Topo

Casagrande

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

De Bruyne dá show, Haaland perde gols e Gündogan garante vitória ao City

Pep Guardiola comemora gol do Manchester City contra o Leeds - Shaun Botterill/Getty Images
Pep Guardiola comemora gol do Manchester City contra o Leeds Imagem: Shaun Botterill/Getty Images

Colunista do UOL

06/05/2023 14h05

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Neste sábado (5), comecei a manhã assistindo pela GloboNews à coroação do Rei Charles 3º para entrar logo cedo no clima britânico da Premier League, porque era dia de Manchester City x Leeds.

Esta semana é uma das mais importantes para o time de Pep Guardiola. Ao vencer, o seu time deu um grande passo rumo ao título inglês. Assim, vai focar agora no primeiro jogo que poderá conceder ao Manchester City a conquista do histórico título do continente europeu.

Na próxima terça-feira (9), Real Madrid e Manchester City jogam a primeira partida da semifinal da Champions League. A competição mais desejada por todos, mas para o time inglês é a chave que o colocará de vez entre os grandes clubes europeus. E acho, sinceramente, que esse ano eles têm tudo para conquistar o título.

O City fez a contratação certa, a mais precisa, que foi a de Erling Haaland, o norueguês que está batendo recordes atrás de recordes fazendo gols de todos os tipos e em todos os torneios possíveis.

Da coroação de Charles mudei para a ESPN, com Luiz Carlos Largo no comando da narração, comentários de Gustavo Zupak e Renata Ruel, e Natalie Gedra na reportagem. Fui assistir mais uma exibição de gala do City, que, mesmo não tendo feito uma grande partida, venceu o West Ham por 3 a 0 e assumiu a liderança do Inglês, na última quarta.

Dia de coroação e se percebe muita emoção no Etihad Stadium no momento do novo hino "God Save The King".

Guardiola manda a campo uma equipe super ofensiva. Desta vez Jack Grealish ficou no banco, mas entraram em campo Mahrez, Julian Alvarez, De Bruyne, Foden, e Haaland na frente. Um ataque para definir qualquer jogo rapidamente.

A partida começou muito parecida com a anterior, contra o West Ham, com total domínio do City, mas com o Leeds fechadíssimo pensando em um contra ataque - que não acontecia, simplesmente porque não pegavam na bola.

Com Kevin De Bruyne em campo esse time muda completamente, porque ele faz o time todo se movimentar.

E os buracos defensivos do Leeds começam aparecer. Depois de três chegadas perigosas, Mahrez fez uma grande jogada pela direita e achou o Gundogan na área, que chapou de curva e abriu o placar a favor do City.

Logo depois, o City fez uma jogada espetacular com o meia belga. Com muita classe e sutileza, o camisa 17 deixou Haaland livre para bater, mas foi para fora. Haaland é um fenômeno mesmo. Tem qualidades que sobram e diversos modos de fazer gols, mas algumas finalizações não precisam ser na pancada, como nessa jogada específica.

Em seguida o time girou a bola com precisão até chegar em Mahrez, que novamente achou Gundogan livre na frente da área. O meio-campista bateu colocado, com precisão, sem precisar de muita força, deslocando o goleiro, e fazendo seu segundo gol no jogo.

Diferente da última partida, quando o City encontrou muitas dificuldades para quebrar a retranca do West Ham, em 30 minutos já estava um massacre azul e uma vantagem de dois gols no placar.

A grande diferença de um jogo para o outro é exatamente a presença de De Bruyne em campo.

É uma delícia assistir ao time do Guardiola jogar, principalmente em uma temporada que tem o que lhe faltou em todas as anteriores: agressividade e a objetividade ofensiva.

Só para constar que mesmo o Haaland às vezes comete "gafes" futebolísticas, como uma furada na frente do goleiro, por exemplo.

