Endrick e Vini estão fazendo com que a torcida volte a assistir à seleção
Dorival Jr tem uma missão árdua e muito difícil pela frente. Recuperar a identificação da seleção com o torcedor brasileiro porque isso se perdeu com o passar do tempo e através do comportamento debochado, arrogante e prepotente da maioria dos jogadores. Principalmente de 2013 para frente.
E o problema não é os jogadores irem embora cedo para a Europa, porque a seleção pentacampeã em 2002 tinha a grande maioria jogando fora do país e a identificação era imensa. Ronaldo foi embora bem jovem assim como Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Cafu e Roberto Carlos. Mas a relação desses jogadores com a camisa da seleção era outra.
Alguns ficaram mascarados? Sim, ficaram, mas quando jogavam puxavam a torcida junto com eles. Agora essa nova geração está dando sinais que isso pode voltar a acontecer. Endrick, Vinicius Jr, Rodrygo e quem sabe Estêvão e outros jovens que terão chances até 2026 também colaborem com isso.
Para mim o torcedor está voltando a ter interesse em assistir a seleção novamente. Basta pesquisar a audiência dos últimos jogos contra Inglaterra, Espanha e México. Estão surgindo novos ídolos das crianças porque não dá para negar que Vinicius Jr já é uma referência não só em campo como fora. E que a garotada se interessa muito por ele da mesma forma que pelo Endrick e também pelo Rodrygo.
Aos poucos vai se criando uma identificação com a nova geração de jogadores e de torcedores e, para mim, o Dorival Jr está sendo muito importante nesse processo. Pegou a seleção desacreditada, sem moral, jogada às traças graças à panela criada na era Tite, com os cadeiras cativas. Precisa ter personalidade para bater de frente com isso e peitar o sistema criado.
Ramon Meneses e Fernando Diniz não tiveram coragem e nem peito para bancar uma mudança radical, mas o Dorival Jr está tendo. O garoto Endrick representa muito bem essa renovação. Apesar de também estar saindo bem jovem, ele jogou o suficiente aqui no Brasil para chamar a atenção do novo e do mais velho torcedor brasileiro. Isso é inegável.
É um grupo em formação cujo objetivo principal é chegar na Copa do Mundo de 2026 com uma equipe pronta, confiante, com uma grande autoestima, com um funcionamento tático claro para sermos novamente competitivos e respeitados. Porém não é só isso que Dorival Jr tem pela frente porque deixaram a seleção para ele em 6º lugar nas Eliminatórias, vergonhosamente atrás da Venezuela pela primeira vez na história.
O presidente da CBF Ednaldo Rodrigues é o grande responsável pela demora para se começar uma nova era. Todos sabiam que o Tite sairia após a Copa de 2022 e mesmo assim não se mexeu para contratar um novo treinador para o trabalho começar em 2023, organizado. Perdeu muito tempo esperando Carlo Ancelotti e essa história ainda está muito mal contada, principalmente empurrando o trabalho com a barriga com os interinos Ramon e Diniz, que fizeram um péssimo trabalho.
Tudo poderia estar mais avançado nesse processo de renovação, mas acredito no método de trabalho do Dorival Jr, por ser um treinador discreto, na sua, deixando os jogadores num ambiente tranquilo, sem estardalhaços. Também deixa o protagonismo para os jogadores sem ter a vaidade de querer ser reconhecido com um 'gênio'. Essa humildade que o Dorival Jr tem deixa o ambiente calmo e sereno.
Claro que os resultados e o desempenho estão ajudando, mas a renovação que está fazendo está sendo muito importante para o ambiente ser assim. É um grupo que ninguém se julga mais que o outro e fica claro que o importante é o jogo coletivo e não o individual. E essa é a principal mudança no estilo de jogo da seleção.
Até o momento não está tendo lugar para a vaidade e isso é mérito do comportamento do Vinicius Jr, que já um grande nome no futebol mundial fazendo dois gols em finais de Champions League e sendo o favorito para a Bola de Ouro nesta temporada, mas esbanja humildade. Com isso deixa todos os outros com os pés no chão.
Vamos ver como a seleção irá se sair na quarta-feira (12) no último amistoso contra os Estados Unidos, mas principalmente nos jogos oficiais da Copa América. Porém, independentemente de rendimento e resultado, o trabalho está sendo bem feito na minha visão e o mais importante é melhorarmos nas Eliminatórias e chegarmos competitivos na Copa do Mundo.
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