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United vence sem convencer e evidencia ainda mais a falta de centroavante

Garnacho comemora gol marcado durante United x Wolverhampton pelo Inglês - Clive Brunskill/Getty Images
Garnacho comemora gol marcado durante United x Wolverhampton pelo Inglês Imagem: Clive Brunskill/Getty Images

Colunista do UOL

13/05/2023 15h14

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Comecei este sábado (13) assistindo aos jogos da Premier League, que infelizmente está quase no fim da temporada.

Manchester United x Wolves jogaram no Old Trafford, também conhecido como o "Teatro dos Sonhos".

Já estamos na primavera na Europa e vemos aquele "solzinho" quente deixando o início do jogo com a temperatura de 20°c, com a torcida lotando estádio e "morrendo" de calor.

O time de Erik ten Hag caiu muito nos últimos tempos, sendo eliminado da Liga Europa pelo Sevilla e perdendo os últimos dois jogos na Premier League por 1 a 0, para Brighton e West Ham. Mas, ainda tem dois importantes objetivos que são: se manter entre os primeiros para voltar a jogar na Champions League e disputar o título da Copa da Inglaterra contra o rival da cidade, o forte Manchester City.

Gosto muito quando os Red Devils entram com a dupla de volantes formada por Casemiro, que para mim é o grande jogador brasileiro da sua geração e marca e sai para o jogo com muita agressividade, e o ótimo dinamarquês Eriksen, que é muito inteligente, técnico, com passes precisos fazendo o time sair de trás com muita qualidade.

O Wolves se apresenta para esse confronto já sem riscos de rebaixamento e com uma dupla de ataque formada pelo brasileiro Matheus Cunha e o híspano brasileiro Diego Costa, que conhecemos muito bem. Dois atacantes altos, com muita força e ótimos finalizadores, mas acho que o Matheus ainda não conseguiu ser aquele centroavante que esperávamos e o Diego Costa luta muito, mas muitas vezes passa do ponto no jogo duro.

O jogo começou com o United indo para cima tentando ditar o ritmo do jogo, mas encontrando dificuldade porque os Wolves entraram fechados com a estratégia de usar o contra-ataque para tentar surpreender.

Nos primeiros 20 minutos, o brasileiro Antony era o atacante mais agressivo, buscando sempre clarear para usar o chute da entrada da área, mas sem que seu time fizesse jogadas agudas deixando claro que precisa de um centroavante de peso.

Os Reds Devils, para poderem entrar fortes em todas as competições na próxima temporada, precisam ter um grande centroavante que aumente o número de gols da equipe e marque presença dentro da área. Se fala muito em Harry Kane, que para mim seria o máximo vê-lo comandando o ataque do United.

O time precisa demais dessa vitória, mas para conseguir precisa tem mais intensidade no jogo, marcar pressão para dificultar a saída de bola para forçar o erro defensivo dos Wolves.

Até os 30 minutos, o United só tinha acertado um chute na direção do gol, e os Wolves nenhum, só para ilustrar a dificuldade ofensiva dos times. A principal jogada foi num cruzamento do ótimo lateral Luke Shaw, com o Antony perdendo um gol feito de cabeça. Mas, logo em seguida, numa bela jogada do Bruno Fernandes, que tocou para o Antony na frente do gol, o brasileiro, ao invés de chutar, deu uma grande assistência para o Martial, que só deu um tapa para o gol com o goleiro já fora do lance fazendo o Old Trafford ferver.

O jogo continuou sem empolgar muito, com o United jogando melhor mas, na minha opinião, poderia ter uma agressividade ofensiva mais intensa e apertar mais os Wolves.

No final, o Antony saiu numa velocidade impressionante desde a sua área até chegar na do adversário dando outro passe para o Martial bater fraco depois de todo o esforço do brasileiro.

O Manchester United foi para vestiário vencendo por 1 x 0 e, apesar de ter acertando quatro chutes no gol contra zero, precisava voltar mais agressivo, colocando uma forte intensidade no jogo para não correr o risco de sofrer o empate.