Aos 36 minutos, só por curiosidade, fui checar a posse de bola e estava simplesmente absurda, com 83% ao City e apenas 17% ao Leeds. Gosto de números que realmente mostram a realidade do jogo, e não àqueles que não dizem o que está sendo uma partida.

Outro número legal foi da comentarista de arbitragem da ESPN, Renata Ruel, que destacou apenas sete faltas no confronto aos 42 minutos, e o City só havia feito duas.
Isso mostra uma das grandes diferenças entre o futebol inglês e o brasileiro nesse momento. Poucas faltas, ninguém fica rolando no chão e o jogo fica aberto e gostoso de se ver.

E o primeiro tempo terminou com chute de sem pulo da entrada da área de Phil Foden. Depois, todos para os vestiários. Essa etapa quase não teve um jogo, porque só um time comandou a dinâmica da partida. De Bruyne desfilou toda a sua classe pela passarela do Etihad Stadium.

O segundo tempo já começou com o City indo para cima, e logo de cara Haaland perdeu um gol incrível cabeceando na trave sem o goleiro, mas sem dúvida alguma o norueguês tem crédito de sobra. Além disso, não se abate quando o dia não está favorável porque continua se apresentando para o jogo e tem um senso de posicionamento espetacular dentro da área. Em dias melhores já teria feito uns três gols nesse jogo

O Leeds voltou arriscando um pouco, visto que no primeiro tempo só assistiu o City jogar e tomou um show de bola. Alguma atitude deveria ser tomada, então agrediu mais, porém, sem chances reais de gol.

Só para ilustrar que hoje não era o dia do "cometa". A bola chegou até Haaland, que dominou, girou muito bem, e bateu. Ela foi rasteirinha, sem chance do goleiro Joel Robles chegar, mas parou na trave.

De Bruyne continuou mandando no jogo com muita inteligência, tocando a bola com rapidez, e isso quebra qualquer defesa. Fora que se movimenta e dá opção para quem recebeu o seu passe. É incrível como faz o passe e a ultrapassagem para receber de volta. É um cara que foi um desastre junto com a sua seleção na Copa de 2022, mas voltou jogando como nunca.

Fiz um jogo na Copa que ele foi escolhido o melhor em campo e na entrevista falou assim: "Não sei porque fui escolhido o melhor em campo... deve ter algum engano." Mas nessa partida está dando uma aula de como se joga um meia-atacante criativo e genial.

Aos 75 minutos fui rever a posse para comparar com a do primeiro tempo e continuava desproporcional: City 82% e Leeds 18%. Isso significa que o Leeds pouco pegou na bola para criar jogadas.

A fórmula perfeita do City estava bem desenhada; tem grandes jogadores e fica o tempo todo com a bola, logo, acontecem jogadas espetaculares. Como a de Phil Foden quando deu uma meia-lua no defensor e sofreu um pênalti.

Não foi o Haaland que bateu, porque claramente depois de perder muitas chances estava inseguro. O centroavante pegou a bola e deu para Gundogan, que não converteu.

Na sequência, numa bobeada por falta de concentração da defesa do City, o brasileiro naturalizado espanhol Rodrigo foi lá e fez o gol do Leeds. A partir desse momento, o jogo mudou e o Leeds foi para cima. Os Citizens ficaram preguiçosos, dando bobeira em uma partida que estava tranquilamente ganha.

Quem imaginaria que no final do jogo o City ficou tentando segurar o resultado até em escanteios a favor. Entendo que o desafio da Champions será difícil, só que o desinteresse diante do Leeds gerou riscos eminentes no final.

No fim das contas, o City venceu a partida e colocou quatro pontos de diferença para o Arsenal. Os londrinos terão um jogo difícil amanhã, fora de casa contra o Newcastle, no St. James Park.

Agora a expectativa para Pep Guardiola, que não saiu com uma cara boa contra o Leeds (e com razão), é o confronto em Santiago Bernabéu contra o Real Madrid.