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Momento de parar é o pior na vida de um jogador; entendo a dor do Paulinho

Um dos maiores jogadores da história do Corinthians decidiu se aposentar. Aos 36 anos, Paulinho anunciou o seu adeus ao futebol profissional neste domingo (8).

O tempo passa sem que a gente perceba. Parece que foi ontem, em 2012, quando eu estava na cabine da Rede Globo no estádio do Pacaembu comentando a vitória do Corinthians por 1 a 0 sobre o Vasco.

Naquele jogo, vi a defesa inacreditável do Cássio, cara a cara com Diego Souza, e depois, aos 42 minutos do segundo tempo, o volante Paulinho marcar o gol que garantiu a classificação para a semifinal da Libertadores.

Aquele gol foi inesquecível, mas Paulinho foi muito mais que isso. Ele marcou vários gols e, em inúmeros jogos, mostrou ser decisivo nas conquistas e vitórias com a camisa do Corinthians.

Quando me pedem para escalar o melhor Corinthians de todos os tempos, se eu precisar escolher dois volantes, coloco Paulinho e o colombiano Freddy Rincón.

É sempre difícil saber quando é hora de parar de jogar futebol. Ainda mais aceitar que você não poderá mais fazer o que ama profissionalmente. Às vezes, a decisão vem sem que se aceite de verdade.

Paulinho é um exemplo disso. Aos 36 anos, ele ainda conseguia manter um nível competitivo, como tantos outros jogadores que se adaptam e mudam seu estilo de jogo para continuar atuando em alto nível.

No entanto, as lesões, especialmente duas rupturas seguidas de ligamento cruzado do joelho esquerdo, acabaram prejudicando muito sua forma de jogar. Voltar a atuar como antes, mesmo com toda dedicação, torna-se quase impossível.

Paulinho fez muito, mas muito mesmo, pelo Corinthians. Ele está eternizado na história do clube, não apenas pelos títulos que conquistou, mas pelo belo futebol que sempre apresentou no meio-campo.

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Na manhã deste domingo, 8 de setembro, José Paulo Bezerra Maciel Júnior, o Paulinho, anunciou sua aposentadoria em lágrimas, sentindo a dor de ter que aceitar que não poderá mais entrar em campo.

É um momento extremamente difícil, porque a vida de um jogador de futebol é intensa e mexe muito com o emocional. O prazer que o futebol proporciona, seja em uma vitória, uma derrota, conquistando títulos ou fazendo gols, é algo que poucos conseguem experimentar.

Jogar futebol faz o cérebro liberar mais serotonina, o hormônio do prazer e bem-estar, do que o normal. Isso se torna altamente viciante. Viver constantemente com a adrenalina dos jogos também cria uma dependência, e quando o jogador se aposenta, o corpo, acostumado a isso por tantos anos, começa a sentir falta.

Não é fácil lidar com essa transição. O Paulinho, certamente, já está sentindo um desconforto com a mudança no ritmo de vida. Não haverá mais treinos, viagens, concentrações, jogos e decisões. A vida normal começa, e a rotina de jogador, onde tudo é feito por eles, fica para trás.

A rotina de um jogador de futebol é muito diferente de um trabalhador tradicional. Enquanto alguém com um trabalho regular pode passar os finais de semana com a família, no clube, cinema ou parque, o jogador está ausente (longe de casa), trabalhando. A vida em família, para eles, muitas vezes só acontece nas férias.

Tudo isso mexe muito com a cabeça quando chega a hora de parar. Paulinho, como muitos outros, está sofrendo com essa transição. É confuso, bate um vazio enorme, algo que demora muito tempo para aprender a lidar.

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Uma solução seria procurar ajuda de um profissional de saúde mental, como uma psicóloga, para desabafar e encontrar novos caminhos para seguir. Paulinho precisará aprender a curtir os prazeres simples da vida, e não mais os picos de adrenalina e felicidade que só um gol decisivo ou a conquista de um título proporcionam.

É difícil explicar o tamanho do prazer que um gol decisivo, como aquele contra o Vasco, trouxe a ele. Ou a sensação indescritível de conquistar a Libertadores e o Mundial — além de jogar pelo Barcelona e defender a seleção brasileira em duas Copas do Mundo (2014 e 2018), claro. Não há nada que substitua isso, e esse é um grande desafio emocional.

Em primeiro lugar, quero agradecer ao Paulinho por tudo o que ele fez pelo futebol, especialmente pelo Corinthians. Em segundo, o desejo boa sorte nessa nova fase da vida, e que ele aproveite ao máximo a família, algo que um jogador de futebol nem sempre consegue fazer plenamente durante sua carreira.

E, por fim, sugiro que ele busque ajuda para entender e lidar com essa nova realidade, pois a vida mudou, e é preciso encontrar novas formas de viver e ser feliz.

Paulinho, você está na história do Corinthians.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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