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Palmeiras mostra o poder de reação de times que ficam para a história

Equipe do Palmeiras posa antes do jogo contra o Barcelona, pela Libertadores - Alexandre Schneider/Getty Images
Equipe do Palmeiras posa antes do jogo contra o Barcelona, pela Libertadores Imagem: Alexandre Schneider/Getty Images

Colunista do UOL

08/06/2023 09h34

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Como não reconhecer que o Palmeiras é o melhor time da América do Sul e que Abel Ferreira também é o melhor treinador do nosso continente?

Abel sofre com a sua intensidade na área técnica, com seus comportamentos algumas vezes exagerados.

Ele passou dos limites quando puxou o celular do jornalista no Mineirão? Sim. Mas isso não apaga a sua genialidade como técnico de futebol e como trabalha mentalmente o seu time.

O Palmeiras fez um bom primeiro tempo, criando diversas chances de gol, e foi surpreendido pelo Barcelona do Equador, que fez 2 x 0.

Estava assistindo e achei que seria aquele tipo de jogo em que o Palmeiras iria para cima que nem louco e correria o risco de tomar mais gols.

Mas, a partir do primeiro gol, feito pelo ótimo zagueiro Gustavo Gómez, o jogo acabou. Só um time jogou. Foi um atropelo incessante, com uma agressividade incrível e consciente.

Essa mudança aconteceu com a coragem e a ousadia do Abel Ferreira, tirando o volante Gabriel Menino e colocando outro centroavante, Flaco López. Sem contar a forma com que deve ter mexido com o brio de seus jogadores, mas mantendo o equilíbrio psicológico do time.

Não demorou muito e o lateral Piquerez fez um belo gol de sem-pulo, empatando a partida. Daí em diante, o Verdão parecia uma locomotiva atômica, que alcançava uma velocidade incrível sem descarrilar. Foi colocando a defesa equatoriana em pânico o tempo todo e criando uma chance atrás da outra.

E, numa bela jogada com o Piquerez cruzando, o "touro" Rony cabeceando, para o goleiro Mendoza fazer um milagre. Só que a bola se ofereceu para o Artur, que fez o gol da virada de 3 x 2.

Mesmo alcançando o primeiro objetivo, que era virar o jogo, o Palmeiras não se acomodou e continuou se defendendo, sendo agressivo, ou seja, empurrando o Barcelona para trás em busca de mais gols.

No final, ele fez mais algumas mudanças, como a entrada do garoto Endrick.

Em seguida, num cruzamento, Flaco López subiu bem, cabeceou forte com a bola explodindo no travessão, e caindo nos pés do Endrick. Aí, como narrava o maravilhoso José Silvério, a bola pediu: "me chuta, me chuta!". E o Endrick chutou para marcar o quarto gol palmeirense.

O Palmeiras é forte demais. Acelera e diminui a intensidade quando bem quiser dentro de uma única partida.

É o favorito em todos os torneios que está disputando, mas isso não lhe garante nenhuma conquista, porque no futebol tudo pode acontecer. Mas não acredito que não consiga ser campeão pelo menos de um deles.

Time mais organizado, entrosado e pronto, dirigido pelo mesmo treinador há quase três anos, que tem total conhecimento de todos do seu elenco, sabendo quando e como usá-los.

O Palmeiras demonstrou que sabemos que é um time muito poderoso, mas não temos noção de quanto. A cada dificuldade, essa equipe mostra um poder de reação incrível e, às vezes, inesperado.

Quando achamos que o jogo está perdido, o Palmeiras reage com uma potência que mostra que, no momento, é um time difícil de encarar.

Agora muda o foco, e encara o São Paulo pelo Brasileiro, domingo à tarde, no Morumbi. Será um jogo muito difícil, mas nada é impossível para o Verdão do Abel Ferreira.