Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Gabriel pode contestar uma notícia, mas não precisava esperar uma vitória
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Quando alguma coisa não é verdade, para que a nossa resposta tenha credibilidade é preciso ser dita em voz alta, como fez o Gabriel Barbosa. O que para mim tira um pouco do poder da resposta é esperar vencer uma partida ou fazer um gol para dizer o que pensa.
Essa conversa de que o elenco do Flamengo estava rachado saiu no começo da semana, mas a resposta só veio depois da vitória contra o Fluminense.
Por que não veio logo depois dessa notícia "supostamente" falsa? Não estou colocando em dúvida a resposta do Gabriel, mas contesto porque esperar a vitória para falar. Mas também não posso desacreditar da informação dada pela imprensa.
Gabriel poderia ter dado uma entrevista coletiva no começo da semana para dizer tudo o que disse depois do jogo.
Se o Flamengo tivesse perdido e sido eliminado, não teria resposta alguma? Então iríamos ter certeza de que o racha do grupo era verdade.
Eu sempre cobro os jogadores para se posicionarem sobre qualquer assunto e achei que o Gabriel tem todo o direito para responder, principalmente quando é direto para uma das pessoas que ele diz ter espalhado a "fofoca", como ele classificou.
Dizer que o Flamengo não é um Big Brother deixou claro o quanto está incomodando, não só os jogadores do Flamengo, mas sim todas as pessoas que não se sentem livres por serem observadas o tempo todo.
Eu concordo com o Gabriel no ponto em que boa parte da imprensa esportiva se aproximou do jornalismo sensacionalista e vive criando histórias, com matérias e títulos nada a ver com a notícia para ganhar cliques.
E o pior é que mesmo não sendo real não se incomodam, assim como notícias plantadas viram verdades por um tempinho, depois somem, e ninguém se explica.
Eu fui jogador na época de um jornal categoricamente sensacionalista chamado Notícias Populares. Esse jornal trazia as manchetes mais bizarras que se possa imaginar, sobre todos os assuntos, e tinha na sua página de esportes a mesma linha. Não foi uma e nem duas vezes que vi jogadores enquadrando o repórter desse jornal que cobria o Corinthians.
Eu mesmo, pela minha filosofia de vida, fui vítima de diversas manchetes desse jornal nos anos de 1982 e 83, e não gostei da maioria das vezes. Ia conversar com o setorista no Parque São Jorge, mas não adiantava, porque era o estilo do Notícias Populares. Mas, na maioria das vezes, os leitores não levavam em consideração as manchetes.
Naquela época as notícias eram mais lentas para aparecer porque não existiam as redes sociais, mas também demoravam muito para desaparecer, diferentemente de hoje em dia, em que o volume de notícias é frenético. Hoje é muito pesado, porque a velocidade com que uma notícia se espalha é espantosa e vira verdade mesmo.
As narrativas, na maioria das vezes, são negativas porque atraem mais visualizações e, muitas vezes, aumentam os seguidores de quem soltou a notícia e do veículo também. Eu acho que essa questão deveria ser refletida com seriedade e interesse de todos os lados.
Eu vejo como oportunismo esperar estar por cima para falar o que pensa. Isso é usar o "poder" do momento para desclassificar o outro.
Para emitir a opinião com total credibilidade, caso se sinta injustiçado, vítima de mentiras e "fofocas", precisa ser na hora da indignação. E não ficar esperando um momento favorável para se expressar, tentando ridicularizar a outra pessoa ao vivo.
Repito, acho que todos que se sentirem prejudicados por informação jornalística têm o direito de confrontar, em nome da verdade dos fatos. Mas para se ter o efeito esperado não pode esperar um momento favorável para fazê-lo.
Foi uma fofoca que o grupo do Flamengo está rachado em duas turmas? Não sabemos.
A resposta do Gabriel desmentindo essa situação é verdadeira? Também não sabemos.
Mas se ela tivesse sido feita logo em seguida que essa "notícia" saiu, eu acreditaria plenamente no Gabriel. Porém ele esperou a vitória e, para mim. perde o valor.
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