Uma grande amizade que começou exatamente num Fortaleza x Corinthians
Na noite de hoje (3), às 21h30 (de Brasília), Fortaleza e Corinthians decidem a vaga à final da Copa Sul-Americana, com o estádio Castelão lotado — mais de 53 mil ingressos foram vendidos antes mesmo do primeiro jogo em São Paulo (empate por 1 a 1), na semana passada.
Bom, ,o que eu quero mesmo contar é a história de um Fortaleza x Corinthians, em 1982.
Fiz minha estreia no time profissional do Corinthians contra o Guará de Brasília, numa quarta-feira à noite, em 3 de fevereiro daquele ano. Foi uma noite mágica. Vencemos por 5 a 1 e eu fiz quatro gols no jogo. O Magrão (Sócrates), no entanto, não esteve em campo por estar machucado.
Dias depois, no domingo (07/02/1982), jogamos na Fonte Nova, em Salvador, contra a equipe baiana do Leônico, pela Taça de Prata, e vencemos por 3 a 1. Deixei o meu gol outra vez, mas novamente o Magrão não jogou. O campeonato, então, deu uma parada devido ao Carnaval.
Classificação e jogos
Até aí, eu não havia nem treinado ainda com o Magrão por causa de sua contusão. E a primeira partida depois do Carnaval seria no Castelão contra o próprio Fortaleza, e o Magrão seria titular.
Caramba, eu iria jogar ao lado de um grande ídolo e também um dos maiores jogadores de futebol daquele momento. Ele iria defender a seleção brasileira na Copa do Mundo da Espanha, em junho de 82.
Na realidade, eu nem me lembro da viagem e como havia me sentido por atuar pela primeira vez ao seu lado.
Bom, fomos para a partida e nosso entrosamento foi como se jogássemos juntos há anos. Tudo se encaixou: movimentação, estilo de jogo, troca de passes... O Magrão gostava de fazer tabelas. Eu também apreciava este tipo de jogo, já estava acostumado a atuar desta maneira desde o juvenil.
Ganhamos por 4 a 2, com o Zenon fazendo três gols e o Magrão o outro. Participei de todas as jogadas e dei assistências para três gols. Foi um momento incrível e especial, e ali já deu para ver que tudo iria funcionar maravilhosamente bem, inclusive também com o Zenon.
Depois do jogo, voltamos para o hotel, jantamos e eu fiquei sentado num sofá na recepção. Estava louco para sair, ir para algum barzinho, ouvir músicas, conhecer pessoas... Afinal de contas, eu só tinha 18 anos e era minha primeira vez na linda cidade de Fortaleza. Ainda não tinha intimidade com os outros jogadores, pois havia sido apenas a minha terceira partida entre os profissionais.
Num determinado momento, entrou no hotel o cantor e compositor de quem era fã desde os anos 70: Raimundo Fagner.
Ao me ver, o Fagner me perguntou: "Casão, você sabe onde está o Magrão?"
O cara me chamou pelo nome, e eu não acreditava no que estava acontecendo, mas respondi: "Ele está ali atrás, saindo do restaurante."
O Fagner respondeu: "Beleza, irmão."
De repente, ele e o Magrão atravessaram o saguão do hotel para sair e, quando estavam quase na porta, o Magrão me olhou e perguntou: "O que você vai fazer, garoto Big?"
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberFoi a primeira vez que ele me chamou de Big House. Respondi que não sabia o que iria fazer, e ele falou: "Então vem com a gente."
Levantei na hora e me juntei a eles. Naquele momento, o Zé Maria (Super Zé) também levantou do sofá e veio junto. Percebi que era para tomar conta de mim.
Fomos para um barzinho lotado, com música ao vivo, e ficamos numa mesa conversando. O Fagner cantou umas músicas no palco (dando uma canja) e o Zé dançou uns sambas. Já o Magrão e eu ficamos frente a frente para conversar pela primeira vez. Foi uma noite inesquecível.
Bom, minha relação emocional dentro e fora do campo com o Magrão começou no Ceará, depois de uma partida contra o Fortaleza. O resultado, como já disse, foi 4 a 2 para o Corinthians. Se o placar se repetir nesta noite, o time do Mano consegue a vaga na final da Sul-Americana.
Só que hoje a história é completamente diferente.
Acredito que o duelo de logo mais no Castelão será muito intenso, rápido e dinâmico, porque é assim que o Fortaleza joga em casa. O Corinthians terá a missão de quebrar esse ritmo e tentar surpreender, ou levar para os pênaltis.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.