O Nilton Santos virou o antigo Canecão: a melhor casa de shows do Rio

O Bahia era o adversário da vez, com uma grande história, mas num péssimo momento. Para se ter uma ideia da diferença do momento dos clubes, o Botafogo, com essa vitória, ficou com 30 pontos à frente do time baiano, que era o primeiro fora da zona do rebaixamento.

É uma delícia assistir ao jogo do Botafogo porque é um time muito organizado, focado, intenso, dinâmico e com ótimos jogadores. Um time que marca forte e saía para o ataque com muita velocidade, pegando sempre a defesa adversária desarrumada.

Outra novidade foi o Diego Costa saindo como titular da equipe do Bruno Lage e logo de cara já marcando seu primeiro gol com a belíssima camisa preta e branca da estrela solitária. Ele tem uma forte presença de área, protege muito bem a bola, conhece todos os espaços dentro da área e é também um atacante de combate. Tanto que na sua carreira tomou muitos cartões com muitas expulsões e hoje tomou um amarelo antes dos 20 minutos.

Também é muito gostoso ver o Botafogo jogar pelo toque de bola desse time e nesse jogo especificamente com o camisa 10 Segovinha pela direita deixava o jogo divertido pela sua habilidade, domínio de bola e drible, mostrando ter muita personalidade pela sua juventude.

Mesmo com o domínio e vencendo o jogo desde os 4 minutos, o ótimo goleiro Lucas Perri precisou trabalhar e muito bem. Aliás, na minha opinião, foi injustiçado na convocação do Fernando Diniz. Apesar do Bento (Athletico PR) ser um ótimo goleiro, o Lucas Perri estava sendo o melhor goleiro do campeonato.

O primeiro tempo terminou vencendo por 1 a 0 com o gol do Diego Costa, mas terminou sendo pressionado pelo Bahia. O segundo tempo começou com o Bahia em cima e o Botafogo encontrando dificuldade até que Gabriel Pires roubou uma bola e colocou na cabeça do Diego Costa dentro da área e aí não tinha erro. Dois gols dele colocando o Botafogo numa situação confortável no jogo.

Quando o Diego Costa foi contratado, disse que para mim o John Textor tinha acertado em cheio em trazê-lo porque sabia fazer gols, impunha-se contra qualquer zagueiro e para substituir o Tiquinho Soares, que está machucado, só poderia ser um cara com características parecidas e com muita experiência. Para substituir um artilheiro só com outro artilheiro.

Passou o primeiro turno inteiro amassando os adversários e agora no segundo jogava no erro do adversário, sendo o time mais letal do campeonato. Por isso era líder.

Depois desse gol, o Nilton Santos parecia o Canecão nos grandes momentos, ou seja, a melhor casa de shows do Rio de Janeiro.

Não tinha como não destacar outro jogador que para mim também foi injustiçado na primeira convocação do Diniz: o zagueiro Adryelson. Ele está sendo um monstro desde o início do campeonato, tem um forte senso de posicionamento, é rápido na cobertura e marca forte com imposição física. Não é um zagueiro técnico, mas tem várias virtudes necessárias para ser zagueiro. Fora aquelas que destaquei, é muito forte na jogada aérea defensiva e ofensiva.

Com Adryelson fora de campo momentaneamente, o Bahia bateu um escanteio e o lateral esquerdo Hugo pegou a bola em velocidade e lançou perfeitamente para Luis Henrique driblar o goleiro e fazer terceiro gol do Botafogo.

"Só não entrou de bola e tudo porque teve humildade em gol" (Jorge Ben Jor).

Foi um ataque de manual, tão bem feito que poderia fazer parte de uma aula sobre futebol, de como se fazer um contra-ataque perfeito.

A campanha do Botafogo em seu estádio é fantástica. Até agora, ganhou todas as partidas que jogou no Nilton Santos. Não me lembro de nenhum outro time que tenha passado um turno inteiro e mais um jogo fazendo 100% de aproveitamento sendo o campeão brasileiro.

O Botafogo é muito consistente e focado o tempo todo. Por isso, mesmo quando não faz um jogo brilhante, continua vencendo, porque a atenção não diminui. Não vejo a mínima possibilidade de qualquer outro time nos passar em pontos.

O Botafogo, campeão brasileiro de 2023, ganhou mais uma.