Casagrande

Casagrande

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoEsporte

Ansiedade, nervosismo e náuseas fazem parte de uma decisão por título

Faltam poucas horas para o início da decisão da Copa Libertadores, entre Fluminense e Boca Juniors, às 17h (de Brasília), no Maracanã.

A manhã de uma decisão como esta, de tamanha magnitude, sempre é tensa. A noite anterior, véspera da partida, já não é das melhores para a grande maioria dos jogadores devido à ansiedade.

Vou contar resumidamente um pouco de como o elenco de um clube fica quando acorda no dia do jogo mais importante de uma temporada, com tudo o que pode acontecer passando pelas cabeças dos atletas.

Os jogadores demoram para dormir, a mente gira, fica a mil por hora, e o excesso de ansiedade faz com que imaginem diferentes cenários do que pode acontecer durante a partida.

Independentemente da posição, qualquer que seja o jogador sonha em fazer o gol da vitória, do título.

Existe um combate mental, pois até mesmo o mais otimista dos jogadores não consegue deixar de lado a possibilidade de ver o título escapar.

O batimento cardíaco aumenta, há um friozinho na barriga e todos tentam afastar o pensamento negativo de qualquer jeito.

Este pensamento de derrota dentro dos atletas assusta muito, pois ninguém consegue ser totalmente positivo horas antes de uma decisão.

Sabe aquela historinha em que fica um anjinho em um ombro falando no seu ouvido e te incentivando, passando positividade, te deixando confiante, enquanto no outro ombro o diabinho proclama palavras negativas para tirar a sua confiança e te jogar para baixo?

Continua após a publicidade

Pois é, no dia de uma final importante, assim que o atleta acorda já aparece um de cada lado 'falando' sem parar. Este é um dos 'sintomas' da ansiedade, e não existe experiência que faça o jogador mais calejado ficar imune a estes tipos de pensamentos.

O medo de perder uma final, de não ser o campeão, de ver o adversário levantando a taça é uma sensação assustadora.

Todo mundo fala sozinho em um dia tão importante como o deste sábado. Cada jogador faz uma 'reunião particular' em sua própria mente.

Mas todas estas sensações desaparecem quando a bola rola. Após o apito inicial do árbitro, o nervosismo e o rendimento dos jogadores ficam muito condicionados em como irá dominar e tocar a bola pela primeiras vezes em que for acionado em campo.

Isto, no entanto, vai diluindo quando o jogador domina bem um passe/lançamento, aciona o colega de forma segura, faz um desarme fundamental, arrisca um chute... O jogador se enche de confiança e entra de cabeça na decisão.

Mas quando erra o primeiro toque, um passe ou tem a bola roubada pelo adversário, entre outras possibilidades, o atleta fica inseguro e só consegue entrar no jogo depois de fazer algo positivo para ganhar confiança.

Continua após a publicidade

Parece que é um dia horrível, né?

Mas não é. São estas sensações que todo jogador deseja sentir numa grande final, pois significa que ele está na briga por um título importante e que em poucas horas tudo isto valerá a pena ao ser campeão.

Há jogador que tem diarreia, náusea, passa mal... E não é porque está pipocando, e sim pela altíssima ansiedade que causa estes sintomas infortúnios. Enfim, é um dia em que o corpo e a mente deles ficam diferentes, cada um com sua intensidade.

Os jogadores estão entre o sucesso e o fracasso, entre ser herói ou vilão. Estar nesta situação não é algo simples de se lidar.

É uma linha tênue e mesmo aqueles caras que já passaram por isso diversas vezes, como o experiente lateral Marcelo, que é um dos maiores vencedores da história do futebol mundial, convive com todas estas sensações.

Tentei passar o dia de um jogador que participa de uma grande final, como a de logo mais da Copa Libertadores da América.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes