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Uma grande final para eu lembrar de meus ídolos de Palmeiras e Santos

O Santos Futebol Clube e a Sociedade Esportiva Palmeiras são dois dos clubes brasileiros mais respeitados do mundo. Não só pelos títulos, mas também pela própria história dos clubes.

Falar sobre o Santos é falar sobre o próprio futebol. Dali surgiu o maior jogador de todos e o atleta do século 20, o Rei Pelé, que por si só colocou o time da Vila do topo da história dos clubes do mundo. Claro que ao redor do Rei havia grandes craques que também são responsáveis pela construção disso tudo. Além de Pelé, Carlos Alberto Torres, Clodoaldo e Edu são alguns dos jogadores que mais admirei na vida.

É provável que não exista ninguém no mundo que nunca tenha ouvido falar de Pelé - gostando de futebol ou não - e, consequentemente, do Santos. Por décadas, o nosso passaporte e cartão de visitas chamava-se Pelé. Era só chegar em qualquer lugar do mundo e dizer "Brasil" que a resposta era "Brazil (com sotaque), Pelé!". E tudo isso sem nenhum auxílio tecnológico de visibilidade, porque não existia nada além do rádio e da TV, que ainda era precária.

Pelé dribla Dudu observado pelo Leivinha. Lances como esse me marcaram
Pelé dribla Dudu observado pelo Leivinha. Lances como esse me marcaram Imagem: Estadão Conteúdo

Já o Palmeiras conquistou esse respeito mundial no começo dos anos 70, quando já tinha a TV em pleno funcionamento. Conquistou o bicampeonato brasileiro em 72/73, com um time maravilhoso que foi a primeira escalação que guardei na memória (depois do Corinthians de 1971): Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca, Dudu e Ademir da Guia, Edu, Leivinha, César e Ney, técnico Oswaldo Brandão.

Mesmo sendo corintiano, tenho dois grandes ídolos do futebol que estavam nesse time, que são o Leivinha e o César. Como o futebol dá um nó no tempo, acabei jogando contra e junto com outros dois atletas dessa equipe. Com o Leão joguei no Corinthians e seleção brasileira, e com o Luisão, no Corinthians.

Claro que o avanço do Palmeiras no mundo veio também com o bicampeonato paulista e brasileiro de 93/94, com um time espetacular que contava com Edilson, Evair, Rincon, Zinho, Edmundo, Roberto Carlos, entre outros. Esse time da Parmalat chegou ao topo com o primeiro título da Libertadores em 1999, com o Felipão. E o reconhecimento definitivo chegou com esse atual time formado e dirigido pelo Abel Ferreira.

Santos e Palmeiras foram grandes rivais desde o final dos anos 50, mesmo assim disputaram poucas finais, com ampla vantagem para o Santos. Não vou fazer uma viagem desde o século 20, vou direto às finais do século 21, quando já disputaram 3 finais. Em 2015, foram duas (Campeonato Paulista e Copa do Brasil), com um título para cada um. As duas decididas nos pênaltis. No Paulista o Palmeiras ganhou por 1 x 0 no Allianz e o Santos venceu na Vila Belmiro por 2 x 1, sendo campeão nos pênaltis por 4 x 2.

Já na Copa do Brasil, foi tudo invertido, em todos os sentidos. Na primeira partida o Santos venceu por 1 x 0 na Vila e o Palmeiras fez 2 x 1 no Allianz. Levou o título nos pênaltis por 4 x 3.

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Mas a final mais importante entre esses dois clubes foi pela Libertadores de 2020, que foi jogada em 30 de janeiro de 2021, sem público no Maracanã, por causa da pandemia da COVID-19. Foi um jogo muito equilibrado e o Palmeiras do Abel Ferreira levou a melhor contra o Santos do Cuca, por 1 x 0, com gol de Breno Lopes, no finalzinho.

Neste domingo farão a primeira partida da final do Campeonato Paulista de 2024 na Vila Belmiro. Pela história, rivalidade, peso da camisa, esse jogo pode se tornar equilibrado, além da torcida e time santista estarem muito empolgados - e com toda razão. Mas será a primeira vez que a diferença entre os dois clubes é gigantesca.

O Palmeiras atual é multi campeão, rico e favorito em todos os torneios e campeonatos que disputará. Um time que tem uma base que joga junto faz muito tempo e com o mesmo treinador. É o atual bicampeão brasileiro e paulista. O Santos de 2024 vai disputar pela primeira vez a Série B do Campeonato Brasileiro. Formou uma equipe aguerrida, com jogadores que entenderam a necessidade do momento e reduziram seus salários para vestir essa camisa histórica. Estão certo, porque para vesti-la tem que se orgulhar e honrar, independentemente da série que jogará. Afinal de contas, é a camisa do time do Pelé, e vão jogar onde o Rei cansou de fazer golaços, e isso não é pouca coisa.

Para mim, o Palmeiras é muito favorito, até por ser em dois jogos. O Santos, para ter chances de ser campeão, precisa jogar as duas partidas com uma intensidade imensa, uma forte dinâmica de jogo com uma entrega total. O Novorizontino deu a dica na semifinal e mostrou um modelo de jogo que pode envolver esse Palmeiras. Se o Santos encaixar a marcação e começar a dominar a partida criando chances de gol, não poderá ficar desperdiçando essas possibilidades, como fez o time de Novo Horizonte. Outra coisa, se estiver colocando o Palmeiras em dificuldade com um modelo de jogo, não pode mudar, como fez o Eduardo Baptista no intervalo, porque o time do Abel já demonstrou diversas vezes que mesmo jogando muito mal, consegue vencer, caso o adversário modifique algo que estava dando certo.

Acredito em dois grandes jogos, e a possibilidade do Santos surpreender existe caso o Palmeiras não iguale a disposição, a vontade e a necessidade de vencer do Peixe. Porque no futebol é assim: o time melhor precisa igualar o jogo no espírito de luta para prevalecer a técnica. No entanto, se o Palmeiras, por exemplo, achar que por ser melhor ganhará o título sem muito esforço, perderá o campeonato.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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