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OPINIÃO

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Três fatos novos no Brasileirão e as contradições de sempre de Duílio

Colunista do UOL

22/06/2023 09h56

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Aconteceram três fatos novos e um comportamento repetitivo no Campeonato Brasileiro nessa rodada de quarta-feira (21).

O primeiro fato novo foi a vitória do Corinthians por 2 a 0 contra o Santos na histórica Vila Belmiro. O time do Parque São Jorge havia feito, antes deste jogo, cinco partidas fora de casa e tinha perdido todas, jogando muito mal. Perdeu para o Goiás (3 x 1), Botafogo (3 x 0), Flamengo (1 x 0), Palmeiras (2 x 1) e América MG (2 x 0) e, em todas essas derrotas, só havia jogado bem contra o Flamengo. Em todas as outras, foi dominado e poderia ter perdido de mais.

Mas, apesar de uma ida turbulenta até a cidade de Santos, porque o ônibus foi na véspera do jogo, mas teve que voltar pela agressividade e revolta da sua torcida, o presidente Duílio Monteiro Alves disse na entrevista depois do jogo que irá "rever" o modo do clube se relacionar com os torcedores. Podemos dizer que ele "jogou para a torcida", já que não mudará nada porque o Duílio é daqueles que dá entrevista coletiva quando o time ganha, mas quando perde se esconde. Se tivesse perdido, falaria a mesma coisa? Ou melhor, será que falaria algo? Se fosse firme, teria dado uma coletiva na terça-feira (20) quando tiveram que retornar a São Paulo por causa das ameaças dos torcedores.

Voltando ao resultado, que foi a primeira vitória fora de casa no campeonato merecidamente porque jogou melhor que o Santos, principalmente no primeiro tempo quando fez os dois gols. Mas não dá para se empolgar porque, na verdade, não apresentou um futebol consistente e pegou um time que estava numa crise parecida. Mas precisava quebrar essa sequência negativa de só perder fora da Neo Química Arena.

O segundo fato novo foi que finalmente Yuri Alberto voltou a marcar um gol nesse campeonato. Ufa! Mas continua finalizando muito mal, porque havia perdido um gol um pouco antes na frente do goleiro João Paulo e finalizou torto e a bola saiu pela linha de fundo longe do gol. No lance do gol também finalizou torto e a bola iria sair pela linha de fundo, mas bateu no jogador santista e entrou. Um centroavante precisa ter precisão na hora de finalizar e o Yuri Alberto precisa treinar muito para melhorar nesse ponto.

A terceira situação nova foi a queda do último invicto do campeonato lá na linda Salvador de Todos os Santos. O Palmeiras fez uma partida fraca em todos os sentidos, principalmente na intensidade do seu jogo, que é uma das forças dessa equipe. Criou muito pouco, chutou pouco de fora da área assim como perdeu toda a sua agressividade ofensiva com as ausências dos selecionáveis Raphael Veiga e Roni. Não adianta só parar o campeonato para as datas Fifa; precisa também dar tempo para os jogadores voltarem a ficar à disposição dos seus treinadores.

Mas isso não é uma justificativa para o fraco rendimento do time de Abel Ferreira, que sofreu o gol nos acréscimos em uma jogada envolvente do Bahia. O Palmeiras poderá ficar cinco pontos atrás do Botafogo se o time carioca vencer o Cuiabá na quinta-feira (22). Nos campeonatos de pontos corridos, o empate é péssimo e pode ser o ponto de desequilíbrio entre os dois times. Enquanto o Botafogo ainda não empatou, o Palmeiras já empatou quatro vezes. Mesmo com a invencibilidade até a derrota para o Bahia, o Verdão não estava conseguindo alcançar o Botafogo, que já havia perdido duas vezes. No próximo domingo (25), os dois times se enfrentarão no Allianz Parque e, dependendo do resultado de Cuiabá, saberemos se o Palmeiras poderá passar pela primeira vez para a liderança vencendo o Botafogo.

Agora, quero falar sobre o comportamento repetitivo da torcida do Santos na derrota para o Corinthians. Novamente na Vila Belmiro, o jogo acabou por motivos de comportamento agressivo da torcida santista, que soltou rojões dentro do campo revoltados pela derrota, mas também pelo péssimo futebol apresentado pelo seu time. Como conseguiram entrar com rojões no estádio? Algo muito grave poderia ter acontecido, como na Bolívia, quando alguns torcedores do Corinthians jogaram um sinalizador na torcida adversária e um garoto veio a falecer. No ano passado, nesse mesmo clássico, houve uma invasão em campo e Cássio só não foi agredido pelas costas porque o centroavante Marcos Leonardo interveio e nenhuma punição aconteceu.

Punição? O Corinthians foi punido no STJD pelos gritos homofóbicos da torcida contra o São Paulo, mas o clube entrou com um pedido de efeito suspensivo e o mesmo STJD aceitou. Ou seja, Duílio Monteiro Alves diz que mudará o modo do clube de se relacionar com a torcida, mas é conivente com os gritos homofóbicos. Os clubes deveriam ser os primeiros a punir seus torcedores, mas fazem ao contrário e se comportam como advogados de defesa dos preconceituosos, violentos e vândalos que torcem para seus times. Tudo é uma vergonha nesses casos: o péssimo comportamento de alguns torcedores, a falta de pulso do STJD e a inacreditável conivência dos clubes com esses comportamentos agressivos dentro dos estádios.

Como as coisas irão mudar se os próprios clubes agem em defesa desses "torcedores"? É tudo contraditório, assim como a fala do presidente do Corinthians, que diz uma coisa, mas age de outra maneira. Diz que quer rever a relação com a torcida e ao mesmo tempo age como advogado de defesa deles. O problema no futebol brasileiro é que a grande maioria "joga para a torcida", achando que as pessoas são imbecis. O Santos precisa de uma punição severa pelos fatos repetitivos que acontecem em seu estádio.