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Corinthians empata com o Racing e Ramón mostra versão traíra na coletiva

Debaixo de um dilúvio, Corinthians e Racing empataram por 2 a 2 em um jogo cheio de alternativas, mas que pode, sim, ser atribuído a Ramón Díaz por diversos motivos.

Primeiro, apesar de o Corinthians ter tomado um gol logo de cara, aos 6 minutos, do Maximiliano Salas, se recompôs rapidamente e tomou conta do jogo pela intensidade e dinâmica que impôs, além da ótima partida que estavam fazendo Memphis Depay e Yuri Alberto.

No entanto, quando José Martínez se machucou, ele deveria ter sido mais ousado e colocado Igor Coronado, para tentar ter dois jogadores criativos atrás dos atacantes que estavam apavorando a defesa. Rodrigo Garro estava sobrecarregado, como sempre, e ficou uma presa fácil, pois todos sabem da dificuldade do Corinthians na criação de jogadas. Com Coronado em campo, o Racing teria que se preocupar com os dois, desmontando o esquema que prepararam para o jogo.

Romero não entrou bem na partida, e concordo plenamente com meu amigo Zé Elias, que disse que ele não se encaixou em nenhum momento dentro de campo. Para que começar com Fagner se ele irá sair depois, independentemente de tomar um amarelo ou não? É uma substituição anunciada, portanto, uma opção a menos para mexer taticamente no time, se precisar.

Sem contar que o primeiro gol foi uma falha de posicionamento e de leitura da jogada da parte dele, porque André Ramalho foi na cobertura do Cacá, que cabeceou para trás, e o atacante veio numa movimentação em diagonal da esquerda para a direita. Fagner comeu mosca e partiu atrasado, dando tempo para Maximiliano dar um tapa lindo na bola e fazer um belo gol. Naquela jogada, o lateral tem que partir junto, mesmo que não chegue a tempo, mas atrapalhe o atacante na finalização, e ele não o fez.

Charles estava mal na partida, porque é um jogador dinâmico, e com o estado do campo, ele se esgotou fisicamente antes mesmo do final do primeiro tempo. O gol de empate só ocorreu devido a uma jogada genial de Memphis no meio de cinco jogadores, com uma linda finalização de Yuri. O Corinthians virou o jogo porque, novamente, Yuri Alberto teve a sensibilidade de bater de fora da área, com o campo muito liso, que sempre é um problema para o goleiro.

Uma pergunta: "Por que, no domingo, ninguém tentou chutes de longa distância se o Flamengo estava com dez jogadores e só tentaram chutar de perto o tempo todo?" No empate do Racing, ficou claro que o meio-campo estava perdido na jogada, com Charles dando o bote na marcação na hora errada, quando era o momento de cercar e não de abrir espaço para o passe, como fez, deixando Martirena Torres sozinho para finalizar e marcar.

Depois disso, o Corinthians correu riscos de perder a partida em vários momentos, mas, no final, a grande chance foi de Alex Santana, que demorou para entrar. Pois bem, foi um empate ruim para as pretensões de chegar à final da Copa Sul-Americana, porque o adversário realmente é muito bom e, jogando em casa, tem o hábito de acelerar o jogo desde o começo, como fez com o Athletico-PR, que em 20 minutos já estava 2 a 0 e terminou o primeiro tempo praticamente classificado, com 3 a 0.

O Corinthians precisa tomar muito cuidado com a intensidade forte com que o Racing, apoiado por sua torcida, atua em seu campo. Voltando ao Ramón Díaz, pior que a parte tática foi escolher muito mal na hora de trocar, principalmente por falta de sensibilidade tática para perceber rapidamente o que deveria ser feito. Ele deu uma das piores entrevistas que um treinador poderia dar, principalmente pelo momento do ano. Está tentando fugir do rebaixamento e queimando todos os jovens do Corinthians, citando o caso do Giovane, que supostamente não está querendo renovar o contrato com o clube. A questão da renovação é uma questão administrativa e interna, que deve ser discutida em um momento mais apropriado. Ele foi muito mal e demonstrou pouquíssima sensibilidade pelo momento que o time atravessa. Não é hora de colocar dúvidas nem de tumultuar o ambiente.

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Se existe uma hora errada para tocar nesses assuntos, era essa. Expor os jogadores dessa forma racha o elenco contra a comissão técnica, porque isso no futebol se chama traição do técnico. Se está descontente com isso, espere o ano acabar e não jogue os garotos na arena com os leões. Não é por causa disso que o Corinthians não está conseguindo reagir, mas sim pelo seu trabalho ruim até agora.

Gostaria que algum repórter perguntasse aos líderes do grupo o que eles acharam de Ramón Díaz expor os garotos como fez. Ele já está tentando arrumar uma justificativa para um possível fracasso da sua parte, usando os garotos da base, ou seja, o lado mais frágil, com a intenção de fazer a torcida se revoltar com eles e não com ele próprio.

Jogo sujo e covarde da parte do Sr. Ramon Díaz, um cara que foi um excelente jogador, inclusive no futebol italiano, e agiu de forma que não gostaria que algum treinador agisse com ele. Mais um treinador vidente que trabalha no Brasil. Primeiro foi Tite, prometendo que o Flamengo faria gol contra o Peñarol em Montevidéu e, como não conseguiu, passou vergonha na coletiva, dizendo que não era uma promessa, mas uma projeção, embora tenha usado claramente a palavra "promessa". Depois foi Dorival Jr, que, após a vitória por 1 a 0 contra o Equador, fazendo uma péssima partida, prometeu que o Brasil estaria na final de 2026 e, após a derrota para o Paraguai, também mudou de ideia e falou que não era bem assim. Agora chegou a vez de Ramón garantir que não perderá para o Racing, como se o sucesso fosse certo.

Para mim, está claro que sua entrevista foi para tirar todo o foco do seu trabalho, porque, ao mesmo tempo que expõe a garotada usando o nome do Giovane, afirma que não perderá a classificação para a final da Copa Sul-Americana. Bom, o Corinthians precisará ter muito mais coragem e ousadia do que demonstrou nos dois últimos jogos em casa, e tudo isso parte do treinador. No último domingo, quem deu a coletiva depois da eliminação para o Flamengo foi seu filho, Emiliano, ao seu lado, sem abrir a boca.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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