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Seleção brasileira demonstra ter personalidade e um grande poder de reação

A seleção brasileira saiu ilesa desses dois amistosos que pareciam muito ameaçadores pelo péssimo futebol que o Brasil estava apresentando antes. Vencer a Inglaterra em Wembley e empatar com a Espanha no Santiago Bernabéu eleva a autoestima da seleção e começa a dar confiança para a equipe, e esse é o principal desafio do Dorival Jr: recuperar o emocional dos jogadores quando estão jogando com a camisa amarela ou azul. Nesse empate por 3 x 3 com a Espanha, ficou claro que temos muita estrada pela frente, mas estamos, finalmente, no caminho certo.

A Espanha é uma equipe mais pronta, com um esquema de jogo definido, mais organizada e melhor tecnicamente que a nossa nesse momento. Tomamos um baile no primeiro tempo e sofremos dois gols merecidamente, apesar de que o pênalti no ótimo garoto Lamine Yamal foi marcado erroneamente pelo péssimo árbitro, mas a Espanha estava muito melhor e poderia ter feito outro gol de uma jogada com bola rolando.

O Brasil só marcou porque o goleiro espanhol Unai Simón deu um vacilo, e o Rodrygo foi muito bem em decidir rápido o que iria fazer, marcando um belo gol de cobertura. No primeiro tempo, ficamos na roda e poderia ter sido muito pior do que foi, mas aí entra a mão do treinador que não tem medo de mexer.

No intervalo, Dorival fez quatro substituições que modificaram completamente o panorama negativo, e a seleção voltou muito melhor organizada tecnicamente e também muito mais agressiva ofensivamente. Entre os que entraram estava o garoto Endrick, agora tendo a oportunidade de jogar todo o segundo tempo, e logo de cara fez o gol de empate, demonstrando ser inteligente em arrumar o espaço certo e batendo muito bem na bola.

O Endrick é diferente e não é qualquer um que em quatro dias faz o gol da vitória em Wembley, se tornando o mais jovem jogador a marcar nesse estádio histórico, e depois marca novamente no Santiago Bernabéu. Os dois primeiros gols do Endrick na seleção brasileira foram contra Inglaterra e Espanha, isso mostra a força mental desse garoto. O problema é que em 10 minutos ele se machucou, e seu rendimento foi prejudicado, mas, mesmo assim, ficou até o final.

Já para o final do jogo, o péssimo árbitro entrou em ação novamente e marcou outro pênalti absurdo para a Espanha, que Rodri bateu muito bem, assim como o primeiro. Sinceramente, achei que o jogo teria terminado com a derrota por 3 x 2, mas no final o árbitro acertou em marcar outro pênalti, só que para o Brasil, e Paquetá fechou o jogo em 3 x 3.

Gostei demais da organização tática, do comprometimento e do foco dos jogadores, entrega, mas o mais importante surgiu nesse jogo, que foi o poder de reação do time. Mesmo sendo dominado pela Espanha, o Brasil continuou correndo atrás, principalmente no segundo tempo, quando voltou com uma dinâmica maior e com um jogo intenso. O resultado mostrou isso, sempre estivemos atrás no placar e conseguimos buscar o empate contra uma equipe que jogava em casa e é melhor que a gente nesse momento. Só para lembrar que nas últimas três derrotas contra Colômbia, Uruguai e Argentina não tivemos força para correr atrás do resultado. Estamos longe ainda de um ideal, mas sem dúvida entramos no caminho certo.

Foram dois amistosos, mas para a seleção brasileira era imprescindível mostrar força contra equipes do primeiro escalão da Europa. Dorival Jr. e sua seleção brasileira voltam para casa de cabeça erguida, deixando a torcida esperançosa. Temos de ter os pés no chão, principalmente a imprensa, para não criarmos uma realidade paralela. Estamos no caminho certo, mas numa estrada longuíssima e cheia de curvas e buracos.

Dorival, vou te pedir novamente: Rodrygo / Endrick / Vinicius Jr. Esse ataque precisa ser testado várias vezes, mas desde o início do jogo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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