John disse que o 'sonho acabou', e Paul mostra que o sonho existiu
Na noite de ontem cheguei o mais perto que se pode dos Beatles neste momento.
Fui ao Allianz Parque assistir ao show de Sir Paul McCartney, que na verdade não é o meu Beatle preferido. Isso, no entanto, não significa que não o idolatre.
Bom, sou fã de carteirinha e apaixonado por George Harrison.
Mas para que eu sentisse a presença do George e de John Lennon só estando perto do Paul. Claro, sem esquecer do Ringo Starr, que completou o quarteto de Liverpool para fazer história na música mundial.
Não existirá uma geração até o fim dos tempos que não conhecerá a obra e a importância dos Beatles.
O show foi simplesmente viajante. Paul cantava as músicas dos Beatles e era só fechar os olhos para me sentir nos anos 70 e achar que todos estavam ali juntos.
Claro que as músicas de Paul com a sua banda The Wings também são ótimas, sempre gostei do trabalho solo dele.
Abrir o show com "Hard Day's Night" foi apenas um aperitivo para o que vinha pela frente.
Todas as vezes que ele mandava uma das antigas, como "Love Me Do", era uma sintonia direta com o público que lotou completamente o Allianz. Não havia espaço nem para uma mosca.
O show foi maravilhoso, entrando numa pegada mais pop. Os pontos altos sempre eram quando a sua voz entoava aquilo que todos queriam ouvir: Beatles.
Houve momentos emocionantes, como a homenagem que fez ao John Lennon ao tocar para que nós cantássemos "Give Peace A Chance". O coração bateu mais forte e até deu um nó na garganta.
Não deu tempo nem de nos recompor, e o Paul já emendou "Something". O estádio inteiro cantando e muitos chorando em lembrança ao gênio George Harrison.
Entre as músicas, Sir Paul McCartney mostrava toda a sua simpatia e a vontade de se comunicar conosco, falando muitas vezes em português. Arriscou muitas frases e não só as tradicionais.
"Tchau, São Paulo" ou "Obrigado", com sotaque arrastado.
Não, ele se comunicou conosco da melhor maneira possível e foi muito bem.
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Quero receberContinuando com o show, chegou um momento em que tudo mudou e fizemos a viagem mais louca e psicodélica possível naquele instante.
Quando começou a tocar o piano cantando "Let It Be", aí não tinha como não cantar e chorar todos juntos, como se fôssemos todos um Beatle.
Mas foi com "Live And Let Die" que o show explodiu literalmente e a pegada da banda ficou mais pesada.
Com explosões, canhões de luz, fogo e tudo mais que os grandes shows de rock apresentam.
Claro que todos esperavam poder cantar com todas as nossas forças.
"Na, na-na-na-na-na-na-na-na, hey Jude".
E foi isso que Sir Paul McCartney nos proporcionou e também nos deu o prazer de cantarmos com ele.
Eu já vi diversos eventos na Inglaterra, inclusive na Premier League, torcidas cantando "Hey Jude" e sempre quis participar dessa viagem. Ontem, enfim. realizei esse sonho.
E quando tudo parecia caminhar para o fim, o show nos presenteou com uma divisão de telões. Em um lado aparecia John Lennon e no outro o Paul ao vivo. Parecia que essa dupla estava junta novamente, bem ali na nossa frente. Só nos restou apreciar a canção "I've Got a Feeling".
Enfim, foi uma experiência indescritível. Cada vez que eu fechava os olhos, sentia que no palco estavam todos juntos, como em 1960, quando tudo começou.
Foi um baque emocional muito grande quando, em 1980, John Lennon foi assassinado.
Tivemos a triste certeza de que naquele momento "o sonho havia realmente acabado".
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