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Futebol mudou e Luxemburgo terá que se adaptar a uma nova linguagem
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O Corinthians tem um jogo importantíssimo pela Libertadores, na Neo Química Arena, contra o Independiente del Valle, nesta terça-feira (2).
É uma chave difícil, porque são três times — Corinthians, Argentinos Jrs e Independiente del Valle — para duas vagas e outra equipe (Liverpool) bem fraca, que será difícil causar algum dano a alguém.
Antes de começar, a minha análise era de que o time do Parque São Jorge deveria ganhar as duas do mais fraco e não perder em casa para os concorrentes.
Mas depois de vencer no Uruguai, perdeu em casa para os argentinos. Por isso, não pode pensar em empatar esta noite para não entrar em desespero. Porque, nos jogos de volta, jogará na Argentina e na Colômbia precisando vencer de qualquer forma.
Não preciso repetir que o Corinthians nada apresentou de futebol este ano, mostrando-se desorganizado em campo. Nenhum treinador desde a saída do Carille conseguiu fazer essa equipe jogar bem.
Para aqueles que usam a vitória, sofrida, contra o Remo, para justificar que o Cuca iria dar certo, esquecem que na estreia dele tomou de três do Goiás.
Agora chegou o Vanderlei Luxemburgo. Conheço o seu trabalho muito bem, porque cobria a seleção brasileira quando ele virou o treinador, fora todos os jogos que comentei de seus times.
Acho o Vanderlei um ótimo treinador, sendo um dos poucos que conseguem enxergar o jogo, percebendo rapidamente que peça mudar ou qual posicionamento trocar.
Seus times normalmente jogam bem, mas isso até a metade da primeira década do novo século. Apesar de ter ganho o Campeonato Paulista de 2020, os seus últimos trabalhos não foram bons e a sua realidade mudou.
Antes ele era contratado para conquistar títulos e depois começou a ser contratado para salvar times, e essa nunca foi a sua praia.
Vamos para o lado prático: Ele vem de uma geração do futebol em que se usava muito a "malandragem" com os jogadores. Todos os treinadores das gerações mais antigas usavam desse linguajar com os jogadores, uns mais, outros menos, mas todos usavam de alguma maneira.
Existiam aqueles que eram autoritários para segurar o ímpeto dos jogadores para saírem e beberem, e outros liberavam para ter o grupo ao seu lado. O estilo do Vanderlei era de ter o grupo com ele e sempre funcionou muito bem, porque a linguagem permaneceu a mesma por muitos anos.
Mas com a chegada das redes sociais e a necessidade de curso para ser treinador, o cenário ficou muito mais profissional e a linguagem do futebol mudou. A "malandragem" funcionava quando o futebol era malandro, mas estamos em outros tempos.
Quantos jogadores do atual elenco do Corinthians já trabalharam com o Vanderlei? Quantos viram seu passado glorioso?
Nenhum. E eu acho que a dificuldade maior será na linguagem e não na tática ou no modo de treinamento.
Os jogadores precisam entender as histórias, as piadas, o tipo de conversa. Aquela coisa do treinador ficar tomando cerveja ou vinho com jogadores não existe mais ou, se existe, ninguém sabe.
Hoje à noite o time precisa ter uma postura diferente, e talvez a chegada do Vanderlei possa ter um efeito motivacional na equipe. Mas de qual forma? Competência ele sempre teve e continua tendo, mas mudou o seu modo de pensar e falar futebol?
O Corinthians não tem outra escolha hoje a não ser vencer essa partida, mas para isso terá que jogar como ainda não fez neste ano.
De qualquer maneira, um bom jogo pode trazer confiança e motivação ao grupo de jogadores, e essa é a primeira tarefa do trabalho de Vanderlei Luxemburgo.
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