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Fifa usa edições das Copas para satisfazer governos, e não a torcida

A Fifa virou as costas definitivamente para o futebol e abraçou de vez o dinheiro ao assumir um esquema de facilitação, através da eliminação de concorrentes para sediar uma edição da Copa do Mundo. E a Arábia Saudita agradece.

A entidade máxima do futebol mundial não fez nem questão de disfarçar o seu "jogo".

Começou pela Copa de 2026, que será disputada em três sedes (México, Canadá e Estados Unidos), portanto menos países na disputa para sediarem a competição.

Mas, para o Mundial de 2030, a Fifa passou de todos os limites, decidindo que o torneio será realizado em seis países de três continentes: Argentina, Paraguai e Uruguai (América do Sul), Espanha e Portugal (Europa), e Marrocos (África).

Em duas edições da principal competição de seleções do planeta (2026 e 2030), a "jogada" da Fifa conseguiu eliminar seis países e três continentes que poderiam concorrer com a Arábia Saudita para sediar a Copa de 2034.

Podemos chamar esse esquema de "Golpe de Mestre", plagiando o filme multi vencedor de prêmios em 1973, com Paul Newman e Robert Redford.

Para agir (teoricamente) sem que fosse acusada de vender a sede, como aconteceu em 2022 (Qatar) — algo que resultou em várias prisões, inclusive de personagens brasileiros —, a Fifa distribuiu por diversos países as próximas duas Copas, sem se preocupar com os torcedores.

Sem contar que "esvaziou" as Eliminatórias da América do Sul para 2030, pois Uruguai, Argentina e Paraguai já estarão garantidos.

O interesse pelo espetáculo, pelo futebol e pelo público acabou de vez. A Fifa se entregou ao dinheiro e aos países opressores. A entidade não está nem um pouco preocupada com as duas próximas Copas, mas sim com a de 2034.

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As edições de 2026 e 2030 foram usadas para preparar o terreno para a Arábia Saudita não ter concorrentes de peso para organizar este Mundial daqui 11 anos.

Por isso, também o aumentou de 32 para 48 seleções participantes já no próximo Mundial. Desta forma consegue agradar todos os continentes.

Seleções modestas, mas que estão globalmente inseridas em importantes continentes, se contentaram com o aumento de vagas e por isso ficarão quietas.

Os "donos da bola" estão simplesmente acabando com o nosso futebol. São arrogantes e prepotentes por acharem que o futebol pertence a eles e que podem fazer o que bem entenderem.

Sinceramente, não tenho ideia de como protestar contra isso. Só sei que a organização do futebol está nas mãos erradas. O nosso esporte, porém, segue vivo em todos os cantos do planeta.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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