Nem seu, nem meu, nem nosso: Pacaembu não ficar pronto é um descaso
A Federação Paulista de Futebol anunciou que o Pacaembu não estará pronto para receber a final da Copa São Paulo 2024. Mas a empresa que é a atual responsável pelo estádio Paulo Machado de Carvalho prometeu que estaria pronto. O Pacaembu está no coração de todo paulistano por ser o estádio mais bem localizado, aonde todos poderiam ir independentemente de classe social. Aliás, era o estádio do povo.
Eu, particularmente, tenho uma ligação emocional muito forte com o estádio porque faz parte da minha infância, aonde ia com meu pai assistir jogos do Corinthians. Quando virei profissional, fiz minha estreia como profissional do Corinthians ali, marcando quatro gols. Quando, em 1993, fui jogar com a camisa do Flamengo, a torcida do Corinthians daquela época fez a maior demonstração de carinho por um jogador adversário: 'Volta Casão, seu lugar é no Timão'. 'Doutor, eu não me engano, o Casagrande é corintiano'. Isso nunca havia acontecido no Brasil com qualquer outro jogador de qualquer equipe. Acho que consigo transmitir para quem está lendo o quanto o Pacaembu é importante para mim.
Fui contra quando começaram a dizer que iriam derrubar o tobogã, que era o espaço mais democrático num estádio em São Paulo, só comparado à antiga geral do Maracanã. Sabe o que eu acho de verdade? Que para essa empresa o campo de futebol nunca foi importante e nem prioridade. Os torcedores que sempre foram ao Pacaembu assistir jogos com os pais, amigos, também não são importantes. A preocupação é o suposto hotel para ganhar dinheiro, e tudo que será prioridade está relacionado ao investimento. O sonho dos garotos daqui e dos times que vêm de fora que é tentar chegar à final para jogar nesse estádio mágico e histórico também não tem importância. O único sonho que importa é o 'quanto vamos ganhar'.
Fico triste de ver o estádio Paulo Machado de Carvalho ser tratado dessa forma. A prioridade dessa empresa teria que ser o estádio pronto no dia 25/1/2024. Pronto de verdade e não só para dez mil pessoas, gramado meia boca com risco da garotada se machucar e muito menos com pilhas de entulhos jogadas por todo lado. Quem já foi ao Pacaembu se lembra muito bem que antes do locutor do estádio dar escalação ele falava assim: 'Bem-vindos ao seu, ao meu, ao nosso PA-CA-EM-BU'. E hoje em dia não é nem seu, nem meu, nem nosso e nem de ninguém esse estádio que faz parte do coração do paulistano.
Quem é de fora de São Paulo possivelmente não conseguirá entender a dimensão da importância do Pacaembu e nem porque o meu desabafo, mas proponho um exercício. Pensem no estádio da sua cidade que você lembra da sua infância, com seus pais, amigos, sendo praticamente mexido sem o carinho que merece. Na quinta-feira que vem, será o aniversário da cidade de São Paulo, aonde nasci e que amo de paixão, e a final da Copinha sempre fez parte importante dos festejos, mas para quem comanda o Pacaembu a final não tem tanta importância assim.
Termino esse texto com muita tristeza, desapontado e revoltado pelo descaso com o seu, meu, nosso PA-CA-EM-BU.
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