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Jogar a Copinha é o sonho de todo garoto, assim como foi o meu em 1980

Nesta terça-feira, 2 de janeiro, começa a histórica e muito importante Copa São Paulo de futebol Júnior de 2024. Já faz um bom tempo que a garotada tem bastante visibilidade e vários torneios importantes para disputar e não dependem mais exclusivamente para despontar no futebol. Hoje em dia, além da Copa São Paulo, existe também o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil e a Libertadores dessa categoria, todos passando nas TVs a cabo. Portanto, quando chega janeiro, já conhecemos a maioria dos garotos dos grandes times.

Mas lá no final da década de 60 e início de 70, só se via a final do torneio na TV. Joguei a minha primeira Copa São Paulo em janeiro de 1980 e, naquela época, como todos os grandes jogadores jogavam no Brasil, era muito difícil subir para o profissional. Então, a grande maioria dos jogadores tinha de 19 até 21 anos. Eu era precoce, pois tinha 16 anos e já treinava com os profissionais desde os 15. Mas não era simples jogar contra os garotos mais velhos e fortes. Porém, era o primeiro sonho da garotada daquela época.

Outra diferença era que disputávamos contra os grandes times do Brasil, por isso as chaves eram muito complicadas. O Grupo do Corinthians em 1980 era assim: Corinthians, Botafogo, Atlético-MG e São Paulo. Nessa primeira fase, jogamos contra Botafogo e Atlético MG de domingo pela manhã, num Parque São Jorge lotado, e contra o São Paulo de quarta à noite no Pacaembu. Vencemos o Botafogo (3 x 0), o São Paulo (1 x 0) e empatamos em 1 x 1 com o Galo, passando em primeiro. Na sequência, eliminamos o Cruzeiro (1 x 0) e fomos cair na semifinal perdendo por 1 x 0 para o Atlético MG.

Em pé: Sollitinho, Fernando, João Alves, Moleza, Claudemir e Ronaldo; Agachados: Márcio, Eli, Casagrande, Rodolfo e Carlinhos
Em pé: Sollitinho, Fernando, João Alves, Moleza, Claudemir e Ronaldo; Agachados: Márcio, Eli, Casagrande, Rodolfo e Carlinhos Imagem: Arquivo pessoal

Para mim, esse torneio foi muito importante, pois terminei artilheiro junto com o centroavante Chicão (Ponte Preta) com 5 gols e fui considerado a revelação daquela copinha. Me lembro da estreia contra o Botafogo, pois estava super ansioso imaginando mil coisas. Do nosso time, eu era o mais novo e estreando numa copinha junto com outros dois jogadores; o restante já havia disputado outras. Vencemos por 3 x 0 e fiz dois gols nessa partida com aquele friozinho na barriga.

Era muito emocionante, pois era só na Copa São Paulo que poderíamos mostrar o nosso futebol ou durante o ano para quem chegava cedo no estádio para assistir à preliminar, que era o Campeonato Paulista da garotada.

Isso tudo foi há 43 anos, mas para mim parece que foi ontem, porque se tem um momento no futebol que tenho saudade é dessa época. A gente jogava no Corinthians e éramos corintianos, assim como era a garotada das outras equipes, e o nosso maior sonho era jogar no time profissional. Os profissionais não saíam para a Europa; portanto, não existia esse sonho nos juvenis. O maior sonho mesmo era ser titular no time profissional do Corinthians, ser campeão pelo time. Eu, como atacante, sonhava em marcar gols em clássicos e, por último, seleção brasileira.

O amor que tínhamos naquela época era pela camisa do nosso time e para jogar futebol. Vários jogadores daquela copinha se tornaram profissionais e acabei enfrentando-os novamente. Ficava e fico emocionado ainda hoje só de lembrar quando encontro um adversário da época de garoto no time profissional, porque cada um que conseguia isso representava indiretamente todos que tentavam.

Não havia celulares, redes sociais, canais de YouTube e nem se falava nessas modernidades. Por isso, a nossa visibilidade era restrita ao mês de janeiro da Copinha.

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Amo de paixão a Copa São Paulo e acompanho a maioria dos jogos. Não tem como a minha mente não me levar até janeiro de 1980. Aquele ano foi especial porque também teve uma Copa São Paulo em dezembro. Acredito que tenha sido o único ano que teve duas edições. Mas a que tenho no coração é a primeira.

Boa sorte a todos os garotos que irão disputar essa edição e que consigam realizar os seus sonhos. "Os sonhos não envelhecem".

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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