Rogers Waters hipnotiza mais 60 mil roqueiros no melhor espetáculo da terra
Na noite de ontem (11), estive no Allianz Parque, que estava totalmente lotado, para presenciar de perto o melhor show que já assisti em minha vida.
Fazia muito tempo que não via tanta gente acompanhando in loco a um show. E que show. Roger Waters nos proporcionou uma viagem para dentro de nós mesmos. Fomos direto para outro universo, talvez uma outra galáxia anos-luz à frente ou atrás da gente.
Com esta sensação, tive certeza que Pink Floyd não é só uma banda de rock, de rock psicodélico ou ainda do rock progressivo, é muito mais do qualquer coisa que possa existir em matéria de espetáculos.
Durante a apresentação, Roger Waters contou a história da formação da banda, da sua amizade de infância com Syd Barrett (e as suas loucuras), o momento em que o Syd se perdeu e até ele mesmo quase seguiu o mesmo rumo do amigo. Tudo isso por meio do som e das imagens viajantes, mas significativas que apareciam no telão.
Abriu o show de cara com um clássico que sempre mexeu muito comigo: 'Comfortably Numb'. Logo em seguida fez tudo tremer com 'Another Brick in the Wall' parte I e II.
Claro que tudo foi baseado nas suas posições políticas, suas convicções, mas com uma consciência incrível e sem exageros. Foi tudo no ponto certo. Acompanhado de uma banda espetacular e super talentosa, pois não é para qualquer um tocar ao lado de Roger Waters. Ele é simplesmente o cara que — junto com Syd Barrett, Nick Mason e Richard Wright — criou uma das bandas mais emblemáticas e espetaculares da história do rock.
Ontem, aconteceu um fato incrível comigo. Quando assisti ao show deste incrível músico inglês de já 80 anos, naquela passagem dele pelo Brasil em 2018, encontrei um cara naquele espetáculo, também no Allianz, que ostentava uma faixa enorme com o rosto do Syd. Ele me passou a faixa para eu tirar uma foto. Cinco anos depois, reencontrei este mesmo cara, no mesmo lugar do estádio e com a mesma faixa. E claro que eu tive que repetir a foto para registrar novamente este momento espetacular.
Achei a sintonia e a energia fascinantes. Qual a chance de eu encontrar a mesma pessoa, com a mesma faixa, no show do mesmo artista, no mesmo estádio, no mesmo lugar e fazer duas fotos iguais, com uma diferença de cinco anos?
É uma situação improvável, mas aconteceu comigo na noite de ontem.
Todos nós que estávamos lá entramos em transe e fizemos uma viagem coletiva, com a mesma energia direcionada pelas músicas do Pink Floyd e pelas falas de Roger Waters. O final foi apoteótico, mas me bateu uma sensação de despedida.
Roger está em forma, bem treinado para suportar cerca de três horas de show, mesmo com 80 anos. Claro que espero vê-lo novamente. Mas é óbvio que uma hora ou outra o cara quer parar de fazer turnês mundiais e ficar mais tranquilo.
Assim está acontecendo com Sir Paul McCartney que fará shows no Brasil em dezembro já com 81 anos, e também com os Rolling Stones, que lançaram recentemente um álbum novo espetacular e que também devem fazer turnê em nossas terras em 2024. Todos também já estão com oito décadas de vida ou próximo disto.
Temos que referenciar estes caras que por décadas escreveram a trilha sonora da grande maioria das pessoas e continuam sendo referência para os mais jovens e aos que ainda virão.
Assisti a quatro shows do Roger Waters aqui em São Paulo. O primeiro foi no estádio do Pacaembu (em 2002), o segundo no Morumbi (2012), e os dois últimos no Allianz Parque (2018 e 2023). Todos foram inesquecíveis. Mas o de ontem foi o melhor show que já vi em toda a minha vida.
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