Quando jogava na Itália, sempre acompanhava o Campeonato Inglês aos sábados, enquanto estava concentrado para jogar no domingo. Naquela época, os jogos do Campeonato Italiano eram só aos domingos e no mesmo horário, então dava para acompanhar bem o Inglês.

Foi uma pena que até o meu penúltimo ano de Itália os times ingleses estavam suspensos de todas as competições europeias. A suspensão aconteceu por causa da tragédia de Heysel, na Bélgica, no dia 29 de maio de 1985, na final da Champions entre Juventus x Liverpool, vencida por 1 x 0 pela Velha Senhora.

Essa tragédia fez o mercado na Inglaterra ficar fechado, o que foi uma pena porque eu gostaria muito de ter a oportunidade de jogar no futebol inglês e, de preferência, no Manchester United.

O segundo tempo começou com o time do Ten Hag indo para cima, mas encontrando dificuldade para clarear as jogadas muito porque o treinador Lopetegui armou uma ótima estratégia defensiva, que apesar de estar perdendo, estava funcionando bem. Mas, também fez seu time arriscar um pouco mais, sendo mais agressivo ofensivamente, conseguindo pressionar e criar problemas, porém sem fazer De Gea trabalhar.

O Manchester United, com elenco completo e em forma, é uma equipe forte, faltando, como falei, um grande centroavante na área, um cara que deixe a defesa adversária sempre tensa. Por exemplo, Tottenham, City, Newcastle, Liverpool, Arsenal e outras equipes da Premier League têm esse jogador no time. Sem contar os grandes europeus que disputam a Champions League. Por isso, o United não pode entrar a próxima temporada sem ter um atacante desses.

Outro problema ofensivo é que o time demora uma eternidade para fazer uma jogada de ataque aguda, levando tempo para finalizar a jogada, mas, para conseguir isso, precisa apertar a saída de bola quando jogar em casa para aumentar a pressão da defesa adversária. Não dá para deixar a defesa do Wolves tocar de um lado para o outro sem ser pressionada.

O time do Lopetegui tem o pior ataque do campeonato, sendo que o Matheus Cunha foi substituído no intervalo porque não pegou na bola no primeiro tempo, entrando o sul coreano Hwang Hee-Chan, que joga pelo lado, deixando o time mais rápido, mas errando muito. Aos 30 minutos da etapa final também saiu o Diego Costa, outro que não fez nada no jogo.

Do lado United, Sancho ficou devendo enquanto, Martial, que foi mal, saiu para a entrada do holandês Weghorst, que ainda não marcou na Premier League, o que só mostra a urgência que o time tem para contratar um centroavante respeitável.

Logo depois, Sancho, que só fez uma jogada, também saiu para a entrada do jovem argentino, que nasceu na Espanha, Garnacho, na tentativa de colocar mais agressividade pelo lado esquerdo com mais lucidez.

A inteligência futebolística e a criatividade do Bruno Fernandes às vezes não é acompanhada pelos atacantes do seu time.

Apesar da falta de agressividade ofensiva do United, o melhor jogador do jogo foi o goleiro Bentley, do Wolves, porque ele defendeu muito bem as poucas bolas difíceis que foram ao gol.

Depois de tomar uma pressão do Wolves no final do jogo, o time de Ten Hag armou um contra-ataque de manual. O ótimo Bruno Fernandes tocou para o garoto Garnacho sair em velocidade e, com muita técnica, ele fez o lateral Nélson Semedo dançar, para depois dar um tapa e acabar com o jogo dando a vitória ao Manchester United por 2 x 0.

Vitória merecida dos Red Devils, que, mesmo assim, não fizeram uma boa partida. Para se garantir na próxima Champions sem depender de ninguém, o time precisa vencer os últimos três jogos.

O Manchester United, nos três últimos jogos, irá enfrentar, fora de casa, o Bournemouth já na próxima rodada. Depois, terminará o campeonato jogando os últimos dois duelos no templo de Old Trafford, contra o Chelsea e Fulham. Precisará jogar bem mais para fazer os nove pontos que precisa