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Kissinger teve oportunidade de ver o Torino acabando com a Juventus ao vivo

Ontem (29), morreu um personagem muito controverso da história da política mundial. Não vou entrar na questão se Henry Kissinger apoiou ditaduras ou não, se foi amigo do general Pinochet ou não, se é considerado um criminoso de guerra ou não. Vou contar uma passagem dele com o futebol.

Talvez ele não entendesse nada sobre futebol e nem conhecesse os jogadores, mas teve um dia em que Henry Kissinger esteve presente em um jogo entre Torino x Juventus da temporada 91/92, no extinto estádio Delle Alpi.

Aquela temporada foi formidável para o Torino, cujo elenco é considerado até hoje a última grande equipe do Toro. Fomos muito bem em todas as frentes que disputamos, principalmente na Copa da Uefa e no Campeonato Italiano.

Nossa equipe deslanchou a partir de janeiro de 1992 e venceu todos os times que vinham pela frente. Na Copa da Uefa, fomos eliminando um adversário atrás do outro, com grande chances de chegarmos à final e conquistarmos o inédito título para o Torino.

Fomos subindo na classificação rodada a rodada e, tanto no torneio continental quanto no nacional, fui fazendo um gol atrás do outro, período que foi uma das minhas grandes fases da minha carreira.

Em abril, chegou a reta final da Copa da Uefa. Chegamos à semifinal junto com Real Madrid, Ajax e Genoa, e quis o destino que o Torino enfrentasse o gigante espanhol, enquanto holandeses e italianos se enfrentavam do outro lado.

O primeiro jogo contra o Real Madrid foi no Santiago Bernabéu. Fomos a Madrid em 31 de março de 1992 e fizemos uma grande partida, apesar da derrota por 2 a 1. A decisão seria em Turim e precisávamos apenas de uma vitória simples para chegarmos à final.

Entre um jogo e outro contra o Real, tivemos o dérbi com a Juventus, que lutava pelo título italiano com o Milan e não podia perder da gente de forma alguma.

Era domingo, 05 de abril daquele ano, quando Torino e Juventus se enfrentaram em duelo que significa o encontro da elite torinese, que é a Juventus, cujos donos também controlam a Fiat e a Ferrari, contra os funcionários das fábricas, majoritariamente torcedores do Torino. Fizemos um grande jogo, dominamos completamente a partida e vencemos por 2 a 0, com dois gols meus. E poderia ter sido mais.

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Naquela época, o dono da Juventus era Gianni Agnelli, que era ligado a tdos os grandes líderes mundiais pela importância que tinha. E, neste dérbi, ele estava com um convidado especial. Henry Kissinger estava ao seu lado assistindo ao clássico no Delle Alpi e presenciou uma tarde inesquecível do Torino, mas principalmente minha.

No intervalo do jogo, Kissinger foi entrevistado ao lado de Agnelli e disse que gostava de Baggio e Schillaci, levemente constrangido para falar do time do amigo que estava sendo totalmente dominado em campo.

Até hoje, pouquíssimas pessoas sabiam desta versão desse personagem da história mundial. Só mesmo quem estava lá e quem assistiu a esse programa esportivo.

Depois da vitória contra a Juventus veio o jogo de volta com o Real Madrid, no mesmo Delle Alpi. Amassamos a equipe espanhola da mesma forma, vencemos por 2 x 0 e fomos para a final com o Ajax, que foi o campeão com dois empates: 2 x 2 em Torino e 0 x 0 em Amsterdã, com o gol fora, critério de desempate na ocasião, dando o título aos holandeses.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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