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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O 'silêncio dos inocentes': Duilio & Cuca andam juntos apoiados em mentiras

Poster do filme "O Silêncio dos Inocentes", de 1991 - Reprodução
Poster do filme 'O Silêncio dos Inocentes', de 1991 Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

25/04/2023 13h05Atualizada em 25/04/2023 18h03

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Cuca precisa decidir se continua a sua vida mentindo ou se vai ser honesto com a sociedade, porque nenhuma coisa e nem outra apagará o seu envolvimento no estupro da garota suíça de 13 anos.

O Cuca mente descaradamente porque tenta se inocentar com o argumento de que não fez nada.

Vamos deixar claro uma coisa: os exames forenses encontraram sêmen do Cuca no corpo da menina. O advogado da vítima, Willi Egloff, confirmou ao UOL que ela reconheceu Cuca como um dos estupradores.

Mas, independentemente disso, ele estava no quarto, sabendo que tinha uma garota menor de idade junto com ele e mais três amigos, jogadores do Grêmio na época, e não fez absolutamente nada.

Raciocinando como se ele não tivesse encostado na menina: o Cuca não impediu que acontecesse o estupro, mesmo estando no mesmo quarto e ciente do que estava acontecendo. O Cuca não saiu do quarto para pedir ajuda a nenhum representante do Grêmio — treinador, supervisor, chefe da delegação, ninguém. Não ligou para a recepção para pedir ajuda. Ou seja, foi, no mínimo, cúmplice desse crime hediondo.

De inocente o Cuca não tem nada, e ainda criou um personagem santo/religioso para esconder o seu lado sombrio.

Ele e seus comparsas não abrem a boca para nada. E os outros? Não estão acompanhando o que está acontecendo? Uma pessoa verdadeiramente inocente não se calaria, mas sairia em defesa do seu amigo ou comparsa. O "silêncio dos inocentes" mostra que, de inocentes, os três condenados não têm nada.

O futebol brasileiro está contaminado pela falta de princípios e valores. Não basta ter o estuprador Robinho andando pela praia, participando de atos antidemocráticos, brincando em bloquinho de carnaval. Ainda temos também um treinador trabalhando no clube que historicamente sempre defendeu a democracia e as minorias.

Cuca mente sim, mas o Duilio Monteiro Alves mostra a sua verdadeira cara. A cara da falsidade, do autoritarismo, com parceiros importantes nisso tudo. Aqueles que foram consultados e que aprovaram a contratação do Cuca não vão defendê-lo? Ou agora que ficou clara a indignação da grande maioria das pessoas do futebol mudaram de lado?

Duilio Monteiro Alves ficará para a história como o pior presidente e pessoa que presidiu o Sport Club Corinthians Paulista.

Porque o foco não pode ser só o Cuca, e sim quem o contratou e quem foi consultado e aprovou. Quem aprova a contratação de um cara que é condenado por envolvimento no estupro de uma garota de 13 anos e não vê problema algum, não entende a gravidade desse crime.

Claro que pode ser uma coisa mais simples, mas muito nojenta também. Um acordo de machistas, em que se veem uma mulher que é violentada, agredida fisicamente, moralmente, psicologicamente por um homem, apóiam o homem porque se identificam com aquela atitude.

Quando uma pessoa se identifica com o comportamento do outro, raramente se revolta, porque vê semelhança tanto para o bem como para o mal.

O Cuca mente? Muito, e se esconde atrás de uma suposta devoção que não se importa com mentiras, violência e nem com estupros. A sua devoção é para vencer jogos, ser campeão, fazer ótimos trabalhos, e não para aceitar, entender e assumir o que fez de horrendo no passado.

Cuca e Duilio mentem juntos, unidos, e se aceitam através do pacto nojento do machismo.

Até quando o futebol será um jogo sem regra moral? Será preciso colocar um VAR para a vida ser analisada?

Antes que os horrendos machistas venham me perguntar se eu vi o VAR do meu passado, responderei diretamente: claro que sim. Aliás, o VAR, os melhores e os piores momentos da minha vida. E não só eu vi, como todos viram também.