Santos vive pior fase de sua história e corre risco real de ser rebaixado
Quero falar e debater sobre a situação do Santos Futebol Clube, um dos times mais conhecidos na história do futebol mundial.
Quando era pequeno, numa família de corintianos fanáticos, só ouvia falar em Corinthians, Rivellino, Santos e Pelé. Existia um tabu enorme sem vitórias do Corinthians contra o Santos, e o Rei adorava fazer gols nesse clássico. Até chegar 1968, quando esse tabu foi quebrado com gols de Paulo Borges e Flávio.
Mas, na verdade, mudou pouca coisa, porque o Pelé continuou, por muito tempo, fazendo golaços e muitas vezes goleando.
Mas eu quero entrar na situação atual do time da Vila Belmiro, que, na minha opinião, é a pior que já vi. Com a aposentadoria de Pelé, o Santos teve muita dificuldade para estruturar um novo time que representasse bem a sua história, sem contar que, entre 74/75/76, queimou diversos jovens que surgiam porque sempre era um "novo Pelé", e ninguém segurava essa comparação porque era impossível.
Em 1976, o campeonato teve a primeira fase com três grupos, divididos em seis times cada, e se classificavam quatro de cada grupo, completando 12 times para a fase final, que foi em pontos corridos, com o Palmeiras sendo o campeão, e o Santos nem ficou entre os classificados de seu grupo, portanto, não disputou a fase final.
Em 1977, começou a se formar um bom time, mas mesmo assim só ficou em oitavo lugar, até que no ano seguinte (1978), veio o primeiro time dos "meninos da vila" conseguindo ganhar o título em cima do São Paulo.
Era um time espetacular, principalmente do meio para frente, com Clodoaldo, Ailton Lira e Pita formando o meio-campo para alimentar um ataque fabuloso com Nilton Batata, Juary e João Paulo.
Esse time voltaria a fazer a final de 1980 novamente contra o tricolor, mas dessa vez perderia.
Teve um ano regular em 1981 e muito ruim em 1982, mas começou a formar um grande time novamente em 1983, contratando jogadores de peso como Serginho Chulapa, Dema, Paulo Isidoro, Lino e Humberto, chegando à final do Campeonato Brasileiro. E com as chegadas do fantástico goleiro uruguaio Rodolfo Rodrigues e de Zé Sérgio, conquistou o título paulista de 1984, depois de seis anos.
E aí entrou numa fase bem difícil, mesmo vencendo o Torneio Rio-São São Paulo em 1997 e a já extinta Copa Conmebol em 1998.
Mas outro grande time só foi aparecer em 2002, entrando numa era em que conquistou vários títulos entre brasileiros e um bi paulista. Essa geração, liderada por Robinho e Diego, teve continuidade com a geração do Neymar, fazendo os santistas viajarem ao passado da era de ouro do Santos.
Essa geração ganhou a Libertadores da América em 2011, depois de 48 anos, e também voltando a ser tricampeã paulista (como acontecia sempre nos velhos tempos), um outro bicampeonato e a Copa do Brasil de 2010.
Depois disso, as coisas foram caindo, dívidas aumentando, mudanças constantes de treinadores, muitas contratações com poucas dando certo.
Teve um curto período animador sendo vice-brasileiro em 2019 e também vice da Libertadores em 2020, e aí sim começou a descer a ladeira até chegar à situação em que se encontra hoje, que para mim é a pior que já vi.
Dois anos seguidos jogando para fugir do rebaixamento no Campeonato Paulista e agora assustando todo mundo, santista ou não.
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OLHAR APURADO
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Quero receberUm time frágil que facilmente é derrotado em casa ou fora, como aconteceu com o Corinthians (0 x 2), e no último domingo, sendo arrasado pelo São Paulo no Morumbi por 4 x 1.
Joguei junto e contra o Paulo Roberto Falcão, fomos juntos para a Copa de 1986, trabalhamos anos fazendo grandes jogos como comentaristas da TV Globo e somos muito amigos, mas não concordo com a última entrevista que vi dele depois da derrota de domingo.
Contratando três ou quatro jogadores, ajudarão o Santos a fazer um resto de campeonato tranquilo, mas sem chance alguma de lutar por vaga na Libertadores.
O time terá que reagir jogando sem público pelo péssimo comportamento de seus torcedores. É o momento mais delicado da história do Santos porque está correndo riscos de rebaixamento, sim.
Terá que começar a jogar como não joga nos últimos três anos, precisa vencer e convencer, e isso não acontece em muitos jogos. Precisa parar de tomar gols, porque nas últimas quatro partidas tomou 15 e só fez sete. Será impossível reagir dessa maneira.
Precisa contratar jogadores para serem titulares, porque não adianta ir atrás de jogadores iguais aos que já tem, porque é necessário, com urgência, aumentar a qualidade técnica desse grupo.
Os últimos quatro jogos do primeiro turno e, consequentemente, na reta final do campeonato, serão muito difíceis.
Nesse final de semana, terá, com a Vila vazia, o líder Botafogo. Na sequência, irá ao Maracanã enfrentar o Fluminense. Na penúltima rodada, novamente sem público, terá pela frente o forte Athletico-PR e, por último, irá ao Castelão lotado jogar com o Fortaleza.
Todos esses jogos são contra equipes bem melhores, e o Santos corre o risco de perder todas, deixando a situação ficar insustentável.
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