Olha o que fez, olha o que fez; Gabriel Jesus marca gol de placa no Inglês

A dinâmica e a intensidade foi como em todos os jogos da Premier League, ou seja, aberto o tempo todo, com os dois tempos buscando a vitória, sem essa de ficar segurando um resultado ou de ficar trocando passes para os lados ou para trás.

Lá, todos os tempos, independentemente da posição na tabela, são agressivos. Foi uma vitória conquistada nos acréscimos pelo Arsenal, mas foi uma partidaça de futebol.

Mas gosto sempre de ter um destaque para falar sobre ele. Nesta partida busquei o brasileiro camisa 9 dos Gunners, Gabriel Jesus. Ele surgiu no Palmeiras muito bem, jogando como centroavante ou aberto. Mesmo jovem, um talento raro para fazer gols.

Em 2016, o Brasil estava péssimo nas Eliminatórias e com sérios riscos de não ir para uma Copa pela primeira vez na história.

O treinador era o Dunga e estamos em 6º lugar (foram 4 seleções diretas para a Copa e uma para a repescagem) e jogando muito mal. Depois da segunda eliminação seguida da Copa América, ele foi expulso.

A CBF chamou Tite, que era uma unanimidade na imprensa e entre os torcedores também. Na primeira convocação, apareceu uma grande surpresa: o garoto palmeirense Gabriel Jesus estava na lista.

Ele e Tite fizeram suas estreias na seleção lá em Quito, contra o Equador, que, naquele momento, era o líder.

Eu estava lá comentado, junto com o Galvão e o Arnaldo, e vi de perto. Gabriel jogou demais, fazendo dois gols e ainda sofreu um pênalti. Foi assim até a final das Eliminatórias.

Só que, na Copa da Rússia de 2018, o Tite anulou ele, fazendo dele um marcador de lateral e acabando sem nenhum gol, só com uma cabeçada na trave.

As críticas foram até a última convocação para a Copa de 2022, no Qatar, que, quando apareceu seu nome na lista final, a grande maioria não gostou.

Bom, na Copa, até ele se machucar, não havia jogado bem e, outra vez, o camisa 9 não fez gol.

Mas hoje, no Emirates, quando ele entrou, já era um cara mais forte, mais centrado, diferente de quando veste a camisa da seleção.

Nos acréscimos, quando já estava 2 x 1, o Arsenal armou um contra-ataque de manual de futebol.

O português Fábio Vieira, que também havia entrado no mesmo momento que Gabriel, saiu em velocidade e observou a chegada do brasileiro em ótimas condições. O português tocou a bola, que o brasileiro carregou até perto da pequena área e armou o chute com a perna esquerda.

Gabriel Jesus foi muito inteligente e frio, porque assistiu à chegada do zagueiro da United, como se fosse um ônibus desgovernado que se jogou para bloquear o chute.

Só que Gabriel maravilhosamente deu um corte com a perna esquerda, deixando o zagueiro deslizar pelo gramado e só deu um tapa na bola com muita classe. Ela foi rolando para o fundo das redes.

Galvão Bueno diria: "olha o que ele fez, olha o que ele fez, olha o que fez".

Gabriel Jesus, com muita simplicidade, fez um golaço com muita técnica, habilidade, noção de tempo e espaço para saber que faria o corte no zagueiro e ainda daria tempo para finalizar tranquilamente.

Fernando Diniz, na sua primeira convocação, disse que gosta muito do futebol de Gabriel Jesus. Vendo o gol maravilhoso que fez hoje, pensei que tem uma boa chance de que, nas mãos do Diniz, ele consiga fazer isso também na seleção brasileira.

Porque o esquema estratégico do Tite inibiu a criatividade, a fome pelo gol que o Gabriel sempre demonstrou ter, menos nas Copa de 2018 e 2022.

Diniz, sem dúvida alguma, não mandará ele correr para trás lateralmente, muito pelo contrário, incentivará Gabriel a fazer essas coisas que fez contra o United.

Para mim, a grande beleza do jogo de hoje foi o terceiro gol do Arsenal, feito pelo mais maduro, focado, decidido e implacável Gabriel Jesus.