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OPINIÃO

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Grandeza do PSG fracassou, e torcida exige jogadores que respeitem o clube

Colunista do UOL

04/05/2023 16h31Atualizada em 05/05/2023 15h20

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O projeto do Paris Saint-Germain Football Club é o mais fracassado que eu já vi, ou melhor, igual aos Galácticos do Real Madrid.

A diferença maior é que o clube francês tentou virar grande forçando a barra, contratando grandes nomes, mas sem critério de posição, pagando muito mais do que os outros clubes. Mas se esqueceu de um detalhe importantíssimo: dinheiro não compra tudo!

A frase clássica é para mostrar que, quem acredita que por ter muito dinheiro, não precisa de conhecimento, de planejamento e nem de pensar.

O PSG achou que dando de tudo para os jogadores compraria o amor e a dedicação pelo clube. Se enganou feio, e nem é preciso entender muito de futebol para sacar que esse projeto jamais daria certo.

Eu fui um daqueles que logo que o Neymar escolheu o dinheiro ao invés dos títulos, achando que lá seria campeão da Champions League, conseguiria ser o melhor do mundo, percebeu e falou que ele estava escolhendo errado.

Foi quando ele foi para o Paris que minhas críticas começaram e todas com motivos, nenhuma vez o critiquei sem que fizesse algo completamente antiprofissional.

Quando foi o Daniel Alves, ficou claro quem mandava naquele clube. Teve cenas péssimas de falta de comando, como quando o Daniel (acusado por estupro) tirou a bola das mãos do Cavani para dar ao Neymar bater a falta, assim como o camisa 10 brasileiro não deixou que o maior artilheiro da história do PSG batesse um pênalti.

Enquanto isso a torcida só observava e acreditava que daria certo.

Os fracassos na Champions foram acontecendo, temporada atrás de temporada, mas todo ano o xeque do Qatar aparecia e contratava alguém a peso de ouro. A torcida se enchia de esperança, e nada.

Chegou o Sergio Ramos, um zagueiro consagrado, campeão do mundo pela Espanha, várias vezes vencedor da Champions pelo Real Madrid. Sem resultado. Foram lá e trouxeram Messi, o maior do mundo, vindo do Barcelona, onde foi supercampeão e era tratado como um Deus. E nada!

Decidiram trazer o melhor goleiro do mundo e campeão da Eurocopa com a Itália, Donnarumma. Nada!

Tudo isso junto com o melhor jogador francês e talvez do mundo na atualidade, Mbappé, que é campeão e vice do mundo com a França. E todos juntos também não deram em nada.

Desses todos que eu citei, o único que se entrega em todos os jogos é o francês. Os outros não conseguiram jogar nem perto do que já tinham mostrado antes, principalmente nos jogos grandes e decisivos no torneio mais esperado, que eram os da Champions League.

O PSG chegou em uma final e, apesar de ter perdido só por 1 a 0 para o Bayern de Munique, jamais causou um susto no time alemão.

Sofreram muitas contusões, principalmente Neymar e Sergio Ramos. O goleiro falhou sempre nos momentos cruciais e Messi, jogando bem às vezes, e só no Campeonato Francês.

E a torcida sempre esperançosa, achando que a qualquer momento esses caras iriam arrasar no continente, e não só em território nacional. Ganharam vários campeonatos e copas nacionais, mas para isso não precisava de todos eles, porque já ganhavam antes.

Para pesar mais negativamente na balança, Neymar cansou de debochar do clube, aparecendo em carnavais mesmo depois de operado, festas e jogos de pôquer até de madrugada, mesmo com o time indo mal.

Ambiente péssimo por causa da falta de profissionalismo. O copo da paciência da torcida esvaziando aos poucos, mas eles sempre acreditando que ganhariam um título importante, porque o time tinha os melhores.

Na Copa passada, Messi foi o campeão e o melhor da competição, e Mbappé foi vice e artilheiro da Copa, mas Neymar fracassou junto com a seleção brasileira.

A volta aos treinos já foi polêmica, porque Mbappé voltou antes para treinar enquanto os outros fazendo festas, cada uma com motivos diferentes: o argentino, obviamente, por ser campeão do mundo, e o brasileiro comemorando não sabemos o quê.

O time mal, sem passar confiança, mas a torcida continuava a acreditar que dessa vez iriam passar pelo Real Madrid e venceriam o tão sonhado título europeu. Mas tudo foi como sempre: eliminação!

Aí a paciência estava só por um fio e até no Francês o PSG começou a perder de todo mundo, com Neymar passando por outra cirurgia no tornozelo e fora da temporada, repetindo anos anteriores.

Mas o que fez secar o pote da paciência foi o Messi ter faltado nos treinos para cumprir um compromisso comercial particular. Aí a torcida pirou e agiu de uma forma desproporcional e condenável, que foi fazer ameaças e ir na porta das casas de Messi e Neymar para ofendê-los, precisando até que o clube mandasse seguranças.

A torcida do PSG se sentiu traída pela falta de profissionalismo dos dois. Neymar, desde quando chegou, e Messi agora.

Compromissos pessoais são em datas que o jogador está livre ou se o clube oficialmente liberá-lo. Pelo que li, foi prometido que se o PSG ganhasse a partida do fim de semana, ele seria liberado na boa. Mas o time perdeu e o Messi desrespeitou o acordo. E é óbvio que a torcida cansou e bateu a ira de se sentir desprezada pelos ídolos. Depois do ocorrido, Messi pediu desculpas e diz que isso não vai se repetir.

Não tem mais volta: ou o PSG recomeça o seu projeto do zero ou passará todo ano do mesmo jeito. Só que agora surgiu um fato novo, a ira da torcida.

Está mais do que na hora de se fazer uma limpeza radical no elenco, porque está provado que nenhum treinador consegue comandar e ser respeitado nesse time. Ninguém conseguiu até agora, porque os ídolos do time são indomáveis.

Gênios indomáveis que num esporte coletivo não funcionam, a não ser que tenham regalias, mas fazer a diferença, não fazem.

A torcida não quer mais Neymar e Messi. O argentino, beleza, quem tiver dinheiro para pagá-lo e ele gostar terá o seu futebol, mas o mais provável é voltar para onde já ganhou tudo e a torcida o idolatra.

O brasileiro ainda está em recuperação da milésima contusão e cirurgia, e não sei se algum time de ponta arriscará contratar um jogador com o histórico de contusão e de festas em horas erradas que ele tem.

Os torcedores isentaram Mbappé de qualquer responsabilidade, mas sabem o motivo? Não é só porque ele é francês e campeão do mundo. Mas porque ele se entrega, não falta em treinos, não está em festas nas horas erradas e se machuca pouco, ou seja, com ele o clube e a torcida podem contar 100%, pelo menos por enquanto.

Só sei de uma coisa: esse processo de transformar o PSG em grande clube foi um fracasso total, e quanto mais insistir com esses mesmos jogadores, menos sucesso terão, assim como menos paciência a torcida terá.

Os parisienses querem algo novo, gente que honre as cores da camisa, que respeite o clube e eles também. Querem ver amor e orgulho para jogar no PSG, e não um desfile de celebridades.