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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Jogadores devem tomar as rédeas contra o racismo e toda discriminação

Martin Luther King Jr. - France Presse
Martin Luther King Jr. Imagem: France Presse

Colunista do UOL

23/05/2023 14h16

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"EU TENHO UM SONHO"

É assim que ficou conhecido na história o emocionante discurso feito pelo dr. Martin Luther King, em 28 de agosto de 1963, na marcha contra a política racial e pelos direitos civis dos negros americanos em Washington.

Isso foi 60 anos atrás e parece que o mundo ainda não conseguiu entender que as pessoas devem ser respeitadas independentemente da cor da pele, do gênero, da classe social e de todas as diferenças que possamos ter.

O racismo está presente na sociedade mundial cada vez mais violento, agressivo e, pior, voltou a ter perseguição pessoal.

Não podemos esquecer das mortes causadas por policiais contra pessoas negras em todos os cantos.

Como esquecer o assassinato ao vivo do cidadão negro George Floyd, em Minneapolis (EUA), no dia 25 de maio de 2020, que fará 3 anos na próxima quinta-feira? Ou de todas as mortes de crianças negras nos morros do Rio de Janeiro causadas por policiais despreparados e protegidos pelo Estado?

A sociedade mundial não está percebendo que os racistas estão ganhando terreno e agora começaram a fazer perseguição pessoal. Temos como exemplo o que está acontecendo com Vinícius Jr na Espanha.

Essa supremacia branca está atacando violentamente, odiosamente, um jovem negro que nasceu pobre e que está conquistando o mundo através do seu enorme talento, pela sua alegria, pela sua simpatia, mas também por bater de frente com esse grupo organizado de racistas.

Sim, eles querem destruir um negro vitorioso que está tendo uma influência fortíssima no combate ao racismo no mundo.

É só olhar quantas pessoas que sempre estiveram em lutas antirracistas do esporte, ou não, que estão se solidarizando e apoiando o Vinicius Jr.

Os apoios verdadeiros e sinceros, porque tem gente que está sendo solidário com o Vini mas defende atletas homofóbicos e aquele que incitou e desafiou quem teria coragem de assassinar o presidente Lula com um tiro em seu rosto.

É isso mesmo, srs. Racistas. Esse garoto está expondo todos vocês e essa agressividade toda é porque ele está ferindo o ódio de vocês através da alegria.

Ele está conseguindo levar essa discussão para o plano diplomático e isso é inédito no mundo, principalmente no esporte, e o governo brasileiro está mostrando como se deve agir nesses casos. Porque os torcedores que tinham sido detidos por racismo contra o Vinicius Jr já foram liberados.

Estamos presenciando um momento que ficará para história não só do esporte, mas também na história política-social do mundo.

Está sendo um marco para a luta antirracista, porque mexeu com todas as pessoas que não querem mais conviver com o ódio do racismo.

Essa luta não é só das pessoas negras, mas sim de todos nós. Só iremos conseguir algo importante com a união da sociedade mundial, esportista ou não.

A nossa ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, tomou providência imediatamente, porque é uma mulher forte, guerreira, que enfrenta esse tipo de gente há muito tempo e sabe que não pode deixar essa perseguição ao Vinícius Jr cair no esquecimento.

Temos que cobrar uma atitude da Fifa, Uefa, La Liga, Real Madrid e de todos os jogadores de futebol.

Os campeonatos da próxima temporada europeia não deveriam recomeçar sem que algo de concreto aconteça em relação a esses casos de racismo na Espanha.

Não agir com impulsividade, tentando consertar o mundo parando tudo agora, mas sim com uma atitude organizada, pensada, com a participação de todas as ligas e clubes, exigindo alguma coisa de concreto urgente, e apresentando uma solução para pelo menos prevenir que esses atos voltem acontecer.

Não é só com punições que irá se resolver esses casos covardes. Precisará ter um consenso e ter uma atitude definida caso isso volte acontecer.

A Associação Mundial dos jogadores de futebol deve tomar uma atitude e ter efetividade. Verdadeiros líderes do futebol deveriam se unir umas quatro vezes por ano e discutir o que os jogadores podem fazer para melhorar o futebol em todos os sentidos.

Que tipo de atitudes podem tomar nos casos de racismo, homofobia, violência, machismo dentro dos estádios.

Não se pode mais entrar em campo, jogar e pronto. Os jogadores precisam se preocupar com o que está acontecendo dentro dos estádios porque os artistas são eles. E não existe espetáculo sem os artistas da bola.

Os jogadores precisam tomar as rédeas do futebol porque já está provado que dirigentes só se interessam pelo dinheiro e não pelo esporte.