Casagrande

Casagrande

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoEsporte

Corinthians precisa ter muita garra e raça, assim como tivemos em 1984

O Corinthians tentará superar o Flamengo na tarde deste domingo (20), na Neo Química Arena lotada, para enfrentar o Atlético-MG na final da Copa do Brasil.

Há a possibilidade de ser quebrado o recorde de público na arena, e a Fiel torcida será fundamental para que o Corinthians lute de igual para igual com o ótimo time do Flamengo.

O confronto me traz uma lembrança incrível, que me transporta para o ano de 1984, nas quartas de final do Campeonato Brasileiro daquele ano.

O destino colocou Corinthians e Flamengo no mesmo caminho no primeiro ano sem Zico, o maior jogador da história do clube rubro-negro. Mesmo sem o craque meio-campista, o Flamengo continuava fortíssimo.

A primeira partida foi num domingo, no Maracanã, para mais de 98 mil torcedores que viram o Flamengo vencer por 2 a 0, com gols de Hélder e Bebeto.

A segunda partida aconteceu no domingo seguinte, no Morumbi, para incríveis mais de 123 mil torcedores, que fizeram uma festa inacreditável durante todo o jogo.

As equipes jogaram com as seguintes escalações:

Corinthians:
1- Carlos
2- Edson
3- Mauro
6- Júnior
4- Wladimir
7- Paulinho
8- Sócrates (Wagner)
10- Zenon
11- Eduardo (Ataliba)
9- Casagrande
5- Biro-Biro
Técnico: Jorge Vieira

Flamengo:
1- Fillol
2- Leandro
3- Figueiredo
4- Mozer
5- Júnior
6- Bigu
7- Hélder (João Paulo)
8- Adílio
10- Bebeto
9- Edmar
11- Lico
Técnico: Cláudio Garcia

Continua após a publicidade

Precisávamos vencer por pelo menos dois gols de diferença, pois tínhamos a vantagem por termos a melhor campanha. O Corinthians começou a mil por hora, com uma intensidade incrível, não deixando o Flamengo respirar.

Nosso preparo físico, técnico e mental para aquela partida foi um dos melhores que vi na carreira. Talvez aquela tenha sido a melhor partida que aquele time fez desde sua formação, em 1982.

Até Biro-Biro marcar o nosso primeiro gol aos 32 minutos do primeiro tempo já havíamos criado várias chances de gol. Pouco depois, aos 38 minutos, foi a vez de Wladimir marcar o gol que nos classificaria para a semifinal.

Conseguimos alcançar nosso objetivo antes dos 40 minutos do primeiro tempo, e ainda houve um pênalti claro de Júnior em Biro-Biro que o Arnaldo César Coelho deixou de marcar.

No intervalo, muitos podiam pensar que voltaríamos para o segundo tempo mais cadenciados para segurar o resultado e tentar matar o jogo no contra-ataque. Mas não foi assim. Entramos no vestiário motivados e todo mundo gritava: "não podemos parar, precisamos continuar sufocando e pressionando".

Lembro que quase não ficamos sentados. Estávamos de pé, conversando e decidindo a nossa estratégia com o treinador Jorge Vieira. Voltamos a campo e pegamos o Flamengo despreparado, porque nossa intensidade foi a mesma. Sabíamos do talento do time rubro-negro e que não podíamos vacilar. Precisávamos fazer o terceiro gol ou mais antes que eles marcassem.

Continua após a publicidade

Logo aos 7 minutos, em jogada que começou lá atrás, Zenon deu um balãozinho por cima da defesa, que estava preocupada porque eu e o Sócrates estávamos entrando na área e esqueceu de marcar a infiltração do lateral Edson, que bateu de primeira e fez um golaço.

O Morumbi estava lindo, e a torcida corintiana, eufórica com o futebol que nosso time apresentava, explodia a cada gol. Aos 14 minutos, Ataliba marcou o quarto gol, e o Flamengo, desesperado, tentou reagir, mas já era tarde.

Aos 21 minutos, nosso volante dividiu uma bola estranha com Adílio, que pegou efeito e encobriu o goleiro Carlos, marcando o gol de honra do Flamengo.

Ainda criamos outras chances claras de gol, mas a partida terminou 4 a 1.

Antes do jogo de amanhã, alguns jogadores que estiveram no jogo no Morumbi em 1984 entrarão em campo com a camisa da época, em uma tentativa de aumentar o ambiente positivo e a motivação de todos, tanto torcedores quanto jogadores. Fui um dos convidados para participar desta homenagem, mas não poderei comparecer.

Para o Corinthians conseguir a classificação, o clima precisa ser parecido, e os jogadores precisam se concentrar apenas em jogar bola, sem pensar em hostilidade.
Será um jogo duro? Sim, será! Mas na disputa de bola, na garra, na raça, e em tudo o que o futebol tem de melhor a oferecer.

Continua após a publicidade

Esqueçam esse papo de ambiente hostil. O ambiente precisa ser de motivação, empolgação e incentivo para que o jogo corra normalmente, sem violência.

Todos sabemos que é uma partida de risco, por tudo o que vem acontecendo, desde a briga no Campeonato Brasileiro, quando o Corinthians venceu por 2 a 1.

Além disso, há a questão do calendário e os casos de Matheuzinho e Hugo Souza, que o Corinthians ainda não pagou.

O momento é favorável ao Corinthians, especialmente após a incrível goleada de 5 a 2 sobre o Athletico no Brasileiro, principalmente pela forma como aconteceu.

O time demonstrou forte poder de reação, algo que não havia mostrado até então. Mas o Flamengo é um grande time, com ótimos jogadores e muito bem treinado, portanto, todo cuidado é pouco.

Será um jogaço e, talvez, com muitos gols, porque a partida promete ser muito intensa.

Continua após a publicidade

Para mim, o Corinthians é favorito para ir à final contra o Atlético-MG.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes