Qual foi o melhor treinador brasileiro do ano de 2024?
Muito se discute sobre a queda nos últimos anos dos treinadores brasileiros, e há uma grande possibilidade de um treinador estrangeiro comandar a seleção brasileira, o que não vejo mal algum, apesar da enorme xenofobia que aparece nesses momentos por todos os lados.
Mas o tema do meu título não são os treinadores estrangeiros, e sim os brasileiros. A pergunta que faço no título é muito difícil de responder, porque, entre o 1º e o 8º colocado do campeonato, apenas três equipes são comandadas por brasileiros, e vou seguir essa ordem.
O Flamengo ficou em 3º lugar e foi treinado o ano todo por brasileiros, começando pelo Tite e terminando com o Filipe Luís. O Sr. Adenor Leonardo Bachi fez apenas um trabalho razoável no Rubro-negro, por não ter conseguido fazer o Flamengo jogar um futebol compatível com o nível de jogadores que tinha nas mãos e também porque seu estilo não tem nada a ver com a escola futebolística do clube. As entrevistas foram péssimas, carregadas de arrogância e prepotência, junto com uma boa pitada de falta de educação, com o péssimo hábito de apontar o dedo para as pessoas.
Já o trabalho de pouco tempo do Filipe Luís foi ótimo, porque o ambiente mudou para melhor. As coletivas são mais profissionais e respeitosas, mas o importante foi que ele fez o time jogar um futebol muito gostoso de se ver e, ao mesmo tempo, super competitivo. O ápice foi a final da Copa do Brasil contra o Atlético-MG, quando venceu as duas partidas (3 x 1 no Maracanã e 1 x 0 na Arena MRV).
O 5º colocado foi o Internacional, numa arrancada espetacular, depois de tudo que causou a tragédia no Rio Grande do Sul em todos os sentidos para o povo gaúcho, e não seria diferente no futebol. O lado psicológico ficou abalado, tanto que, enquanto o campeonato rolava (absurdamente), muitos jogadores estavam em uma força-tarefa para salvar pessoas das enchentes, como, por exemplo, o vencedor do prêmio Fair Play da FIFA, Thiago Maia. Tudo começou a andar para o Colorado quando saiu o limitado Eduardo Coudet e entrou o ótimo Roger Machado, que tinha uma tarefa dificílima pela frente. Além de ter que trabalhar o emocional do elenco, também fez com que o time tivesse uma evolução técnica e tática impressionante. Ele já estava fazendo um trabalho incrível no Juventude, onde foi vice-campeão gaúcho, eliminando o próprio Inter na semifinal, assim como na Copa do Brasil.
Passamos agora para Rogério Ceni, que foi um dos cinco treinadores do Campeonato Brasileiro que teve um trabalho com começo, meio e fim. Rogério venceu o Campeonato Baiano, mas seu time foi oscilante durante toda a temporada, tendo momentos em que parecia que não conseguiria reagir. Houve muita pressão da torcida e de boa parte da imprensa pela sua demissão. A cobrança no clube era intensa, mas parecia que, agora que o Bahia faz parte do grupo City, o importante está sendo o projeto, e o grupo confia e gosta do trabalho do Rogério.
Esses são os três treinadores brasileiros entre os oito primeiros colocados do campeonato que alcançaram vaga na pré e diretamente na fase de grupos da Libertadores.
Algumas considerações:
Filipe Luís teve um começo muito promissor em todos os sentidos do futebol. Tem uma cultura acima da média e gostos diferentes do tradicional no futebol. Suas coletivas, além de ricas em relação ao jogo, também são bastante educadas. No entanto, ele ainda não passou pela parte oposta, que é a cobrança, queda de rendimento do time e resultados negativos, e isso tudo faz parte da experiência que ele irá adquirir ao longo do tempo. A impressão inicial é super positiva e talvez tenha sido, junto com Estevão, uma das duas grandes revelações do ano para o futebol brasileiro.
Tivemos também o Thiago Carpini, que começou o ano de 2024 sendo campeão da Supercopa do Brasil com o São Paulo, nos pênaltis, em cima do rival Palmeiras. Depois, foi caindo aos poucos por diversos motivos. Faltou experiência em um time grande, com muita cobrança, como o tricolor, pois, apesar de ter realizado ótimos trabalhos anteriores, foram em clubes de menor expressão. Ele levou o Água Santa à final do Paulista em 2023 e o Juventude de volta à Série A no mesmo ano, mas a pressão em um clube como o São Paulo é muito diferente. Além de ter que lidar com jogadores rodados e alguns mimados, como o James Rodríguez, foi demitido e acabou pegando o Vitória em uma situação crítica no Campeonato Brasileiro, que já parecia condenado ao rebaixamento. De repente, com um ótimo trabalho, fez seu time dar uma arrancada espetacular para não só se salvar da Série B, mas também se classificar para a Copa Sul-Americana de 2025.
Estevão, o jogador revelação, com apenas 17 anos, já é o líder técnico do Palmeiras. Filipe Luís, a grata surpresa, é a grande revelação como treinador brasileiro, já no clube de maior torcida do Brasil e com apenas 39 anos.
Para mim, o melhor trabalho entre os técnicos brasileiros no campeonato foi o do Roger Machado, pelo conjunto da obra, entre tantas dificuldades emocionais e psicológicas que todas as pessoas do Sul passaram e ainda passam.
Para finalizar, só tivemos cinco treinadores que começaram e terminaram o campeonato no mesmo time, e três deles são brasileiros:
- Rogério Ceni (Bahia)
- Renato Gaúcho (Grêmio), que foi demitido após o término do campeonato
- Cláudio Tencati (Criciúma), que nã segue no clube.
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