Topo

Casagrande

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Dorival Jr em ascensão, enquanto Diniz está com prazo de validade vencido

Luciano é abraçado após marcar em São Paulo x Fluminense, duelo do Campeonato Brasileiro - Carla Carniel/Reuters
Luciano é abraçado após marcar em São Paulo x Fluminense, duelo do Campeonato Brasileiro Imagem: Carla Carniel/Reuters

Colunista do UOL

01/07/2023 18h52

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A minha expectativa era bem grande em relação ao jogo desta tarde no Morumbi. São Paulo x Fluminense, um grande clássico de tricolores, mas o que vi no primeiro tempo foi um jogo sem criatividade, sem agressividade, sem técnica, que são características de um jogo feio.

Então, sobre essa parte de jogo, não tenho nada para escrever. E nem o Premiere, com os meus amigos Everaldo Marques (cantou bem Roupa Nova), Serginho Xavier (grande maratonista) e Paulo Nunes (faz falta um jogador como ele), conseguiu fazer os melhores momentos.

Portanto, vou escrever só sobre o segundo tempo, que inclusive teve um time louco para ganhar, que chama São Paulo Futebol Clube, e outro com um jogo covarde, que se chama Fluminense Football Club.

Foi martelada do começo ao fim, com o Fábio fazendo defesas espetaculares. Vou repetir o que falei diversas vezes: os times treinados por Fernando Diniz têm prazo de validade, e parece que esse prazo chegou ao fim no tricolor carioca. Acabou a ofensividade, acabou a magia, acabou a criatividade e acabou a genialidade. Está muito parecido com o que aconteceu no próprio São Paulo no campeonato de 2020.

Já o tricolor paulista, com o Dorival Júnior, tem outra cara, muito mais seguro em campo, jogadores com confiança e com um desenho tático definido. Nada de espetacular, não jogará pelo título no Campeonato Brasileiro, mas pode, de repente, conquistar a Copa Sul-Americana ou a Copa do Brasil, se conseguir passar pela grande potência da América do Sul chamada Sociedade Esportiva Palmeiras, decisão que começará nesse meio de semana.

Mas nesse jogo o São Paulo voltou para a etapa final com uma postura completamente diferente do primeiro tempo. Empurrou o Fluminense para trás, marcou a saída de bola, forçou o erro, mas tudo facilitado pela postura ultraconservadora do tricolor carioca. Foi um atropelo até chegar ao gol do camisa 10, Luciano, que fez o estádio do Morumbi explodir.

Um gol decisivo, importante, de um jogador que gosto muito por finalizar bem, ter técnica e presença de área. Aliás, sempre teve, e quando estava no seu melhor momento no Corinthians, rompeu os ligamentos cruzados numa partida na Vila Belmiro, contra o Santos.

Gosto muito do Dorival Jr como pessoa e também como treinador, mas tenho uma crítica a fazer, não só a ele, mas para todos os treinadores brasileiros. Assim que o São Paulo marcou, ele substituiu o Luciano, que tinha acabado de fazer o gol, e colocou o lateral Nathan.

Quando um jogador marca um gol, se enche de moral, a confiança sobe ao máximo, e a possibilidade dele desequilibrar a partida é enorme. Quando o treinador tira o atacante e coloca um defensor, ele manda uma mensagem ao outro time de que irá recuar, e isso é um hábito do treinador brasileiro.

Além dos grandes jogadores e da parte tática, essa mentalidade do futebol brasileiro é uma das grandes diferenças com o futebol europeu. Para quem acompanha a Premier League, sabe que mesmo os times que estão lá embaixo na tabela definem um treinador fazendo isso.

Fora isso, foi uma grande vitória do São Paulo, com o Dorival mexendo bem no time no intervalo e também durante o segundo tempo, fora essa última do Luciano. O São Paulo alcançou um equilíbrio de rendimento que talvez dê para lutar por uma vaga na próxima Libertadores no próprio Brasileirão.

Enquanto isso o Fluminense está em queda livre, tanto no Brasileiro como na Libertadores, depois do empate em casa com o Sporting Cristal, que se vencesse eliminaria o time do Fernando Diniz. O São Paulo do Dorival Jr é superior ao de Rogério Ceni em todos os sentidos, mas se destaca o ambiente e a paz que o Dorival trouxe ao clube, principalmente ao elenco.