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Silvio me traz lembranças incríveis de momentos ao lado da minha família

Saber que Silvio Santos morreu é muito estranho para quem cresceu assistindo aos seus programas de domingo à tarde, primeiro na Globo e depois na TV Tupi, desde muito criança. É assim que encaro a notícia, porque é uma grande fatia da história do entretenimento e de milhares de pessoas que se vai, porque não terá continuidade.

Todos os domingos à tarde, sentava no sofá com a minha mãe, meu pai e minhas irmãs para assistir ao seu programa. Me lembro dos quadros que assistia e curtia, como "Cidade contra Cidade", que era uma competição super atrativa, divertida e saudável. E o "Qual é a Música, Pablo?". Competia com minhas irmãs e, quando estávamos só eu e minha mãe, competia com o auditório.

Os "Calouros do Silvio Santos" eram muito divertidos e engraçados na maioria das vezes, e olha que eu me lembro de alguns jurados da época em que tinha sete ou oito anos de idade. O ranzinza era o José Fernandes, tinha a Cláudia Barroso, Marisa Raja Gabaglia, Cinira Arruda, Décio Piccinini... essa turma é dos primórdios de seus programas de calouros. Me lembro que, no final da tarde, vinham os galãs do programa Silvio Santos: entravam Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Ronnie Von, o saudoso amigo Antônio Marcos, Ângelo Máximo, Agnaldo Rayol e tantos outros, e eu no sofá com a minha mãe.

Silvio Santos e Chacrinha foram os dois maiores apresentadores, comunicadores e animadores de programas de auditório da história da TV brasileira. Silvio Santos era uma figuraça que interagia com muita felicidade e facilidade com os "colegas de trabalho", expressão que ele usava para se referir ao público, que na grande maioria eram pessoas humildes. No programa dele, essas pessoas se sentiam pertencentes a uma sociedade que as ignorava, mas Silvio, não. Ele cantava, contava piadas, constrangia, mas também era constrangido pela autenticidade do público e dele mesmo.

A partida de Silvio Santos me tira uma referência para me lembrar desses momentos junto com a minha família. Meus pais (Walter e Zilda) já se foram, assim como uma irmã (Zildinha). Agora, só restam eu e minha irmã do meio (Zenaide). O Silvio Santos era como um mecanismo que colocava em funcionamento um flashback na nossa mente, que nos levava a tempos longínquos, muito difíceis de aparecerem na nossa memória sem uma grande referência.

A morte do Silvio me trouxe grande tristeza junto com uma forte nostalgia familiar, porque, se tinha alguém na TV brasileira que conseguia unir uma família por várias horas num domingo à tarde, esse cara era o Silvio Santos. Meus sentimentos a todos os familiares e amigos. Agradeço muito ao Silvio por todas as lembranças que tenho ao lado da minha família, mas principalmente da minha mãe, desde que eu era bem pequenininho. Espero que as filhas deem continuidade a tudo que ele começou lá atrás, que foi marcante para várias gerações de pessoas.

Silvio, se você se encontrar com a minha mãe, que te adorava, mande um beijo para ela, por favor.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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