitando os cruzamentos do fundo do campo.

E, no último escanteio, o Cerro perdeu outro gol na bola aérea, com falha de posicionamento da defesa palmeirense.

Achei o Jhon Jhon e o Vanderlan os jogadores mais perigosos do Palmeiras. O lateral Vanderlan colocando velocidade nas jogadas e o garoto participando bem tecnicamente do jogo.

O Abel tirou Gabriel Menino e colocou Rios, e mudou de lado o Dudu com o Arthur. Mas as dificuldades continuaram as mesmas.

Depois de 10 minutos, ele colocou Endrick e Navarro e tirou Jhon Jhon e Flaco López, deixando o time mais rápido. E começou a forçar a jogada por baixo, porque o excesso de jogadas aéreas não funcionou no primeiro tempo.

Numa falta lateral pela esquerda, bem batida pelo Dudu lá nas costas da defesa do lado direito, Arthur chegou na cara do goleiro Jean, que fez uma grande defesa. Mas, no rebote, o sempre focado zagueiro Gustavo Gómez fez o gol de empate para o Verdão, explodindo a torcida no Morumbi.

Depois disso, o Palmeiras começou a pressionar e as mudanças ofensivas feitas pelo Abel começaram a funcionar. O time ficou mais rápido e com mais finalizadores.

Arthur-Navarro-Endrick-Dudu é uma formação que deixou o time muito mais agressivo em todos os setores do ataque e com jogadores que se viram na direção do gol em todas as bolas que recebem.

Não demorou muito para o Palmeiras conseguir a virada, de uma maneira parecida com primeiro gol. Só que dessa vez foi o Arthur que meteu a bola alta nas costas do zagueiro direito. O Gustavo Gómez escorou para dentro da área e o Navarro fez o segundo do Palmeiras.

Já estava merecendo, porque o time mudou, ficando mais intenso e ditando a dinâmica da partida - aí a diferença técnica apareceu. Mas, de qualquer forma, o jogo foi uma pedreira para o Palmeiras, que encontrou muita dificuldade para entrar na partida, principalmente no primeiro tempo.

Existem jogos em que um time precisa que seu técnico trabalhe bem, e foi isso que aconteceu no Morumbi. As alterações do Abel, tanto de jogadores como inversão de lado entre Arthur e Dudu, mudaram o jogo.

Claro que a presença do Gustavo Gómez dá uma segurança enorme na defesa. A mudança do ataque foi incrível com a entrada de Navarro e Endrick, não porque sejam melhores do que os que saíram, mas pelas características diferentes.

A defesa do Cerro Porteño já estava encaixada com o excesso de jogadas aéreas. Só que entraram dois atacantes de velocidade e de finalização, e isso quebrou a organização defensiva do time paraguaio.

Mas ficou evidente que, sem o Raphael Veiga e o Rony, o time perde demais na criatividade e na agressividade ofensiva.

Foi importante demais essa vitória, que era o que interessava para um dos grandes favoritos da competição. Não foi uma partida brilhante, longe disso, mas demonstrou novamente o grande poder de reação que essa equipe tem.

Vitória com as mãos do treinador Abel Ferreira.