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Estevão e Lamine Yamal são exemplos da jovem genialidade do futebol mundial

O que mais me chama atenção nessa nova geração de jogadores é a imensa objetividade que eles têm. Conseguem aliar técnica, força e a vontade de decidir jogos. Alguns ainda possuem uma magia singular nos pés, como é o caso do garoto Estevão, com apenas 17 anos. Não é só pela incrível jogada e o belíssimo gol que fez, mas também pela inteligência tática sem abandonar o que ele tem de melhor, que é a genialidade.

É cedo para defini-lo como um gênio da bola? Talvez seja mesmo, mas comparado com os jogadores da sua idade e o que vemos dos jogadores brasileiros, acho justo destacar que ele é diferente da grande maioria. Ainda tem mais, porque aquele lance contra o Galo não foi um fato isolado. Ele costuma fazer dribles em velocidade para os dois lados e a genialidade de um jogador não vem só da facilidade de driblar e finalizar, mas de antever a jogada.

O Estevão, quando recebe a bola, já tem na cabeça mais de uma jogada na mente para realizar, e estou falando isso porque joguei junto e contra esse tipo de jogadores, ou seja, geniais. Eles são imprevisíveis porque têm a capacidade de inventar qualquer tipo de jogada em segundos e quem joga ao lado precisa ter uma inteligência acima da média, senão ficará no vazio. Para isso, é necessário que você conheça bem quais as preferências desse gênio para acompanhar o seu raciocínio. Por exemplo, joguei muitos anos ao lado do Magrão (Sócrates) e ele era totalmente imprevisível, mas entre tantas jogadas que passavam na sua cabeça, eu sabia que a sua primeira opção seria me procurar para a tabela, então sempre me posicionava para que ele pudesse me ver de rabo de olho e decidir o que seria melhor.

O Estevão é assim também, totalmente imprevisível, e os outros jogadores precisam imaginar e conhecer bem a sua capacidade porque, fazendo isso, irão formar um ataque muito difícil de ser parado.

Estevão e Abel Ferreira em jogo do Palmeiras contra o Liverpool-URU pela Copa Libertadores
Estevão e Abel Ferreira em jogo do Palmeiras contra o Liverpool-URU pela Copa Libertadores Imagem: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon

O Abel Ferreira, que para mim é o melhor treinador trabalhando no Brasil, sabe muito bem como lapidar esses jogadores porque já fez isso com o Endrick e o Luis Guilherme, ambos já vendidos por muito dinheiro para a Europa, e o próximo será o Estevão. São características diferentes, mas me arrisco a dizer que os europeus vão enlouquecer com o Estevão.

Lamine Yamal (Barcelona) tem 16 anos e fará aniversário em 13 de julho, enquanto Estevão já tem 17 porque fez aniversário em 24 de abril. Esses dois jogam na mesma posição e possuem o mesmo estilo de jogo e de genialidade. O espanhol já é titular da seleção espanhola e o brasileiro nunca foi convocado. Qual a diferença nesse sentido? A Espanha é um país pequeno e tem mais dificuldade de renovação, mas estão fazendo um trabalho incrível com seus jovens e não têm receio em usá-los logo na seleção principal.

Lamine Yamal, da Espanha, durante amistoso contra o Brasil
Lamine Yamal, da Espanha, durante amistoso contra o Brasil Imagem: PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP

No Brasil, existe a tal hierarquia no futebol. Mesmo que tenha jogadores jovens muito mais talentosos que os mais velhos, demoram para ser aproveitados. É só observar o caso do Endrick, que já merece ter a chance de ser titular por méritos, mas o Dorival Jr. prefere o Raphinha na direita e o Rodrygo centralizado. Quanto tempo demorará para o Dorival Jr. criar coragem e chamar o Estevão e colocá-lo para jogar? Não podemos perder tempo com essa bobagem de hierarquia entre os jogadores porque, se em 1958 tivessem pensado dessa maneira, o Pelé não teria assombrado o mundo com seu futebol na Copa da Suécia.

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Apesar de ter sido uma ação promocional discutível, eu concordo com o Ronaldinho Gaúcho quando diz que hoje temos um monte de jogadores medianos na seleção, mas que poderão se tornar craques com o passar do tempo. Claro que estou falando dos jovens talentosos, sendo que alguns já são uma realidade, como Vinicius Jr. e Rodrygo. Depois da Copa América, seria muito bom para o Brasil se o Dorival Jr. testasse um ataque assim: Estevão, Endrick e Vinicius Jr., e o Rodrygo no papel de um 10. Porque seria um ataque altamente veloz, hábil, forte fisicamente e imprevisível. Para isso, o Dorival precisa ter coragem de quebrar essa "hierarquia", como já fez com a panela.

Aí virá a pergunta: e o Neymar, não tem lugar nesse time? Primeiro, será preciso ver como ele voltará dessa cirurgia, que é terrível. Depois, ver como será o seu rendimento, mas o mais importante será ver se ele amadureceu e entendeu que, para vencer uma Copa do Mundo, o pensamento precisa ser coletivo e ter muito foco. Mas, imaginemos que o Neymar volte voando e que seja convocado. Aí o Dorival terá cinco caras para quatro vagas, o que não será problema algum. É muito melhor o treinador ter craques a mais do que não ter nenhum. Mas, enfim, quero muito ver o Estevão com a camisa da seleção partindo para cima do marcador e enlouquecendo as defesas europeias, como já faz Lamine Yamal.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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