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Filipe Luís pode recuperar alegria do nosso futebol? Pode e torço por isso

O Flamengo fez uma partida brilhante contra o Corinthians no Maracanã, na vitória por 1 a 0. Mas como foi brilhante se só fez um gol? Essa pergunta sempre aparece quando a análise de um jogo é resumida ao número de gols que uma equipe faz e não ao estilo de jogo que ela impôs.

Vou tentar ser breve na diferença entre Tite e Filipe Luís. O ambiente com Tite estava pesado, turbulento, e a chegada de Felipe mudou totalmente o astral da Gávea. Tite nunca se encaixou na escola futebolística do Flamengo, que é de ter um futebol leve, técnico, de movimentação e de tentar sempre envolver o adversário. Já Filipe traz isso no seu DNA, que foi fortalecido quando fez parte do incrível time de Jorge Jesus.

Tite fazia o Flamengo jogar de uma forma presa, limitando a criatividade e a intuição do jogador, sobrecarregando-o com funções e posicionamentos táticos. Filipe Luís também deu funções táticas sem a bola, mas, quando o Flamengo estava com a bola, deixou os jogadores livres para criar, e foi isso que mais encantou nessa sua estreia como treinador profissional.

O Flamengo fez diversas jogadas com toques rápidos, de primeira, com movimentação na posição dos jogadores, infiltrações no meio da defesa e pelos lados o tempo todo. Escalou os quatro jogadores que estão no elenco e fizeram parte daquele Flamengo de 2019: Gerson, Arrascaeta, Gabriel e Bruno Henrique. Essa é a espinha dorsal criativa e agressiva daquele time, que ainda contava com Éverton Ribeiro, hoje no Bahia.

Filipe quer recuperar Gabriel para essa reta final de temporada e, certamente, na conversa que tiveram a sós, o camisa 99 mostrou vontade de ajudá-lo nesse início de carreira. Gabriel fez uma grande partida? Não, mas foi bem no jogo. Ficou claro que está totalmente sem ritmo de jogo e que precisa recuperar aquele entrosamento mágico com Bruno Henrique, além da chegada de Gerson e Arrascaeta. Porém, vi empenho em todos eles para repetirem algo próximo do que fizeram maravilhosamente bem nas mãos de Jorge Jesus e agora nas de Filipe.

Outra mudança de comportamento abissal em campo foi a agressividade na marcação pressão na saída de bola do Corinthians. Enquanto Tite encolhia o time, Filipe avançou, forçando o erro de saída de bola da defesa adversária. Conseguiram roubar a bola diversas vezes e, com isso, pressionaram o Corinthians, que foi dar o primeiro chute a gol aos 40 minutos do primeiro tempo.

O goleiro Hugo Souza (ex-Flamengo) fez uma partida incrível, sendo um muro humano e evitando uma catástrofe para o Corinthians nessa primeira partida da semifinal da Copa do Brasil. Ficou nítida a mudança radical do time, da torcida, do ambiente e a alegria com que o Flamengo jogou futebol.

Filipe Luís pode ser o treinador brasileiro mais importante da nova geração, aquele mais modernizado e atualizado, porque já era interessado, ainda como jogador, sendo sempre o representante do treinador em campo. Não falei capitão, e sim o cara que consegue ler o jogo com facilidade de dentro do campo, e todos os treinadores queriam a sua opinião.

Precisamos ter calma, porque foi só a sua estreia, e nós estamos aflitos e desesperados para que o futebol brasileiro volte a ser encantador, leve, criativo, agressivo, com aquela pitada de magia futebolística brasileira. Quando vemos alguém, como Filipe, acender a luz no final do túnel, já dá aquela sensação gostosa de assistir a uma bela partida de futebol.

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Estou curioso para ver o próximo jogo do novo/velho Flamengo e torcer para que o encanto e a magia só aumentem, para o bem e a recuperação da nossa autoestima no futebol.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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