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Dorival, você estaria tranquilo se tivesse Sócrates, Zico, Falcão e Cerezo

O Brasil enfrentará a seleção peruana nesta terça-feira (15), no estádio Mané Garrincha, precisando não apenas vencer, mas também mostrar um futebol minimamente melhor do que tem apresentado.

O torcedor está totalmente desinteressado, desanimado e desmotivado com a seleção brasileira já há muito tempo.

Mas, antes de falar sobre esse jogo, vou voltar no tempo para o ano de 1985, quando a seleção brasileira era comandada por Evaristo de Macedo, um dos grandes jogadores do seu tempo, com destaque no Barcelona, Real Madrid e Flamengo.

A CBF, presidida pelo sr. Giulite Coutinho, escolheu Evaristo para dirigir a seleção nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1986, mas isso não foi o que aconteceu.

Em uma série de seis jogos sem poder contar com os jogadores que atuavam na Itália, Evaristo acabou demitido após uma derrota para o Chile, em Santiago, por 2 a 1. A segunda partida dessa série foi contra o Peru, em Brasília, no dia 28/04/1985, no Estádio Nacional de Brasília/Mané Garrincha.

Vínhamos de uma vitória por 2 a 1 contra a Colômbia no Mineirão, exatamente no dia da morte do presidente Tancredo Neves, 21/4/1985.

Enfrentamos a seleção peruana com a seguinte escalação:

1 - Paulo Victor (Fluminense)
2 - Luiz Carlos Winck (Internacional)
3 - Oscar (São Paulo)
4 - Mozer (Flamengo)
6 - Branco (Fluminense)
5 - Dema (Santos)
8 - Alemão (Botafogo)
10 - Casagrande (Corinthians)
7 - Bebeto (Flamengo)
9 - Careca (São Paulo)
11 - Éder (Atlético MG)

Ainda entraram Jorginho (Palmeiras) no lugar do Bebeto e Mário Sérgio (Palmeiras) no lugar do Éder.

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A seleção peruana tinha uma ótima equipe, mas comandamos o jogo. Eles jogaram fechados, esperando acertar um contra-ataque para matar a partida, e foi isso que aconteceu.

Criamos diversas chances, mas não marcamos, e em um vacilo, o excelente jogador Uribe pegou uma sobra dentro da área e fez o gol da vitória por 1 a 0 para a seleção do Peru.

Depois dessa derrota, o Brasil não perdeu mais em casa para a seleção peruana, acumulando 39 anos daquela derrota.

Hoje, é um jogo oficial com o Peru sendo o penúltimo colocado, com apenas seis pontos, e vindo de uma vitória surpreendente sobre o Uruguai.

O Brasil não apresenta nada de empolgante desde a Copa do Mundo de 2022.

Não jogamos bem na última parte do ciclo do Tite, nem com Ramon Menezes, e muito menos com Fernando Diniz. Criou-se uma expectativa com Dorival Jr.

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Houve uma certa animação com a vitória por 1 a 0 contra a Inglaterra em Wembley, com gol de Endrick, e também pelo poder de reação demonstrado contra a Espanha no Santiago Bernabéu.

A Espanha dominou o Brasil, mas a reação foi incrível, dando esperança de que as coisas mudariam.

Mas a péssima Copa América nos trouxe de volta à realidade, e o trabalho de Dorival decepcionou.

Poderia ser só um momento ruim, mas as eliminatórias estão mostrando que, na verdade, as coisas estão estranhas para o nosso futebol.

É praticamente impossível o Brasil não se classificar para a Copa, mas a questão é o péssimo futebol que estamos jogando.

Dorival Jr. foi simplesmente ridículo na coletiva ao citar Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico, dizendo que havia uma matéria criticando a seleção por não ter mais craques, e comparando com as críticas de hoje.

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Por favor, Dorival, ninguém tinha a mínima dúvida do enorme talento desses quatro jogadores. Críticas aconteciam, como sempre, mas nunca houve qualquer dúvida sobre o futebol que esses caras jogavam.

Falcão, por exemplo, era o "Rei de Roma" e já havia vencido o Scudetto depois de 40 anos de jejum do time da capital.

Inclusive, Dorival, as matérias de 1978 sempre cobravam o treinador Cláudio Coutinho por não ter levado Paulo Roberto Falcão para a Copa da Argentina.

Cerezo já havia jogado a Copa de 1978 e sempre foi convocado sem discussão sobre seu merecimento.

Sócrates e Zico eram considerados os melhores jogadores daquela geração, com reconhecimento mundial, mesmo sem redes sociais, internet e todas essas modernidades.

Outra coisa: todos sabiam que esses jogadores dariam certo.

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Não entendi o que você quis dizer com essa comparação.

Além disso, havia a identificação que esses jogadores tinham com os torcedores ao redor do mundo.

Afirmo isso porque joguei com todos eles na seleção brasileira e presenciei a idolatria que tinham por onde passavam.

Dorival Jr., você precisa focar em fazer a sua seleção jogar um futebol minimamente decente e agradável, e esquecer comparações, pois são ridículas com qualquer geração do passado.

O mundo mudou e o nosso futebol também.

É inegável que não formamos mais grandes craques como antigamente, e citar Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico é fora de noção da sua parte.

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Me surpreende, porque somos da mesma geração, jogamos várias vezes contra e vimos as mesmas coisas. Tudo o que falei aqui sobre esses quatro jogadores, você também viu e sabe.

O seu time tem a obrigação de vencer a seleção peruana, e jogando bem, porque está em débito com o torcedor brasileiro, que tem todo o direito de vaiar seu trabalho e seu time.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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