Casagrande

Casagrande

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoEsporte

Política bolsonarista: tempos de violência

Esse seria o título de um filme típico de Quentin Tarantino ou Martin Scorsese. Uma trama que mistura corrupção, racismo, homofobia, machismo com terrorismo, bombas, planos de assassinato de um presidente da República eleito democraticamente, seu vice e um ministro do STF.

Essa é a herança deixada pelo jeito bolsonarista de ser. Quando o ataque ao Estado Democrático de Direito vira ação pública com apoio de militares traidores da pátria e golpistas. Tudo isso que está acontecendo no Brasil tem pegadas, digitais, rastros deixados por Jair Bolsonaro.

Desde as paralisações das estradas pelos caminhoneiros, que tiraram o direito de ir e vir das pessoas, passando pelos acampamentos nos portões dos quartéis, com a invasão e destruição dos prédios dos Três Poderes em 8/1/23, pela bomba colocada no caminhão para explodir no Aeroporto Internacional de Brasília, pelo homem de Santa Catarina que explodiu na frente do STF, até chegar ao plano de assassinato propriamente dito.

Bom, coloque no mesmo pacote falsificação do cartão de vacinas, roubo de joias do Estado e tentativas de vendê-las no mercado americano. Envolvimento de gente graúda do Exército Brasileiro, como os generais Braga Netto e Heleno, e do tenente-coronel Mauro Cid, fora os coadjuvantes, como os "patetas" que planejaram os assassinatos.

Uma ação digna de Moe, Larry e Curly — com todo respeito aos Três Patetas — que tentaram colocar em prática. Ironias à parte, é vergonhoso o que essa turma tentou fazer com o Brasil e o que Bolsonaro fez com seus próprios aliados do povo.

Gente que votou nele acreditando em todas as falácias que saíram de sua boca suja. Manipulou pessoas para cometer crimes por ele, e várias que antes eram trabalhadoras hoje estão na Papuda, com penas de 17 anos de prisão ou mais, por culpa dele.

Claro que não tiro a responsabilidade desses golpistas que foram a Brasília para invadir os Três Poderes, mas não acredito que teriam iniciativa própria se não fossem manipulados e facilitados pela ajuda financeira de diversos colaboradores, que também merecem estar na lista de golpistas indiciados.

Estamos atravessando o momento mais importante da nossa história política porque passamos por 21 anos de uma ditadura militar onde torturaram, mataram, sumiram com centenas de pessoas e ninguém pagou por isso. Nenhum general, nenhum torturador, nenhum assassino. Inclusive, um dos mais cruéis torturadores foi homenageado em plenário pelo próprio Jair Messias Bolsonaro.

Quem não se lembra da fala criminosa sobre o general Carlos Brilhante Ustra? Agora chegou a hora de mostrar para esse tipo de gente que o Brasil não aceita mais golpistas nem ditaduras sanguinárias.

Continua após a publicidade

E que a nossa democracia está forte, consistente, protegida, e que ninguém irá conseguir destruí-la, principalmente com jogo sujo, assassinatos e atentados terroristas como essa turma tentou.

Somos um país democrático, mas que sofreu um forte ataque por 8 anos seguidos, o que balançou as estruturas e muitas vezes parecia que nossa democracia iria sucumbir de verdade.

Mas não tenho dúvidas de que todas as pessoas democráticas se colocaram para lutar por ela, cada uma à sua maneira. Me incluo nessa turma, e, apesar de ter sido perseguido 24 horas por dia nas redes sociais por pessoas da extrema-direita que tentaram de tudo para me desqualificar como pessoa, não desisti e estive junto com todos os meus companheiros que defendem a democracia.

Vários companheiros conheço desde a época da ditadura, como, por exemplo, o jornalista Juca Kfouri, que também foi atacado sem parar, mas se manteve na linha de frente. Peguei o Juca para representar milhares de pessoas, públicas ou não, que também sofreram ataques e perseguição, mas nunca desistiram.

Escrevo esse texto emocionado porque não foi fácil suportar ofensas e ataques constantes e ainda ter que pagar o preço de muita gente virar as costas para não se comprometer. Tive diversas frustrações com pessoas que se diziam amigas, fãs, que, de uma hora para outra, evitavam até citar meu nome, como se eu não existisse.

Estou falando de pessoas que trabalharam comigo por anos, e isso foi um baque pesado. Mas agora me parece que o Brasil reagiu contra os golpistas e teremos um belo futuro pela frente.

Continua após a publicidade

SALVE A DEMOCRACIA

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes