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Para conquistar o hexa, Brasil precisa voltar a fazer gols de falta

Vocês sabem qual foi o último gol de falta da seleção brasileira?

Foi de Philippe Coutinho, em um amistoso em 19 de novembro de 2019, na vitória por 3 a 0 contra a Coreia do Sul.

Portanto, estamos indo para o quarto ano sem que a nossa seleção faça um gol de falta.

Acho absurdo esse fundamento do qual o futebol brasileiro era mestre desaparecer dos nossos talentos.

Para se ter uma ideia, antes desse gol do Coutinho, o Brasil amargou um jejum de mais de cinco anos sem anotar um gol de cobrança de falta. Antes daquele amistoso com os asiáticos, o último gol de falta havia sido também num amistoso em Miami, contra a Colômbia, feito por Neymar, em 5 de setembro de 2014.

O Brasil teve essa arma poderosa nos pés de grandes craques que treinavam muito, diariamente, para se aperfeiçoarem. Rivellino, Zico, Nelinho, Éder, Branco, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho, entre outros.

Só lembrando dos nossos últimos três títulos mundiais, em todos eles fizemos gols de falta em partidas importantes.

Em 1970, Rivellino empatou o jogo contra a Tchecoslováquia em uma pancada da entrada da área em uma jogada ensaiada, na qual Jairzinho estava na barreira e se abaixou para a bola passar — a partida terminou em goleada brasileira por 4 a 1. A jogada se repetiu na vitória sobre a Romênia, só que dessa vez quem bateu foi o Rei Pelé.

Hoje em dia, essa jogada não daria para fazer porque nenhum atacante pode ficar na barreira — a distância mínima é de 1 metro dos jogadores adversários para a barreira para evitar o empurra-empurra.

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Já em 1994, nos Estados Unidos, o meu amigo Branco decidiu o jogo mais difícil daquele Mundial, na vitória por 3 a 2 contra a Holanda, pelas quartas de final, em uma belíssima batida de falta da intermediária que teve a participação inteligente de Romário, que saiu da frente da bola.

Em 2002, na Copa realizada na Coreia do Sul e no Japão, a seleção brasileira fez dois gols de falta. O primeiro foi na fase de grupos, com Roberto Carlos colocando toda a sua força e fazendo um golaço contra a China. Depois veio aquela obra-prima do Ronaldinho Gaúcho contra a Inglaterra, que nos deu a vitória por 2 a 1 e a vaga à semifinal.

Estamos começando um trabalho visando a Copa de 2026 e acho que Fernando Diniz, sendo interino ou não, deveria começar a recuperar essa "arma" que sempre foi decisiva para o futebol brasileiro. Ninguém assume o motivo de os jogadores brasileiros de uns tempos para cá perderam a habilidade nas batidas de falta.

Joguei com vários exímios batedores e os via treinando incessantemente esse importante fundamento. Zenon e Zico, que eram mestres nas faltas, batiam várias ao final dos treinamentos, por exemplo.

Está muito claro que os treinadores do futebol de hoje não deixam ou são impedidos pelos fisiologistas de seus jogadores treinarem. O próprio Campeonato Brasileiro é um exemplo supernegativo disso por saírem pouquíssimos gols de falta.

Teremos jogos contra a Venezuela pelas Eliminatórias Sul-Americanas, amanhã (12), em Cuiabá, e na próxima terça-feira (17), em Montevidéu, contra o Uruguai. Bem que a seleção poderia já nesses jogos começar a voltar a fazer gols de falta, pois o futebol brasileiro está precisando urgentemente que isso volte a acontecer.

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Já faz quase dez anos que o Brasil não balança a rede por meio de uma cobrança de falta em uma Copa. A última vez foi com o zagueiro David Luiz, em 2014, contra a Colômbia. Portanto, passamos duas Copas em branco sem marcar um só golzinho de falta.

Se o Brasil quiser vencer uma Copa do Mundo novamente, é melhor voltar a fazer gols de falta.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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